Apresentação da Virgem Santa Maria
Memória

No dia seguinte à Dedicação da Basílica de Santa Maria a Nova, no ano 543, construída junto ao muro do antigo templo de Jerusalém, celebra-se a dedicação – Apresentação da Virgem Santa Maria – que a Mãe de Deus fez de si mesma, desde a infância, movida pelo Espírito Santo, que a encheu de graça na sua Imaculada Conceição. Esta memória está relacionada com uma piedosa tradição atestada pelo evangelho apócrifo de Tiago. Remonta ao século VI no Oriente e ao século XIV no Ocidente.

LEITURA I Zc 2, 14-17
Exulta e alegra-te, filha de Sião, porque Eu venho habitar no meio de ti – oráculo do Senhor. Nesse dia, muitas nações hão de aderir ao Senhor; elas serão o meu povo e Eu habitarei no meio de ti. Então reconhecerás que o Senhor do Universo me enviou a ti. O Senhor voltará a possuir Judá, como sua herança na terra santa, e Jerusalém será de novo a cidade escolhida. Cale-se toda a criatura diante do Senhor, porque Ele Se levantou da sua santa morada.

compreender a palavra
Zacarias profetiza em tempos de reconstrução do templo de Jerusalém, no pós-exílio de Babilónia. O povo que regressa à sua terra vive a tristeza de ver tudo desmoronado e a experiência de reconstruir tudo de novo, para habitar a terra que o Senhor prometeu como herança aos seus antepassados. Neste contexto surgem as palavras de alento do profeta convidando à alegria. A razão é a chegado do Senhor que vem habitar no meio do seu povo. Nesse dia todos reconhecerão o Senhor e este restabelecerá a sua cidade como lugar da sua presença.

meditar a palavra
Quantas vezes experimentamos a nossa vida como uma cidade desmoronada onde não ficou pedra sobre pedra. Reconstruir é sempre um trabalho difícil porque se vive a mistura de sentimentos. Por um lado, a nostalgia do que se viveu anteriormente e por outro, a esperança de ver ainda o resultado final do trabalho de reconstrução. O convite à alegria, por causa daquele que vem salvar, o Messias, ecoa como uma boa notícia que nos arranca da nostalgia para a certeza de que Deus cumpre as suas promessas. Maria, que hoje celebramos, é a portadora desta notícia de salvação, porque foi escolhida para vir a ser a mãe do salvador. Apresentada ao Senhor, ela torna-se pertença daquele a quem se entrega e ensina-nos a viver empenhados na escuta da palavra que tem poder para realizar todas as promessas feitas por seu filho.

rezar a palavra
Senhor Jesus, Messias prometido e esperado pela humanidade de todos os tempos, alegra as nossas vidas com a tua chegada e pela tua palavra, faz-nos dignos membros do teu povo, como Maria que escutou e pôs em prática a tua palavra sem hesitação.

compromisso
Contemplo Maria no mistério da sua apresentação porque é a digna mãe do Senhor.

EVANGELHO Mt 12, 46-50
Naquele tempo, enquanto Jesus estava a falar à multidão, chegaram sua Mãe e seus irmãos. Ficaram do lado de fora e queriam falar-Lhe. Alguém Lhe disse: «Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo». Mas Jesus respondeu a quem O avisou: «Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?». E apontando para os discípulos, disse: «Estes são a minha mãe e os meus irmãos: todo aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

compreender a palavra
Mateus retrata uma cena da vida de Jesus cheia de complexidade. Não é fácil definir muito bem o que significa o facto de a Mãe de Jesus e os irmãos ficarem “do lado de fora”. Creio que devemos pensar que Mateus faz uma catequese à comunidade cristã. Jesus está a falar às multidões, não deve ser propriamente dentro de casa, mas Mateus insiste que uns estão fora e outros dentro. Possivelmente alguns estão à porta. Jesus aponta para os discípulos, eles são os que estão dentro, e diz que eles e os que fizerem a vontade do Pai são a sua família.

