Nota histórica

Os Santos Inocentes são os meninos que foram mortos em Belém de Judá pelo ímpio rei Herodes, para que perecesse com eles o Menino Jesus que os Magos tinham adorado. Desde os primeiros séculos da Igreja, foram honrados como mártires e primícias de todos os que derramariam o sangue por Deus e o Cordeiro. Eles ensinam-nos que o martírio é dom gratuito do Senhor e recordam-nos a eminente dignidade das crianças na Igreja.

1 João 1, 1-5 – 2, 2

Caríssimos: Esta é a mensagem que ouvimos de Jesus Cristo e vos anunciamos: Deus é luz e n’Ele não há trevas. Se dissermos que estamos em comunhão com Ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas se caminharmos na luz, como Ele vive na luz, estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, purifica-nos de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo, para nos perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a maldade. Se dissermos que não pecamos, fazemos d’Ele um mentiroso e a sua palavra não está em nós. Meus filhos, escrevo-vos isto, para que não pequeis. Mas se alguém pecar, nós temos Jesus Cristo, o Justo, como advogado junto do Pai. Ele é a vítima de propiciação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro. 

Compreender a Palavra
No dia em que celebramos a matança dos inocentes por parte de Herodes que quer matar Jesus, João, na primeira carta mostra-nos a realidade do mundo dentro de nós. Assim como vemos no mundo a luz e as trevas, a maldade e a justiça, o ódio e o amor, o pecado e a graça, também dentro de nós se manifesta a mesma divisão. Por isso João começa por apresentar Deus como luz, verdade, fidelidade, comunhão e graça. Aquele que diante de Deus se reconhece pecador, passa das trevas para a luz, entra em comunhão com Deus e com os outros porque é purificado no sangue de Jesus Cristo. Aquele que, pelo contrário, não reconhece os seus pecados permanece nas trevas, não vive em comunhão e acusa de mentiroso a Deus que nos promete a salvação pela morte de Cristo. Em todo o caso, Cristo permanece como nosso advogado se cairmos no pecado.

Meditar a Palavra
A palavra de João é um convite a aproximar-nos de Cristo, luz de Deus para o mundo, fidelidade de Deus no amor e advogado dos pecadores. Só permanece nas trevas e fora da comunhão com Deus e com os irmãos quem quer, porque desde Cristo, o perdão está ao alcance de todos os homens que acolherem o mistério do seu sangue derramado.

Rezar a Palavra
Que o teu sangue caia sobre nós, Senhor Jesus, e abra para nós a comunhão com Deus e com os irmãos pela purificação dos nossos pecados. 

Compromisso
Reconhecer-se pecador é vencer as trevas que querem invadir o nosso interior para ofuscar a luz de Deus.

Evangelho: Mt 2, 13-18

Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma contigo o Menino e sua Mãe e foge para o Egipto; fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para O matar». José levantou-se de noite, tomou consigo o Menino e sua Mãe e partiu para o Egipto e ficou lá até à morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor anunciara pelo profeta: «Do Egipto chamei o meu filho». Quando Herodes percebeu que fora iludido pelos Magos, encheu-se de grande furor e mandou matar em Belém e no seu território todos os meninos de dois anos ou menos, conforme o tempo que os Magos lhe tinham indicado. Cumpriu-se então o que o profeta Jeremias anunciara, ao dizer: «Ouviu-se uma voz em Ramá, lamentos e gemidos sem fim: Raquel chora seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem».

Compreender a Palavra
Celebramos a festa dos Santos inocentes. Trata-se, como nos narra o evangelho, das crianças inocentes que derramaram o seu sangue, silenciosamente, às mãos de Herodes, enfurecido por causa do nascimento de Jesus. 

Meditar a Palavra
No sangue das crianças inocentes que derramaram o sangue em nome de Jesus, vemos o sangue de muitos homens e mulheres inocentes, que ao longo da história da Igreja e hoje mesmo, dão a vida por Jesus. Queremos ver também a vida de muitos, que no silêncio de cada dia, dedicados aos irmãos mais pobres, mais pequenos, mais abandonados e que mais sofrem dão cada minuto das suas vidas por amor a Cristo nos irmãos. Queremos ver, ainda, a vida de muitos homens e mulheres que, no trabalho de cada dia, oferecem a Jesus a sua dedicação pelo bem-estar da família, pelo desenvolvimento humano, pela libertação dos oprimidos ou pela descoberta de soluções para os problemas dos homens. Queremos também ver a nossa dedicação sincera aos nossos deveres para com a sociedade, a Igreja e os irmãos.

Rezar a Palavra
Senhor, a nossa entrega de cada dia, no trabalho, no amor ao próximo, no anúncio do evangelho e em tantas e tantas missões que nos confias, é manifestação do amor com que queremos reconhecer e agradecer o mistério da tua encarnação e a salvação que nos ofereces no mistério da tua cruz redentora. Dá-nos a coragem de dar a vida por ti, nas pequenas e grandes realidades das nossas vidas.

Compromisso
Hoje, uma vez mais, vou oferecer o meu trabalho, as minhas alegrias e tristezas, o meu sofrimento e as incompreensões dos irmãos.