Santos Carlos Lwanga e companheiros, mártires
Memória
Entre os anos 1885 e 1887, foram condenados à morte muitos cristãos no Uganda, por ordem do rei Mwanda, em ódio da religião. Alguns deles eram funcionários da corte real ou até adjuntos do próprio rei. Entre eles distinguem-se Carlos Lwanga e seus companheiros, com idades entre os catorze e os trinta anos. Uns foram decapitados e outros queimados vivos no monte Namugongo, no Uganda, pela sua inquebrantável adesão à fé católica. Carlos e os vinte e um companheiros são os primeiros mártires da África negra.

Leitura I At 20, 17-27

Naqueles dias,
estando Paulo em Mileto,
mandou a Éfeso chamar os anciãos da Igreja.
Quando chegaram junto dele, disse-lhes:
«Sabeis como me comportei sempre convosco,
desde o primeiro dia em que pus os pés na Ásia.
Servi o Senhor com toda a humildade,
com lágrimas e no meio de provações
que me vieram das ciladas dos judeus.
Em nada que vos pudesse ser útil
me furtei a pregar-vos e a instruir-vos,
publicamente e de casa em casa.
Exortei judeus e gregos a converterem-se a Deus
e a acreditarem em Jesus, nosso Senhor.
Agora vou para Jerusalém, prisioneiro do Espírito,
sem saber o que lá me espera.
Só sei que o Espírito Santo me avisa, de cidade em cidade,
que me aguardam cadeias e tribulações.
Mas por título nenhum eu dou valor à vida,
contanto que leve a bom termo a minha carreira
e a missão que recebi do Senhor Jesus:
dar testemunho do Evangelho da graça de Deus.
Agora, eu sei que não tornareis a ver o meu rosto,
vós todos entre os quais passei anunciando o Reino.
Por isso posso garantir-vos, hoje,
que não me sinto responsável pela perda de nenhum de vós,
pois não me furtei a anunciar-vos
todo o desígnio de Deus a vosso respeito».

compreender a palavra
Paulo está convencido que, indo a Jerusalém, já não voltará livre para poder continuar a sua missão e visitar de novo as comunidades fundadas por ele. Por isso, manda chamar os anciãos de Éfeso para lhes dirigir palavra de despedida. Nessas palavras, recorda a sua dedicação ao Senhor e aos homens, no anúncio do evangelho, sem se esquivar ao trabalho e no meio de provações. A humildade no serviço e o desinteresse face à recompensa caracterizaram o seu ministério. A única motivação foi a conversão daqueles a quem anunciou o evangelho. Cumprida a missão, cabe a cada um dar contas do que recebeu. Paulo cumpriu a sua parte e só quer “dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.

meditar a palavra
O que conhecemos de Paulo revela um homem convertido a Jesus e incansável no anúncio do evangelho, usando nesta missão todas as forças e dando gratuitamente a vida, continuamente posta em perigo no meio de perseguições e adversidades. Paulo descobriu em Jesus o maior tesouro que o homem pode encontrar, diante do qual tudo é lixo, mesmo a própria vida perde importância. Tal como Paulo nós também nunca tivemos a oportunidade de ver Jesus fisicamente. Mas o encontro dele com Jesus na estrada de Damasco foi um momento de viragem que o marcou de tal modo que nunca mais voltou atrás. Supõe-se que o batismo foi para nós esse encontro com Cristo, mas, não tendo sido, em qualquer momento da nossa vida pode dar-se esse encontro que nos prostra diante de Jesus e nos coloca ao serviço do evangelho como apóstolos dedicados. Esse momento pode dar-se hoje ao meditar esta palavra.

rezar a palavra
Senhor, Jesus, na minha estrada, paro para olhar o horizonte na esperança de te encontrar na luz que cegou Paulo, no desejo de te ver na escuridão do meu caminho e de acolher a luz do teu olhar. Paro, hoje, na escuta interior de quem quer ouvir as palavras simples que disseste a Paulo “Eu sou Jesus” para poder dizer como Paulo “por título nenhum eu dou valor à vida, contanto que leve a bom termo a minha carreira e a missão que recebi do Senhor Jesus.

compromisso
Hoje é dia de encontro: Acolho o testemunho de Paulo e parto ao encontro de Jesus.


Evangelho Jo 17, 1-11a

Naquele tempo,
Jesus ergueu os olhos ao céu e disse:
«Pai, chegou a hora.
Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho Te glorifique
e, pelo poder que Lhe deste sobre toda a criatura,
Ele dê a vida eterna a todos os que Lhe confiaste.
É esta a vida eterna:
que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro,
e Aquele que enviaste, Jesus Cristo.
Eu glorifiquei-Te sobre a terra,
consumando a obra que Me encarregaste de realizar.
E agora, Pai, glorifica-Me junto de Ti mesmo
com aquela glória que tinha em Ti, antes que houvesse mundo.
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste.
Eram teus e Tu mos deste
e eles guardam a tua palavra.
Agora sabem que tudo quanto Me deste vem de Ti,
porque lhes comuniquei as palavras que Me confiaste
e eles receberam-nas:
reconheceram verdadeiramente que saí de Ti
e acreditaram que Me enviaste.
É por eles que Eu rogo; não pelo mundo,
mas por aqueles que Me deste, porque são teus.
Tudo o que é meu é teu e tudo o que é teu é meu;
e neles sou glorificado.
Eu já não estou no mundo,
mas eles estão no mundo, enquanto Eu vou para Ti».

compreender a palavra
O capítulo 17 de João abre com uma atitude nova de Jesus. Os dias da paixão aproximam-se e Jesus sabe que não pode contar com os seus discípulos. Eles não chegaram a compreender a palavra que lhes comunicou, nem entenderam o seu caminho. Permaneceram na mentalidade humana e terrena em que sempre estiveram e não vão ser capazes de permanecer junto de Jesus acolhendo a sua proposta. Jesus sente-se só. Volta-se, então, para o Pai. Só o Pai o pode glorificar, porque só o Pai conhece o projeto de salvação e o entende, porque foi o Pai que o encarregou de o executar. Quanto aos discípulos, resta-lhe pedir por eles, para que a Palavra que neles depositou, realize o que falta para que creiam realmente e vivam no mundo mesmo não sendo do mundo.

meditar a palavra
Jesus coloca diante de mim o drama da solidão de quem enfrenta o sofrimento. Há muitas pessoas que não têm ninguém que esteja perto delas no meio do sofrimento. Mas há também pessoas que, estando rodeadas de gente, não têm quem entenda o que se está a passar nos seus corações. Jesus está a viver este momento de solidão. Os discípulos não o entendem. Às vezes sinto necessidade de que alguém me entenda mesmo que não possa fazer nada. Às vezes tenho que olhar o outro com um coração que o entende, para além de todas as razões, mesmo que não possa solucionar o seu sofrimento.

rezar a palavra
Chegou a hora. A tua hora Jesus, a minha hora, a hora de todos os que estão sós no sofrimento. Em ti se revê cada homem, cada sofredor, cada solidão. Em ti me encontro com todos os que sofrem e em cada homem que sofre posso encontrar-me contigo. Também em mim, no meu sofrimento, me posso encontrar contigo. Dá-me, Senhor, um coração capaz de entender, em ti, o sofrimento de todos os homens.

compromisso
Hoje vou dar a mão a alguém que sofre no corpo ou no espírito.