Solenidade
S. José, esposo da Santíssima Virgem Maria, homem justo, da descendência de David, exerceu a missão de pai do Filho de Deus, Jesus Cristo, o qual quis ser chamado filho de José e lhe foi submisso como um filho a seu pai. A Igreja venera com especial honra e como seu patrono aquele que o Senhor constituiu chefe da sua família. O seu nome foi inserido no Cânone Romano pelo papa S. João XXIII e o papa Francisco estendeu-o às outras Orações eucarísticas.
LEITURA I 2Sm 7, 4-5a.12-14a.16
Naqueles dias, o Senhor falou a Natã, dizendo: «Vai dizer ao meu servo David: Assim fala o Senhor: Quando chegares ao termo dos teus dias e fores repousar com os teus pais, estabelecerei em teu lugar um descendente que nascerá de ti e consolidarei a tua realeza. Ele construirá um palácio ao meu nome e Eu consolidarei para sempre o seu trono real. Serei para ele um pai e Ele será para Mim um filho.
compreender a palavra
O texto do segundo livro de Samuel está tirado do contexto que refere o desejo que o rei David tem de construir uma casa para o Senhor. O rei edificou uma casa para si mesmo e instalou-se nela. Depois mandou chamar o profeta, Natã e manifestou-lhe o seu desejo, ao qual o profeta anuiu reconhecendo como boa essa intenção. No entanto, o Senhor, falou a Natã nessa noite e recusou a oferta do rei declarando “És tu que me vais construir uma casa?… o Senhor faz hoje saber que será Ele próprio quem edificará uma casa para ti… manterei depois de ti a descendência que nascerá de ti e consolidarei o teu reino”. Este é um texto claramente messiânico. O “descendente que nascerá de ti” é claramente Jesus, filho de Maria e de José. José descendente de David coloca Jesus na linhagem de David. Ele, o Messias, “será para mim um filho”. José a quem a Igreja celebra hoje, situa-se, deste modo, na história da salvação, na promessa de Deus, como um marco imprescindível que é necessário reconhecer.
meditar a palavra
As palavras do livro de Samuel que servem à reflexão de hoje, colocam diante de nós uma figura que está profundamente ligada a Jesus. José é o descendente de David que coloca Jesus como aquele em quem se cumpre a promessa de manter viva para sempre a casa de David. A casa que David queria construir para Deus era de madeira, a casa que Deus prometeu a David era a casa real. A casa de que fala este pequeno texto, que será construída para Deus pelo descendente de David, é o seu próprio corpo como Jesus dirá “Derrubai este templo e eu o reconstruirei em três dias… falava do seu corpo”. Para nós, hoje, este texto há de fazer referência à presença de Deus em cada casa, em cada família. Deus não desampara aquele que dá nome a uma casa, a uma família, o pai. Como José, que deu a Jesus, a estabilidade de uma casa e a capacidade de se compreender a si mesmo como lugar onde Deus habita, os pais, que têm hoje o seu dia, compreendem que Deus está na sua casa, assegura a sua descendência, mantém o seu lugar na família, garante o seu futuro e dá continuidade a esta família nos filhos, lugar onde Deus habita. José é o justo amado por Deus e, do mesmo modo, os pais, podem ser os justos a quem Deus ama.
rezar a palavra
Peço-te, hoje Senhor, por todos os pais. A sua missão imprescindível, está rodeada de muitas incertezas. Levantam-se grandes tempestades à missão que lhes confiaste e precisam da tua ajuda. Ampara cada pai, aproxima os pais dos filhos e os filhos dos pais. Que o amor não permita que nenhum pai seja abandonado, mesmo na velhice, e que o mesmo amor faça permanecer os pais junto dos filhos como garantes da tua presença ao longo de toda a vida.
compromisso
Hoje é dia de honrar o pai com gestos e com palavras.
