Nota histórica

João, Apóstolo e Evangelista, filho de Zebedeu, juntamente com seu irmão Tiago e com Pedro, foi testemunha da transfiguração e da paixão do Senhor. Junto à cruz, recebeu Maria como mãe. No seu Evangelho e em outros escritos mostra-se como teólogo, que, tendo contemplado a glória do Verbo encarnado, anunciou o que viu com os próprios olhos. É ele que nos dá a mais alta definição da divindade: «Deus é amor» (1Jo 4,8).

1ª Leitura: 1 Jo 1, 1-4 

Caríssimos: O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos, o que tocámos com as nossas mãos acerca do Verbo da Vida, é o que nós vos anunciamos. Porque a Vida manifestou-Se e nós vimos e damos testemunho dela. Nós vos anunciamos a Vida eterna, que estava junto do Pai e nos foi manifestada. Nós vos anunciamos o que vimos e ouvimos, para que estejais também em comunhão connosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo. E vos escrevemos tudo isto, para que a vossa alegria seja completa. 

Compreender a Palavra 
João escreve na sua primeira carta este pequeno conjunto de expressões que mostram a sua própria experiência de fé em Jesus. Aquilo que ele viu e contemplou com os seus próprios olhos e tocou com as suas mãos, não pode calar. O mistério que ele guarda no seu coração é incontrolável anúncio que ele tem que revelar a todos para que todos possam experimentar a mesma comunhão com “o Pai e com o seu Filho, Jesus Cristo” e encontrem a alegria.

Meditar a Palavra 
No silêncio dos nossos corações, graças ao testemunho dos apóstolos, trazemos como tesouro o mistério de um Deus que se faz vida connosco, em Jesus Cristo. Este tesouro é a certeza do amor de Deus que se manifesta como comunhão íntima e profunda com aqueles que nele creem. Como João, chamados a ver e a tocar o mistério de Deus em Jesus Cristo, também nós não podemos calar diante dos homens a novidade que trazemos em nós porque desejamos que todos entrem nesta comunhão de alegria divina.

Rezar a Palavra
Senhor Jesus, companheiro de João no caminho da fé anunciada a todos com amor, nós te pedimos que renoves em nós o dom da fé que faz ver e tocar o mistério do teu amor, para te anunciarmos a todos como o dom do Pai que gera comunhão em nossos corações.

Compromisso
Quero acolher o mistério no silêncio do meu coração.

Evangelho: Jo 20, 2-8

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predilecto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou.
 
Compreender a Palavra
Celebramos hoje o Apóstolo João que nos deixou o Evangelho e o Apocalipse. O Discípulo que Jesus amava, aquele que na ressurreição entrou no sepulcro depois de Pedro “viu e acreditou”. O relato de hoje conta-nos este momento em que os dois discípulos vão ao sepulcro depois de Madalena lhes ter contado que o corpo de Jesus não estava lá. É um momento de grande aflição e embaraço. Não é fácil raciocinar naqueles momentos. Madalena diz: “levaram”. Não se coloca outra hipótese. A ressurreição, que esteve tantas vezes nas conversas de Jesus, não é uma evidência. Não era fácil começar por essa hipótese. João, aquele que Jesus amava, o que agia com o coração, esse viu e acreditou.

Meditar a Palavra
É fácil deixarmo-nos levar pelo raciocínio das provas físicas e científicas. É uma atitude muito em voga há uns anos para cá. O que se vê, o que se pode provar cientificamente, o que pode comprovar-se na realidade sensível, isso é verdade, isso existe. O que não se pode provar não existe e não é verdade. Teoricamente é assim, mas na realidade não nos contentamos com o que as provas dizem. Ninguém consegue provar o amor, ninguém consegue provar que é possível ser feliz, ninguém consegue provar a maior parte dos desejos que trazemos no coração. Todos queremos viver para sempre e, no entanto, como nos é difícil acreditar na ressurreição de Cristo. João leu com o coração os sinais de vitória de Cristo sobre a morte e nunca mais falou dele como se estivesse morto. João viu e acreditou e comportou-se a partir daí como quem sabe que Jesus está vivo no meio dos seus.

Rezar a Palavra
A vida esconde tantas verdades aos nossos olhos, Senhor. Acalentamos tantas verdades no nosso coração que desejamos ver concretizar-se, mas assaltam-nos tantas dúvidas, tantas incertezas. Ensina-nos, Senhor a confiar na palavra que nos deixaste e no testemunho daqueles que contigo viveram e te reconheceram vivo depois da tua morte redentora.

Compromisso
Vou fazer o esforço do coração para reconhecer a presença viva de Jesus na minha vida.