S. Martinho de Tours, bispo
Memória
Martinho nasceu na Panónia, no território da hodierna Hungria, por volta do ano 316. Nascido de pais pagãos e, chamado ao serviço militar na Gália, quando era ainda catecúmeno, cobriu, com o seu manto, a Cristo na pessoa de um pobre. Depois de receber o Batismo e de renunciar à carreira militar, fundou um mosteiro em Ligugé, na França, onde levou vida monástica, sob a direção de S. Hilário de Poitiers. Depois, foi ordenado presbítero e, mais tarde, eleito bispo de Tours. Foi modelo insigne de bom pastor: fundou mosteiros e paróquias, dedicou‑se à formação e reconciliação do clero e à evangelização dos rurais. Morreu em Candes, no ano 397. Santo muito popular, é o primeiro confessor não mártir a ser venerado com rito litúrgico. O dia 11 de novembro é a data da deposição do seu corpo.
Leitura I (anos ímpares) Sb 7, 22 — 8, 1
Na Sabedoria há um espírito inteligente, santo, único, multiforme, subtil, veloz, perspicaz, sem mancha; um espírito lúcido, inalterável, amigo do bem; penetrante, irreprimível, benfazejo, amigo dos homens; firme, seguro, sereno; ele tudo pode, tudo abrange e penetra todos os espíritos, os mais inteligentes, mais puros e mais subtis. A Sabedoria é mais ágil que todo o movimento, atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza. Ela é um sopro do poder de Deus, emanação pura da glória do Omnipotente; por isso nenhuma impureza a pode atingir. Ela é o esplendor da luz eterna, espelho puríssimo da atividade de Deus, imagem da sua bondade. Sendo única, ela tudo pode e, imutável em si mesma, tudo renova. Ela comunica-se de geração em geração pelas almas santas e forma os amigos de Deus e os profetas, pois Deus só ama quem habita com a Sabedoria. Ela é mais formosa do que o sol e supera todas as constelações. Comparada com a luz, aparece mais excelente, porque à luz sucede a noite, mas a maldade nada pode contra a Sabedoria. Estende o seu vigor dum extremo ao outro da terra e tudo governa com harmonia.
compreender a palavra
A sabedoria vem de Deus e manifesta Deus em toda a sua atividade. É tão deslumbrante na sua ação divina em favor do homem que parece ser uma pessoa. Ela é mesmo “um sopro do poder de Deus”. É de Deus, mas pode habitar no homem e ser habitada por ele, ela é mesmo “amiga dos homens e forma amigos de Deus”. Contra ela, a maldade não tem poder como a noite nada pode contra a luz. Renova todas as coisas de geração em geração e está presente em todos os espíritos.
meditar a palavra
A Sabedoria não é apenas uma qualidade de Deus, ela é Deus a manifestar-se na sua ação criadora, reveladora e salvadora. É Deus presente em todas as coisas criadas como princípio e origem da sua existência. É Deus a atravessar e a penetrar em todos os seres com maior particularidade no homem, de quem é amigo e a quem quer como amigo. Pode ter-se ou não e viver-se de acordo com a sua luz ou viver-se na noite e segundo a maldade, mas ela é oferecida a todos, de geração em geração. Acolhem-na as almas santas que se tornam amigos de Deus. Acolher a sabedoria é acolher Deus e conhecer o seu mistério e a sua glória.
rezar a palavra
Não quero ouro nem prata, não quero poder nem glória, quero a sabedoria que me mostra o caminho entre a luz e as trevas, o bem e o mal, a vida e a morte. Habite em mim, Senhor, a tua sabedoria para conhecer o mistério da tua vontade e desejar viver segundo os critérios da santidade.
compromisso
Pedir a sabedoria é garantia de a alcançar como dom que vem de Deus e não de nós.
Evangelho Lc 17, 20-25
Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus quando viria o reino de Deus e Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem de maneira visível, nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’; porque o reino de Deus está no meio de vós». Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver um dia do Filho do homem e não o vereis. Hão de dizer-vos: ‘Está ali’, ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os sigais. Pois assim como o relâmpago, que faísca dum lado do horizonte e brilha até ao lado oposto, assim será o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».
compreender a palavra
O texto está construído sobre a pergunta que os fariseus fizeram a Jesus. A resposta não é de acordo com o que os fariseus esperam. “O Reinos de Deus não virá de maneira visível”. É necessário ter olhos para ver o que não se vê e que já “está no meio de vós”. Jesus depois dirige-se aos discípulos alertando-os para o tempo que vai chegar em que se instalará a confusão de gente a querer ver o Reino aqui e ali. Os discípulos devem estar atentos para reconhecer os verdadeiros sinais do Reino. No final Jesus apresenta o grande sinal do Reino de Deus “o Filho do homem… tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.
meditar a palavra
A expectativa da chegada do Reino, presente no texto, convida-me a estar atento aos sinais do Reino de Deus que está já no meio de nós e que deve atingir a minha vida em particular. Estar atento aos sinais que manifestam o reino é fundamental para não me perder em reinos que não são de Deus, o meu pequeno reino, o reino dos homens, o reino da riqueza e do poder, da alienação e da ilusão. Olhar para Jesus no seu mistério pascal e perceber os sinais da sua paixão na realidade de cada dia, pode ser o meio eficaz para não me deixar seduzir por falsos alarmes que não são resposta para a minha expectativa.
rezar a palavra
Senhor, dá-me a consciência de discípulo para que centre o meu olhar em ti, no mistério da cruz, e não me perca no meio de tanta propaganda que me promete o que o meu coração deseja. Só tu, Senhor, podes saciar a minha sede e apaziguar os anseios do meu coração. Vem, Senhor, com a tua palavra e instala em mim os alicerces do Reino de Deus que tornaste presente com a tua encarnação.
compromisso
Vou aprender a distinguir os sinais do Reino de Deus que Jesus instaurou no meio de nós.