A Ascensão de Jesus não é uma fuga da humanidade depois “de um passeio turístico pela condição humana”. Nem o passeio foi turístico, antes pelo contrário, nem Jesus nos abandona à nossa condição. Se confessamos a fé, dizendo que Jesus subiu ao Céu, é o mesmo que dizer que, antes, ele baixou às misérias humanas para depois ultrapassar todas as debilidades potenciando a humanidade até à glorificação com Deus. Primeiro, Ele redimiu-nos, salvou-nos. E só depois disto é que nos deixa a possibilidade de orientar a nossa vida com a sua grandeza e as suas limitações.

1.    Sobe aquele que desceu

– Jesus volta para o Pai, eleva-se ao mais alto da glória, retoma o seu lugar no Céu depois de ter percorrido os caminhos dos homens… Por ter dado a sua vida como a deu é que se pode elevar ao mais alto da glória…
– Ele “esvaziou-se a si mesmo tomando a condição de servo,… tornando-se semelhante aos homens rebaixou-se a si mesmo… e por isso é que Deus o elevou acima de tudo” (Fl 2,7-9)…
– Aquele que hoje contemplamos à direita do Pai, acima de todos os poderes, é o mesmo de quem ouvimos dizer em Sexta-Feira Santa: “O meu servo terá êxito, será muito engrandecido e exaltado… Vimo-lo sem aspecto atraente, desprezado e abandonado, cheio de dores no sofrimento, menosprezado e desconsiderado,,, Carregou as nossas dores, foi humilhado, ferido, esmagado… Carregou os nossos crimes… Como um cordeiro foi levado ao matadouro… foi-lhe dada sepultura entre os ímpios, sofreu pelos culpados…” Por ter sido humilhado é que foi exaltado…
– A Ascensão de Jesus dá suporte à esperança a que todos somos chamados: a nossa sede de eternidade confirma-se na exaltação de Jesus…
– Como diz o Evangelho de S. Mateus, quando os discípulos viram Jesus no monte da Galileia, sentiram um misto de admiração pela glória de Jesus e também de dúvida. É a expressão da nossa condição humana repartida entre a experiência de Deus, que é de exaltação e glória, e a condição ainda frágil da humanidade…

2.    Levantado com dignidade

– Quer isto dizer que, os discípulos de Jesus, quanto mais se humilham mais são levantados (o dito popular diz que “quanto mais se sobe, maior é o tombo”…) Os seguidores de Jesus, se sobem, devem fazê-lo com dignidade, assumindo a fragilidade humana, não a qualquer preço como sugere esta expressão…
– Para nós, tudo o que se passou com Jesus é um modelo de vida: também a Ascensão porque Jesus afirmou e repetiu várias vezes: “onde eu estiver, aí estará também o meu servo…” Se Jesus agora está na glória, participaremos dessa glória…

3.    A alegria da fé

– A Ascensão de Jesus é um motivo de alegria: alegria que tem o seu fundamento na fé, no sentir que a nossa vocação é para o alto, para o Céu…
– Contrariamente ao que muitas vezes se pretende comunicar, e que os nossos comportamentos, por vezes, também dão a entender, a vocação cristã é de glorificação… A nossa vida está em Deus… Devemos procurar as coisas do alto… a nossa vocação é para a eternidade com Deus…
– O mandato missionário do final do Evangelho de S. Mateus é uma proposta de acção e de alegria no anúncio do Evangelho (tema querido ao Papa Francisco) … E a garantia que Jesus dá tem esse alcance de eternidade: Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos…