São Justino, mártir
Memória
Justino nasceu no início do século II, em Siquém – hoje, Nablus –, na Samaria, de família pagã. Leigo, apaixonado investigador da verdade, encontrou na fé de Cristo a verdadeira sabedoria. Escreveu diversas obras em defesa da fé cristã, mas apenas se conservam as duas Apologias e o Diálogo com Trifão. Na primeira Apologia lê-se a mais antiga descrição da celebração eucarística. Sofreu o martírio em Roma, juntamente com seus companheiros, no tempo do imperador Marco Aurélio Antonino, por volta do ano 165.
Leitura I (anos ímpares) Sir 42, 15-26
Vou recordar as obras do Senhor e narrar tudo o que vi. Pela palavra do Senhor existem as suas obras, todas cumprem o desígnio da sua vontade. O sol contempla todas as coisas que ilumina e a obra do Senhor está cheia da sua glória. Não é possível aos santos do Senhor descrever todas as suas maravilhas. O Senhor todo-poderoso consolidou o universo, para que se manifeste na sua glória. Ele sonda o abismo e o coração e penetra nos seus mais íntimos segredos. Porque o Altíssimo possui toda a ciência e vê claro nos sinais dos tempos. Ele anuncia o passado e o futuro e revela os mistérios escondidos. Nenhum pensamento Lhe passa despercebido e nem uma só palavra se Lhe pode esconder. Dispôs harmoniosamente as maravilhas da sua sabedoria, porque só Ele existe desde sempre e para sempre. Nada Lhe pode ser acrescentado nem tirado, nem precisa de nenhum conselheiro. Como são belas todas as suas obras, apesar de não entrevermos senão uma centelha! Todas vivem e permanecem para a eternidade e em todas as circunstâncias Lhe obedecem. Todas as coisas seguem duas a duas, lado a lado; porque Ele nada fez incompleto. Cada uma contribui para o bem da outra. Quem se cansará de contemplar a sua glória?
compreender a palavra
Bem-Sira Apresenta-nos uma belíssima reflexão sobre a criação e a relação de Deus com as coisas que ele próprio criou. Não se trata apenas de uma descrição, mas, como o autor diz, de um olhar sobre as coisas criadas e uma visão da presença e ação de Deus em todas as coisas. O sol, a lua e as estrelas qualquer um pode ver. A presença de Deus na criação exige um olhar diferente e um maravilhamento interior. Tudo sai da boca de Deus porque existe pela sua palavra e nada escapa à sua presença “Nenhum pensamento Lhe passa despercebido e nem uma só palavra se Lhe pode esconder”. Todas as coisas têm uma finalidade, tudo é harmonioso e perfeito e em tudo está a marca da eternidade. As obras da criação estão ao serviço umas das outras e completam-se mutuamente. “Como são belas todas as suas obras”.
meditar a palavra
Aprender a olhar com olhar penetrante as obras da criação. Perceber as maravilhas criadas por Deus e contemplar a sua glória nas criaturas que saíram da palavra pronunciada pela sua boca. Reconhecer a presença permanente de Deus nas suas obras. Este é um exercício do homem que procura Deus. Perceber-se no coração da criação e maravilhar-se com a harmonia das coisas, conhecer o mistério que se esconde nas obras criadas e estabelecer com elas uma relação de serviço, contribuindo para a realização da sua finalidade. Esta é a atitude dos santos. Mesmo não podendo descrever todas as maravilhas, o santo, estabelece uma relação de absoluto respeito com a criação porque tudo é obra de Deus, tudo é perfeito, fruto do amor e obedece a uma finalidade que pretende o bem de todas as criaturas e a glória do criador.
rezar a palavra
A tua palavra, Senhor, criou os céus e a terra e a mesma palavra deu vida ao meu coração. Colocaste-me no centro do universo e ofereces-me a possibilidade de te reconhecer presente em todas as coisas. Em tudo posso ver a tua glória e no respeito para tua presença posso tornar cada dia mais bela a obra das tuas mãos. Não permitas que destrua o que tu criaste com tanto amor.
compromisso
Hoje vou contemplar os céus obra das mãos de Deus e vou comprometer-me no respeito pela natureza.
Evangelho Mc 10, 46-52
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
compreender a palavra
Jesus vai acompanhado dos discípulos e de grande multidão. Vão a sair da cidade. À margem da cidade e à beira do caminho está um cego. É um homem com nome e com família. Apesar de ser cego não é um abandonado. “Ao ouvir”: era cego, mas não era surdo. A palavra que ouviu despertou nele uma atitude e começou a chamar por Jesus. A palavra despertou nele o conhecimento de Jesus como filho de David. Consegue fazer-se ouvir por Jesus porque grita várias vezes, diríamos, incansavelmente, mesmo contra a vontade de todos. Jesus reconhece que o homem cego vê o que outros não conseguem ver, mas queria, na fé, ver ainda mais. E concede-lhe essa possibilidade.
meditar a palavra
Sei que não é o melhor para mim nem a atitude que mais me realiza como homem, mas, muitas vezes, por diversas razões, prefiro ficar na minha vida e acomodado à beira da estrada. Outros preferem caminhar e descobrem coisas novas. Eu nem sempre tenho essa coragem e essa vontade e quando dou conta já não consigo ver nem Jesus nem o seu caminho. É a sua Palavra que desperta os meus ouvidos para o reconhecer e reconhecer a minha situação miserável. Sem a palavra não consigo entender a minha verdadeira situação e acabo mergulhado no pó da estrada levantado pela multidão que por ali passa. Ao nome de Jesus, os meus ouvidos reagem e renasce em mim a vontade de estar com Ele e de o reconhecer como aquele que abre os meus olhos para poder seguir pelo seu caminho.
rezar a palavra
Jesus, Filho de David, tem piedade de mim. Esta é a minha oração de hoje. Também eu, Senhor, sou um cego que escuta o teu nome e quer ver-te. Também eu, Senhor, estou fora da cidade e à beira do caminho. Também eu, Senhor, estou parado e incapaz de te seguir. “Senhor, que eu veja” o teu caminho e te siga estrada fora.
compromisso
Hoje vou responder a esta questão: Que me impede de seguir Jesus?