S. Leão Magno, papa e doutor da Igreja
Memória
Leão Magno nasceu na Etrúria, na atual Toscana, região da Itália. Foi diácono diligente da Urbe e, depois, elevado à cátedra de Pedro, no ano 440. Trabalhou intensamente pela integridade da fé, defendeu com ardor a unidade da Igreja, empenhou‑se por todos os meios possíveis em evitar as incursões dos bárbaros ou mitigar os seus efeitos. Por toda esta atividade extraordinária mereceu ser chamado «Magno». Morreu junto de S. Pedro, onde neste dia foi sepultado, no ano 461.

Leitura I (anos ímpares) Sb 6, 1-11
Escutai, ó reis, e procurai compreender; aprendei, governantes de toda a terra. Prestai atenção, vós que dominais as multidões e vos orgulhais do número dos vossos povos: Do Senhor recebestes o poder e do Altíssimo a soberania; Ele examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções. Sendo ministros do seu reino, não governastes com retidão, não cumpristes a lei, nem seguistes a vontade de Deus. Ele virá sobre vós, terrível e repentino, porque julga severamente os que dominam. Ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão examinados com rigor. O Senhor de todos não teme ninguém, nem Se impressiona com a grandeza. Ele criou o pequeno e o grande e a sua providência é igual para todos; mas aos poderosos reserva um exame severo. É a vós, soberanos, que se dirigem as minhas palavras, a fim de aprenderdes a Sabedoria e não cairdes em falta. Porque os que santamente tiverem guardado as leis santas serão declarados santos e os que nelas se tiverem instruído encontrarão segura defesa. Procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis instruídos.

compreender a palavra
A força destas palavras do livro da sabedoria faz com que seja atual para todos os que hoje exercem o poder, políticos, religiosos, autoridades, pais e educadores. Ninguém pode transmitir ou ensinar o que não sabe. Por isso o convite é feito a todos os que exercem autoridade para que escutem, aprendam, prestem atenção para se darem conta da verdade mais absoluta “do Senhor recebestes o poder… ele examinará as vossas obras e sondará as vossas intenções”. O poder não nos pertence, vem de Deus, é um ministério, exerce-se em nome de outro e em benefício de outros que nos estão confiados. A responsabilidade é grande pois, a quem muito se dá muito será exigido, como se depreende das palavras “ao mais pequeno perdoa-se por compaixão, mas os grandes serão examinados com rigor… aos poderosos reserva um exame severo”. O exercício do poder deve ser responsável, portanto, “a vós se dirigem estas palavras, a fim de aprenderdes a Sabedoria… procurai ouvir as minhas palavras desejai-as ardentemente e sereis instruídos”.

meditar a palavra
Todos temos, de algum modo, alguém que nos foi confiado e para com quem assumimos a responsabilidade de exercer um ministério de presença, acompanhamento, orientação, educação ou cuidado. Esse ministério coloca-nos em lugar de exame permanente diante de quem nos concedeu essa missão, mesmo que tenha sido assumido voluntariamente, por iniciativa própria. Ninguém tem autoridade sobre os outros a não ser para o exercício do seu próprio bem no reconhecimento do outro, dos seus direitos enquanto pessoa e no estrito respeito pela sua liberdade. O poder que diminui ou outro, o oprime, subjuga e força na limitação da sua liberdade ou da sua dignidade não é poder nem autoridade, é domínio e tirania, pois não é exercido para o bem daquele a quem é dirigido. Este exercício é examinado com rigor. Pede a Sabedoria que a escutemos com atenção para sermos instruídos e para orientarmos por ela as nossas intenções e não cairmos em falta, pois, o castigo será severo para os poderosos.

rezar a palavra
A tua palavra, Senhor, habite em nós abundantemente para, com toda a sabedoria, nos instruirmos, ensinarmos, admoestarmos uns aos outros a fim de alcançarmos a perfeição de Cristo que, sendo Deus, se fez homem e apesar da sua autoridade preferiu servir a ser servido.

compromisso
O poder e a autoridade exigem humildade para que todos encontrem em nós o primeiro lugar e na nossa ação um serviço dedicado e responsável.

Evangelho Lc 17, 11-19
Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto por terra aos pés de Jesus para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».

compreender a palavra
Jesus caminha para Jerusalém e passa entre a Samaria e a Galileia quando surgem dez leprosos. Dirigem-se a Jesus chamando-lhe Mestre e esperam que os cure. A resposta de Jesus dá-lhes confiança porque, embora não lhes tenha dito que estão curados, manda-os à presença dos sacerdotes para que decidam da sua cura e da possibilidade de regressar à vida normal. O texto caminha a passos largos para o momento mais importante de toda a narração que é o regresso de um samaritano que vem agradecer a cura operada durante o caminho. A decisão final está nas palavras de Jesus “Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?”.

meditar a palavra
A salvação que Jesus vem trazer é oferecida a todo o homem na sua situação de leproso, pecador. Muitos são os que escutam a palavra salvadora de Jesus e recebem com ela o mistério da vontade salvífica de Deus. Jesus, porém, deixa bem claro que esta salvação não é exclusiva de um grupo ou de um povo. Ele caminha entre judeus e samaritanos, estende uma mão para cada lado do caminho e a sua palavra pode ser escutada pelos dois lados. Todos os homens podem agora receber o dom de Deus oferecido em Jesus. A força de Jesus parece manifestar-se mais junto dos mais fracos. É um samaritano, o excluído, o que está em menor número, que volta para a gradecer. Sobre ele cai o elogio de Jesus.

rezar a palavra
Quantas vezes, Senhor, aqueles que parecem estar mais longe de ti me dão verdadeiras lições de fé e confiança. Mergulhado no meu cristianismo de rotina esqueço o mais importante que é o coração agradecido que reconhece o dom de Deus que me é oferecido diariamente. Obrigado, Senhor, por este samaritano que desperta a minha consciência.

compromisso
Quero reaprender a capacidade de agradecer de todo o coração a Deus e aos irmãos por todo o bem que recebo.