Santa Beatriz da Silva, virgem
[Memória em Portugal]
Beatriz da Silva nasceu em Campo Maior, vila de Portugal, por volta de 1426. Passou à corte de Castela, em 1447, como dama de honor da sua parenta, a infanta Isabel de Portugal. Para se dedicar a uma vida cristã mais perfeita, retirou‑se da corte para o convento da Ordem de são Domingos, em Toledo, onde permaneceu mais de 30 anos. Em 1484 fundou o Instituto que, mais tarde, tomou o título da Imaculada Conceição da Virgem Maria, ou concepcionistas. Pouco depois de fazer a profissão religiosa, faleceu com fama de santidade, no ano de 1492.

Leitura I (anos ímpares) Js 3, 7-10a.11.13-17

Naqueles dias,
o Senhor disse a Josué:
«Hoje começarei a engrandecer-te aos olhos de todo o Israel,
para que saibam que Eu estarei contigo,
como estive com Moisés.
E tu darás esta ordem
aos sacerdotes que transportam a arca da aliança:
‘Quando chegardes à beira das águas do Jordão,
parai aí’».
Josué disse aos filhos de Israel:
«Aproximai-vos e ouvi as palavras do Senhor, vosso Deus».
Depois continuou:
«Por isto conhecereis que um Deus vivo está no meio de vós
e expulsará da vossa frente os cananeus:
Vereis a arca da aliança do Senhor, Deus de toda a terra,
atravessar o Jordão à vossa frente.
Quando os sacerdotes que transportam a arca do Senhor,
Deus de toda a terra,
tiverem tocado com os seus pés as águas do Jordão,
estas serão divididas,
pois as que descem do alto ficarão paradas,
formando um só bloco».

Quando o povo saiu das suas tendas para atravessar o Jordão,
já estavam à frente os sacerdotes que levavam a arca da aliança.
Logo que os portadores da arca chegaram ao Jordão
e os pés dos sacerdotes que levavam a arca tocaram na água,
_ o Jordão transborda por todas as suas margens durante o tempo das ceifas _
as águas que desciam do alto pararam
e formaram um bloco até uma grande distância,
perto de Adamá, cidade vizinha de Sartã,
enquanto as que desciam para o mar de Arabá, ou mar do Sal,
se escoavam completamente.
O povo atravessou em frente de Jericó.
Os sacerdotes que levavam a arca da aliança do Senhor
mantiveram-se firmes no leito seco do Jordão,
até que todo o Israel passou a pé enxuto
para o outro lado do rio.

compreender a palavra
O Senhor vai concedendo o seu Espírito a homens que assumem o comando do seu povo. Nem sempre é consensual para o povo a orientação deste chefe, mas ele atua em nome do Senhor. Um homem como os outros, animado pelo Espírito do Senhor, em quem se manifesta o poder de Deus, mas onde a fragilidade é visível aos olhos de todos. Moisés nem sempre agradou ao povo, nem sempre concordou com Deus, nem sempre conseguiu manter-se de pé. Josué, que ocupa agora o seu lugar, vai fazer a mesma experiência de se deixar conduzir por Deus seguindo à frente do seu povo e de sentir a fragilidade da sua condição humana e a dureza de um povo que nem sempre quer seguir as suas orientações. A Arca da Aliança segue à frente manifestando a presença de Deus e vence o primeiro obstáculo, o rio Jordão.

meditar a palavra
Somos animados pelo Espírito do Senhor que habita em nós pelo batismo. No entanto, por vezes, vemo-nos paralisados diante das nossas fragilidades. Qualquer pequena dificuldade é suficiente para nos parar. As dificuldades nunca têm o tamanho real, têm as dimensões que a nossa fragilidade fabrica. Por isso se agigantam e chegam a dominar-nos pelo medo de avançar. Deus segue à nossa frente abrindo caminhos através do mar e veredas através das montanhas, mantendo em nós a confiança de chegar a algum lugar. Só o Senhor está connosco e nenhum outro deus é o Deus vivo capaz de expulsar os medos que se instalam em nós.

rezar a palavra
Senhor, tu és o companheiro desta viagem que não escolhi. És o meu companheiro neste caminho que meus pés muitas vezes rejeitam e através do tempo que avança sobre mim. A tua presença misteriosa é como a Arca que avança à frente do teu povo e abre, em novidade, horizontes que por mim nunca teria descoberto e leva-me a uma terra onde nunca entraria se não contasse contigo. Tu, Senhor, és o meu companheiro de viagem e eu louvo-te por isso.

compromisso
Hoje experimento a força de Deus que em mim vence todos os medos.


