Leitura I (anos ímpares) Sir 44, 1.9-13

Celebremos os louvores dos homens ilustres, dos nossos antepassados através das gerações. Alguns houve que não deixaram lembrança, desapareceram como se não tivessem existido, passaram como se não tivessem nascido, tanto eles como os seus filhos. Mas outros foram homens virtuosos e as suas boas obras não foram esquecidas. Na sua descendência permanece a excelente herança que deles nasceu. Os seus filhos são fiéis à aliança e, graças a eles, também os filhos dos seus filhos. A sua descendência permanece para sempre e jamais se apagará a sua glória.

compreender a palavra
Os homens ilustres, os que deixam memória eterna não são os que dão o nome a muitas terras, mas os que deixam gravado nos filhos e nos filhos dos seus filhos o nome de Deus. Bem-Sirá faz o elogio daqueles que se tornaram grandes pela fidelidade a Deus, uma fidelidade que atravessa as gerações por estar consolidada no coração. Mas há homens que não vale a pena recordar, porque as suas vidas se apagaram no nada e o simples recordá-los já é mau. Algumas vidas foram um rasto de perdição que atingiu e fez desaparecer a sua descendência. Mas os ilustres, esses, permanecem eternamente e “jamais se apagará a sua glória”.

meditar a palavra
Esta palavra atinge profundamente a raiz da nossa vida. Somos questionados sobre a nossa fidelidade ao Senhor, sobre a fé e o modo como essa fé é vivida e transmitida de geração em geração a começar pelos nossos filhos. Sente-se a forte ausência da comunicação da fé nas famílias e a despreocupação sobre essa urgência. Nasce-se e cresce-se sem se ouvir falar do nome de Deus, sem reconhecer as maravilhas que Deus faz em nós. Vive-se uma ausência de Deus, uma indiferença quase absoluta. Bem-Sirá elogia os homens ilustres e nós, a quem elogiamos por nos ter transmitido a fé?

rezar a palavra
Senhor Jesus, a experiência da fé chegou a mim através de homens e mulheres simples mas fiéis. A sabedoria que transportavam nos seus corações era a sabedoria da fé. Mesmo simples não deixaram de transmitir a verdade que viviam de joelhos diante de ti e que guardavam nos seus corações. Gostava de ter a mesma coragem, a mesma força e determinação para comunicar transmitindo às novas gerações a certeza da fé que move montanhas.

compromisso
Não vou passar o dia sem comunicar, transmitindo, a fé que recebi.

Evangelho Mc 11, 11-26

Naquele tempo, Jesus, depois de ser aclamado pela multidão, entrou em Jerusalém e foi ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze. No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome. Viu então de longe uma figueira com folhas e foi ver se encontraria nela algum fruto. Mas, ao chegar junto dela, nada encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. Então, dirigindo-Se à figueira, disse: «Nunca mais alguém coma do teu fruto». E os discípulos escutavam. Chegaram a Jerusalém. Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam: derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas e não deixava ninguém levar nada através do templo. E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? E vós fizestes dela um covil de ladrões». Os príncipes dos sacerdotes e os escribas souberam disto e procuravam maneira de o fazer morrer. Mas temiam Jesus, porque toda a multidão andava entusiasmada com a sua doutrina. Ao cair da noite, Jesus e os discípulos saíram da cidade. Na manhã seguinte, ao passarem perto da figueira, os discípulos viram-na seca até às raízes. Pedro recordou-se do que tinha acontecido na véspera e disse a Jesus: «Olha, Mestre. A figueira que amaldiçoaste secou». Jesus respondeu: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo: Se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te no mar’, e não hesitar em seu coração, mas acreditar que se vai cumprir o que diz, assim acontecerá. Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes e assim sucederá. E quando estiverdes a orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai que está nos Céus vos perdoe também as vossas faltas».

compreender a palavra
A passagem de Marcos tem muitos ensinamentos. Merece que nos detenhamos tranquilamente a meditar cada palavra. Vejamos alguns aspetos. Jesus está em Jerusalém em vésperas de ser preso. “Observa tudo à sua volta” e regressa no dia seguinte para ensinar com gestos e palavras, que a casa de Deus é casa de oração. Diante do templo Jesus percebe a realidade de um povo que perdeu Deus do seu horizonte, já não dá fruto, vive sem futuro, sem esperança e sem fé. Este é outro ensinamento de Jesus. No final resume tudo para os discípulos: se tiverdes fé a vossa oração será certeza e tudo o que pedirdes se realizará. Mas o coração daquele que pede deve estar limpo pelo perdão.

meditar a palavra
Sinto que Jesus me diz que, se eu perder Deus do meu horizonte posso tornar-me num lugar devassado onde tudo o que não presta entra e sai sem qualquer controle. Viverei sem esperança e andarei como quem não tem futuro, como uma figueira que não dá fruto, numa vida que não serve para nada. Deus é uma autoridade que não se impõe, mas que, no amor, se propõe ao homem, se oferece como poder libertador, como perdão que arruma a casa e põe em ordem todos os desejos, opções e atitudes desordenadas que arrasam a vida e destroem a esperança hipotecando o futuro. Abrir o coração à fé, ainda que seja apenas uma hipótese na minha vida, fará com que os meus desejos se tornem oração, a oração se torne vida e a vida lugar de perdão.

rezar a palavra
Senhor, não quero ser figueira estéril, inútil, enganadora. Não quero ser templo devassado onde toda a espécie de maldade tem lugar. Não quero fechar-me à esperança nem viver apenas para os meus negócios. Derruba as bancas da minha insensibilidade, abre as portas da minha frieza e levanta em mim o estandarte da esperança que me faz desejar o teu perdão e a tua misericórdia.

compromisso
Quero renovar-me no amor da vida que se dá.