meditar a palavra
Ao colocar Maria, a Mãe de Jesus, fora do local onde Jesus está, Mateus diz-me que o assunto é sério. Até Maria, se não fizer a vontade do Pai, pode ficar de fora. Se isto pode acontecer com a Mãe de Jesus, como será comigo? A vida em Cristo é para ser levada a sério e preciso tornar-me discípulo de Jesus e preciso estar com Ele para chegar ao cumprimento da vontade do Pai.

rezar a palavra
“Estes são” disseste, Senhor, apontando para os teus discípulos. Que dizes de mim? Que palavras posso esperar de ti? Dá-me, Senhor, vontade para te seguir e a coragem para te imitar no cumprimento da vontade do Pai. Que eu possa ouvir-te dizer que também faço parte da tua família.

compromisso
Vou estar atento para não me afastar da presença de Jesus.

Sábado da Semana XXXIII do Tempo Comum

Leitura I Ap 11, 4-12
Foi-me dito a mim, João: «Eu mandarei as minhas duas testemunhas para profetizarem. São as duas oliveiras e os dois candelabros, que estão diante do Senhor de toda a terra. Se alguém lhes quiser fazer mal, sairá fogo das suas bocas para devorar os seus inimigos; se alguém lhes quiser fazer mal, assim deve perecer. Elas têm o poder de fechar o céu, para que a chuva não caia durante os dias em que profetizarem. Têm também o poder de transformar as águas em sangue e de ferir a terra com toda a espécie de flagelos, todas as vezes que quiserem. Mas quando terminarem o seu testemunho, o Monstro que sobe do abismo há de fazer-lhes guerra, há de vencê-las e matá-las. E os seus cadáveres ficarão estendidos na praça da grande cidade, que se chama simbolicamente Sodoma e Egito, onde o seu Senhor foi crucificado. Homens de vários povos, tribos, línguas e nações olharão para esses cadáveres durante três dias e meio, sem que seja permitido dar-lhes sepultura. Os habitantes da terra alegrar-se-ão pela sua morte e felicitar-se-ão, enviando presentes uns aos outros, porque estes dois profetas tinham atormentado os habitantes da terra. Passados, porém, três dias e meio, entrou neles um sopro de vida, que veio de Deus, e eles puseram-se de pé, com grande espanto dos que os olhavam. Ouviram então uma voz forte vinda do Céu, que dizia: «Subi para aqui». E eles subiram para o Céu numa nuvem, à vista dos seus inimigos.

compreender a palavra
A visão de João apresenta a oliveira e o candelabro como símbolos da Igreja mártir que dá a vida pela fé no meio de perseguições. Ela é um testemunho profético que incomoda o mundo e que sofre a violência pela recusa do evangelho de Cristo. Também a Igreja cai no meio da praça pública para alegria do mundo que festeja e troca presentes ao vê-la caída, morta durante três dias e meio. Esta Igreja, porém, recebe o sopro da vida que vem de Deus e é levada para o céu à vista dos seus inimigos.

meditar a palavra
Para os perseguidos a dor é imensa, insuportável mesmo. No meio dessa dor só a fé empresta sentido à atrocidade dos perseguidores. Deus parece desaparecer no horizonte, mas ele permanece presente na vida dos que creem. O homem é capaz do melhor e do pior e a perseguição por causa da fé ou por causa de qualquer diferença física, humana, ideológica ou espiritual pode ser atroz. A Igreja tem uma longa experiência de perseguições e acumulou um património inesgotável de mártires que souberam permanecer fiéis. A esperança na vida eterna não atenua a dor da perseguição, mas dá-lhe sentido, porque une os homens àquele que primeiro deu a vida pela salvação do mundo.

rezar a palavra
Peço-te, Senhor, pelos irmãos perseguidos. Por todos os que veem as suas vidas devastadas pela maldade dos homens, pela intolerância, racismo, xenofobia ou qualquer outro totalitarismo. Pelos que morrem às mãos assassinas dos homens violentos. Que todos encontrem em ti o suporte de vida que os mantém na fidelidade.

compromisso
Aproximar-se do Amor é caminho para vencer a tentação da violência que trazemos dentro de nós.

EVANGELHO Lc 20, 27-40
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus alguns saduceus – que negam a ressurreição – e fizeram-lhe a seguinte pergunta: «Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se morrer a alguém um irmão, que deixe mulher, mas sem filhos, esse homem deve casar com a viúva, para dar descendência a seu irmão’. Ora havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos. O segundo e depois o terceiro desposaram a viúva; e o mesmo sucedeu aos sete, que morreram e não deixaram filhos. Por fim, morreu também a mulher. De qual destes será ela esposa na ressurreição, uma vez que os sete a tiveram por mulher?». Disse-lhes Jesus: «Os filhos deste mundo casam-se e dão-se em casamento. Mas aqueles que forem dignos de tomar parte na vida futura e na ressurreição dos mortos, nem se casam nem se dão em casamento. Na verdade, já não podem morrer, pois são como os Anjos, e, porque nasceram da ressurreição, são filhos de Deus. E que os mortos ressuscitam, até Moisés o deu a entender no episódio da sarça ardente, quando chama ao Senhor ‘o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob’. Não é um Deus de mortos, mas de vivos, porque para Ele todos estão vivos». Então alguns escribas tomaram a palavra e disseram: «Falaste bem, Mestre». E ninguém mais se atrevia a fazer-Lhe qualquer pergunta.

compreender a palavra
A explicação deste encontro dos saduceus com Jesus é apresentada logo de entrada com a referência à ressurreição. Eles não acreditam na ressurreição. Muitas vezes diz-se que os fariseus se aproximavam de Jesus para o experimentar ou para lhe armar um laço. Destes saduceus não se diz isso, pelo que, devemos entender que é uma questão que lhes interessa e fazem a pergunta para completar a sua reflexão sobre o assunto. A questão é bem colocada servindo-se de um exemplo e da autoridade de Moisés. Jesus responde a partir de uma visão que nem Moisés tinha sobre a vida eterna. Primeiro, Deus é Deus de vivos e não de mortos, depois a vida eterna não segue os mesmos critérios desta vida e finalmente a autoridade de Moisés não está acima da autoridade de Jesus.

meditar a palavra
Jesus veio completar e não revogar a Lei ou os profetas. Partindo desta afirmação de Jesus podemos compreender a delicadeza da resposta a estes Saduceus que se questionam seriamente sobre a possibilidade ou não da ressurreição. O que Moisés deixou escrito não tem a ver com a vida eterna, mas com esta vida em que as pessoas se casam. A autoridade de Jesus vem do conhecimento de Deus, “ninguém conhece o Pai senão o Filho e ninguém conhece o Filho senão o Pai”. Jesus conhece o mistério da vida e da morte. Ele pode certificar a possibilidade da ressurreição, da vida eterna, da vida depois da morte. Hoje muitas pessoas, mesmo crentes, têm dificuldade em aceitar a possibilidade da vida depois da morte. A ressurreição parece algo extraordinário e até maravilhoso e desejável e a ressurreição de Jesus parece credível, mas, questionados sobre a sua própria ressurreição, sobre a possibilidade de morrerem e continuarem a viver uma nova vida, a resposta é não! Pensam como os saduceus uma vida igual a esta com os mesmos elementos. Ora a vida eterna é outra coisa, outra vida, outra forma de viver.

rezar a palavra
Senhor, tenho o meu espírito viciado nas coisas concretas desta vida. O relógio, o trabalho, a família, os projetos, desejos e sonhos. Tudo me questiona sobre o como será depois da morte. Abre o meu espírito para não transportar para a vida eterna o que encontro aqui, mas unicamente a certeza que me dás “eu sou a ressurreição e a vida quem acredita em mim viverá eternamente”. Que isto me baste para te acompanhar na fé até à casa do Pai.

compromisso
Deixo que o meu espírito se ilumine com a alegria da ressurreição.