Evangelho Mt 18, 21 — 19, 1

Naquele tempo,
Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou-Lhe:
«Se meu irmão me ofender,
quantas vezes deverei perdoar-lhe?
Até sete vezes?».
Jesus respondeu:
«Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.
Na verdade, o reino de Deus pode comparar-se a um rei
que quis ajustar contas com os seus servos.

Logo de começo,
apresentaram-lhe um homem que devia dez mil talentos.
Não tendo com que pagar,
o senhor mandou que fosse vendido,
com a mulher, os filhos e tudo quanto possuía,
para assim pagar a dívida.
Então o servo prostrou-se a seus pés, dizendo:
‘Senhor, concede-me um prazo e tudo te pagarei’.
Cheio de compaixão, o senhor daquele servo
deu-lhe a liberdade e perdoou-lhe a dívida.
Ao sair, o servo encontrou um dos seus companheiros
que lhe devia cem denários.
Segurando-o, começou a apertar-lhe o pescoço, dizendo:
‘Paga o que me deves’.
Então o companheiro caiu a seus pés e suplicou-lhe, dizendo:
‘Concede-me um prazo e pagar-te-ei’.
Ele, porém, não consentiu e mandou-o prender,
até que pagasse tudo quanto devia.
Testemunhas desta cena,
os seus companheiros ficaram muito tristes
e foram contar ao senhor tudo o que havia sucedido.
Então, o senhor mandou-o chamar e disse:
‘Servo mau, perdoei-te, porque me pediste.
Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro,
como eu tive compaixão de ti?’
E o senhor, indignado, entregou-o aos verdugos,
até que pagasse tudo o que lhe devia.
Assim procederá convosco meu Pai celeste,
se cada um de vós não perdoar a seu irmão
de todo o coração».
Quando Jesus acabou de dizer estas palavras,
partiu da Galileia
e foi para o território da Judeia, além do Jordão.

compreender a palavra
A parábola de Jesus é motivada pela pergunta de Pedro sobre quantas vezes deve perdoar-se ao irmão que nos ofende. A parábola mostra a justiça perante a dívida (o pecado ou ofensa) que deve ser aplicada ao devedor. A cadeia e a venda da mulher e dos filhos (despojado do que de mais sagrado o homem tem). Esta medida é para ser aplicada, mas o senhor teve compaixão. Esta é a palavra nova que aparece e se sobrepõe à lei. É esta atitude do senhor perante a súplica do devedor que altera a justiça. O senhor que é cheio de compaixão, espera que o súbdito responda a partir daí com a mesma atitude, mas não foi assim que aconteceu. “Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro?” A conclusão de Jesus é lógica, o Pai do céu também espera que tenhamos compaixão dos nossos irmãos como esperamos compaixão para connosco.

meditar a palavra
Quando olho para a minha vida vejo esta minha dificuldade em aceitar os erros até ao limite de setenta vezes sete. Não é sequer a dificuldade de perdoar, é a dificuldade de aceitar tantos erros, meus e dos outros. Vejo-me tantas vezes despojado de tudo o que é mais querido por causa da rebeldia em viver na fidelidade. Sinto-me incapaz de acolher o amor que é perdão porque não sou digno. Talvez esta seja a experiência do nada que sou chamado a fazer, para contar unicamente com a força do amor de Deus.

rezar a palavra
Senhor. Tem compaixão de mim porque não sou capaz de pagar. Preciso de rezar assim, hoje. Tu sabes, Senhor, que eu não sou capaz de pagar a minha divida para contigo nem para com os meus irmãos. Rodeaste-me de todos os cuidados e fizeste de mim a menina dos teus olhos. Sentas-me ao teu colo e proteges-me com a tua mão direita. Quem sou eu, Senhor, para que penses em mim? Quem sou eu para que me dediques a tua atenção? Ensina-me a prostrar-me diante de ti como servo que olha as mãos do seu senhor em busca de compaixão.

compromisso
Quero meditar na compaixão do Senhor para comigo para abrir o coração em amor pelos irmãos.