LEITURA II Rm 4, 13.16-18.22
Irmãos: Não foi por meio da Lei, mas pela justiça da fé, que se fez a Abraão ou à sua descendência a promessa de que receberia o mundo como herança. Portanto a herança vem pela fé, para que seja dom gratuito de Deus e a promessa seja válida para toda a descendência, não só para a descendência segundo a Lei, mas também para a descendência segundo a fé de Abraão. Ele é o pai de todos nós, como está escrito: «Fiz de ti o pai de muitos povos». Ele é o nosso pai diante d’Aquele em quem acreditou, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência o que não existe. Esperando contra toda a esperança, Abraão acreditou, tornando-se pai de muitos povos, como lhe tinha sido dito: «Assim será a tua descendência». Por este motivo é que isto «lhe foi atribuído como justiça».
compreender a palavra
Paulo preocupa-se em mostrar que a lei não é garantia de salvação para ninguém. Não é pelo cumprimento da lei nem pela realização de ritos exteriores que se alcança a salvação. A salvação vem de Cristo, pela sua morte, pelo seu sangue derramado. É a fé em Cristo que nos traz a salvação. A fé é a garantia de todos os bens. Paulo apresenta, neste contexto, a fé de Abraão. Foi pela fé que ele se tornou o Pai de todos os povos. Pela fé recebeu a promessa, pela fé viu a realização dessa promessa e pela fé tornou-se modelo para toda a sua descendência.
meditar a palavra
Esta passagem da carta aos romanos exalta a fé de Abraão. Uma fé que surge a despropósito, de onde não há razão, do sem sentido, da desesperança. Abraão arranca a fé da luta com a esperança. “Esperando contra toda a esperança, acreditou”. Neste dia de S. José, esposo da Virgem Santa Maria, podemos reportar esta fé para este homem, silencioso, que viveu ao lado de Maria e de Jesus, acolhendo em seu coração o mistério de Deus que se revela contra toda a esperança. Na mesma fé em que Abraão se tornou pai de todos os povos, José tornou-se pai de Jesus. Na mesma luta calibrou a fé esperando contra toda a esperança. Do mesmo modo se pede hoje aos pais que sejam para seus filhos modelos de fé.
rezar a palavra
Senhor Jesus, tiveste a teu lado o silêncio como pai previdente e solícito que te ensinou o caminho do encontro com o mistério do Pai que está nos céus. José foi esse silêncio e esse pai que te abriu perspetivas de eternidade por entre as realidades passageiras deste mundo. Peço-te pelos pais para que sejam presença divina juntos dos filhos.
compromisso
Rezo pelo meu pai e por todos os pais.
Evangelho Mt 1, 16.18-21.24a
Jacob gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, chamado Cristo. O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Quando despertou do sono, José fez como lhe ordenara o Anjo do Senhor.
compreender a palavra
O texto de Mateus vem na continuação da genealogia que apresenta Jesus como um membro do seu povo, mas, simultaneamente, mostra-o como aquele que vem de Deus. Está connosco porque Deus assim o quis e o realizou pelo seu Espírito e não por qualquer ação dos homens. O Espírito, que tem já uma ação importante na criação, está presente na vida de Jesus desde o início, dando início a uma nova criação. Pode ver-se, ainda, como a intervenção de Deus na história dos homens afeta a humanidade em geral, mas afeta algumas pessoas em particular. O nascimento de uma criança, filho de uma mãe solteira, vai interferir com a norma estabelecida entre os homens, mas interfere particularmente na vida de Maria e de José. Maria vê alterada a sua atitude diante de Deus e diante dos homens e José vê posta em causa toda a sua arquitetura existencial. Deus, porém, não abandona o homem à sua sorte, revela-se, mostrando os seus desígnios de salvação e revelando de que modo cada um pode colaborar com Ele na salvação do mundo.
meditar a palavra
A história de Deus com os homens é uma história de salvação, que começa na criação e não termina nunca. Em Cristo, com o seu nascimento, muda radicalmente a forma de o homem se relacionar com Deus e mudam os critérios pelos quais os homens são chamados a ler a realidade. Em José podemos ver como, mesmo que seja difícil, é possível mudar a nossa análise, para ver como Deus vê e de que modo Ele se serve das pessoas concretas para se tornar presente e realizar a salvação dos homens. Cada um de nós é chamado a ser José, no silêncio do seu coração, onde podem ser acolhidos todos os que à primeira vista parecem estar fora da lei dos homens e da lei de Deus. Amados, todos os homens podem tornar-se lugar de esperança e de vida como Maria.
rezar a palavra
Senhor Jesus, Deus connosco, que em Maria te fizeste próximo de cada homem e em José nos mostras o silêncio como lugar onde cada um se pode encontrar com o teu plano de salvação, dá-nos a coragem de acolher as circunstâncias da vida para as transformar em sinais de Deus para o mundo. Faz-nos compreender o mistério da tua ação nas entrelinhas da nossa vida e transforma em nós os critérios de observação da realidade para podermos ver e amar como tu vês e amas.
compromisso
Quero olhar os acontecimentos e as pessoas com os olhos de Deus salvador.