Efésios 4, 1-7.11-13
Irmãos: Eu, prisioneiro pela causa do Senhor, recomendo-vos que vos comporteis segundo a maneira de viver a que fostes chamados: procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança na vida a que fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só Batismo. Há um só Deus e Pai de todos, que está acima de todos, atua em todos e em todos Se encontra. A cada um de nós foi concedida a graça, na medida em que recebeu o dom de Cristo. Foi Ele que a uns constituiu apóstolos, a outros evangelistas e a outros pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos cristãos, em ordem ao trabalho do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida de Cristo na sua plenitude.
Compreender a Palavra
Celebramos hoje a festa de São Mateus, Apóstolo e Evangelista
O texto de Paulo aos efésios, escolhido para a festa de São Mateus, apóstolo e evangelista, salienta três aspetos interessantes em quatro partes em que podemos dividir o texto. Primeiro é um chamamento à perfeição cristã “procedei com toda a humildade, mansidão e paciência; suportai-vos uns aos outros com caridade; empenhai-vos em manter a unidade do espírito pelo vínculo da paz”. Depois apresenta a razão desta perfeição “Há um só Corpo, um só Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só Batismo, um só Deus e Pai de todos”. Em terceiro lugar o dom de Deus que é ministério e serviço aos outros e ao Corpo de Cristo “A cada um de nós foi concedida a graça” de ser “apóstolo, evangelista, pastor ou mestre… para o aperfeiçoamento dos cristãos e edificação do Corpo de Cristo”. Tudo isto tem como intenção realizar em nós o convite inicial, a perfeição cristã, “para a unidade da fé, conhecimento de Filho de Deus e atingir o estado de homem perfeito à imagem de Cristo.
Meditar a Palavra
A dimensão pessoal da fé tem uma correspondência eclesial e teológica. Viver a fé é uma experiência que nos leva desde o batismo até à consciência de Deus como Pai de todos que habita em todos e em todos atua. Esta consciência conduz-nos à união fraterna pelo vínculo da caridade e ao serviço em favor do Corpo de Cristo no exercício de um ministério recebido do próprio Senhor, até que todos, nós e os outros, pelo dom recebido do Senhor cheguemos à perfeição da vida cristã, ao homem perfeito, à medida de Cristo, que é a perfeição na caridade. Por causa disto é que o batismo não é um acontecimento perdido num momento da nossa vida, mas uma realidade permanente e presente em cada momento da vida. Ele atua em nós para que continuamente nos aperfeiçoemos mutuamente na caridade e edifiquemos o Corpo de Cristo.
Rezar a Palavra
Senhor, nas palavras de Paulo percebo uma experiência de fé que se abre para os outros numa dedicação plena em ordem à perfeição. Viver para ti como Senhor e pai de todos é acolher os outros na caridade que tudo suporta para que todos cheguem a plena realização do Corpo de Cristo que é a Igreja e atinjam a estatura do homem perfeito que é Cristo. Dá-nos a humildade, a mansidão e a paciência para suportarmos as dificuldades do caminho que leva à perfeição do amor.
Compromisso
Compreender a vida como caminho que há de chegar à perfeição e a fé como uma abertura a Deus como Pai de todos e aos outros como experiência de vida em Igreja.
Evangelho: Mt 9, 9-13
Naquele tempo, Jesus ia a passar, quando viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança dos impostos, e disse-lhe: «Segue-Me». Ele levantou-se e seguiu Jesus. Um dia em que Jesus estava à mesa em casa de Mateus, muitos publicanos e pecadores vieram sentar-se com Ele e os seus discípulos. Vendo isto, os fariseus diziam aos discípulos: «Por que motivo é que o vosso Mestre come com os publicanos e os pecadores?» Jesus ouviu-os e respondeu: «Não são os que têm saúde que precisam do médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: ‘Prefiro a misericórdia ao sacrifício’. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores».
Compreender a Palavra
Mateus conta-nos como ele próprio foi chamado por Jesus e se tornou seu discípulo passando a segui-lo para toda a parte. O texto conta que Mateus estava sentado no lugar de cobrador de impostos. Ele recebia dos outros os impostos pesados que devia entregar ao poder político que dominava sobra aquele território. Ao passar por ele, Jesus levanta-o desse posto e passamos a vê-lo sentado junto de Jesus rodeado de pecadores. Ali, Mateus aprende o que significa misericórdia. Ao contrário dos fariseus que estão de pé sobre as suas ideias e convicções e não sabem sentar-se com os outros, ao lado de Jesus, o mestre da misericórdia. Por isso Jesus lhes diz: “Ide aprender”. Já que não querem sentar-se com Jesus, devem ir aprender nas Escrituras que eles tanto dizem preservar.
Meditar a Palavra
A proposta de Jesus para mim, hoje, é a mesma que fez a Mateus: “Segue-me”. Quer dizer, levanta-te desse lugar, desse estilo de vida, dessa opção que fizeste há tanto tempo, deixa esse capricho, sai de ti e segue-me numa aventura nova. Senta-te em outro lugar, junto de mim, e aprende uma nova forma de gastar a vida. Aprende a viver na misericórdia, de coração disponível para compreenderes os outros e seres para eles caminho de libertação do mundo que acusa e condena. Senta-te comigo para aprenderes de mim a seres médico e não juiz.
Rezar a Palavra
“Come com os publicanos e os pecadores”. Estas palavras ditas pelos fariseus lembram-me tantas palavras que discriminam e afastam os homens uns dos outros, impedindo a realização daquelas palavras tuas: “amai-vos como eu vos amei”. Escuto estas palavras e percebo que também eu, como Mateus, estou sentado no meu posto de cobrança. Cobro da vida de todos, faço exigências a todas as pessoas, não entendo o que é misericórdia e termino, só, a contar o resultado das minhas cobranças. Tu pedes que me levante e ocupe um outro lugar, junto de ti, para aprender contigo a misericórdia. Faz-me sensível, Senhor, aos pecadores que são apontados e julgados pelo mundo de hoje, mas podem e devem ser amados por mim.
Compromisso
Vou quebrar em mim as cadeias que não me deixam compreender os pecadores e ser, para eles, sinal da misericórdia de Deus.