Santa Teresa do Menino Jesus, virgem e doutora da Igreja
Memória
Teresa do Menino Jesus nasceu em Alençon, na França, no ano 1873. Entrou ainda muito jovem no mosteiro das Carmelitas de Lisieux e exercitou‑se de modo singular na humildade, simplicidade evangélica e confiança em Deus, virtudes que também procurou inculcar especialmente nas noviças do seu mosteiro. Morreu a 30 de setembro de 1897, oferecendo a sua vida pela salvação das almas e pela Igreja.

Job 3, 1-3.11-17.20-23 

Job abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. Tomou a palavra e disse: «Desapareça o dia em que eu nasci e a noite em que se anunciou: ‘Foi concebido um homem’. Porque não morri no ventre de minha mãe, ou não expirei ao sair do seio materno? Porque houve dois joelhos para me acolherem e dois seios para me amamentarem? Estaria agora deitado e tranquilo, dormiria o sono da morte e teria descanso, como os reis e os grandes da terra, que edificaram os seus túmulos sumptuosos, ou como os poderosos, que possuem ouro e enchem de prata os seus mausoléus. Ou porque não fui eu como o aborto escondido, que já não existiria, como as crianças que não chegaram a ver a luz? Ali acaba a agitação dos maus, aí repousam os homens extenuados. Porque se dá luz ao infeliz e vida aos corações amargurados, que suspiram pela morte que tarda em chegar e a procuram mais avidamente que um tesouro? Ficariam contentes diante de um túmulo, exultariam à vista de um sepulcro. Porque se dá vida ao homem que não vê o seu caminho e que Deus cerca por todos os lados?».

Compreender a Palavra
Job, diante do sem sentido do sofrimento, vai levantando perguntas que só por si mostram o quanto destroçado está o seu coração e como se apagou a luz do horizonte da sua vida. São perguntas que todo o homem faz no meio do sofrimento. Perder tudo num só dia, levanta muitas questões, mas perder tudo injustamente, sem qualquer culpa que lhe pudesse ser apontada aumenta ainda mais o sofrimento. As suas perguntas, no entanto, não apagaram Deus da sua vida. Por isso termina afirmando a presença de Deus, mesmo que o faça negativamente dizendo-se um homem cercado por Deus.

Meditar a Palavra
O sofrimento faz-nos questionar sobre o sentido da vida. Todas as verdades existenciais adormecidas em nós levantam-se como um exército quando surge o sofrimento. Tudo é posto em causa. A riqueza, o poder, a força, o prestígio, a fama, o conforto, a saúde, os amigos, tudo perde importância diante do sofrimento. Não podemos fazer o elogio do sofrimento, mas a verdade é que ele nos coloca no lugar certo da existência, mostra-nos o nosso verdadeiro tamanho e faz-nos olhar para a nossa verdadeira condição. Julgamo-nos deuses, senhores, donos, todo poderosos diante da vida, dos outros e das circunstâncias. Só quando começamos a perder e a rastejar diante das nossas impossibilidades é que nos damos conta de que somos pó e percebemos que o nosso valor não está na arrogância com que nos colocamos diante da vida. O sofrimento faz-nos humildes e dá-nos a dimensão do nosso estatuto diante de Deus, dos outros e de nós mesmos. Quando não percebemos isto, então pensamos que todos estão contra nós, até Deus e como Job dizemo-nos “cercados por Deus”.

Rezar a palavra
Cerca-me, Senhor, com a tua presença no meio do sofrimento que atingiu a minha vida e faz-me compreender que a tua presença não é a causa da minha dor mas o sinal da minha libertação. Tu vens à minha vida como o fogo que queima mas purifica, a lixívia que arde mas branqueia, a espada que rasga mas limpa todo o mal.

Compromisso
Deixar-se amar no meio do sofrimento, vencendo a arrogância, é acolher Deus que nos salva.


Evangelho: Lc 9, 51-56

Aproximando-se os dias de Jesus ser levado deste mundo, Ele tomou a decisão de Se dirigir a Jerusalém e mandou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de Lhe prepararem hospedagem. Mas aquela gente não O quis receber, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram a Jesus: «Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu que os destrua?». Mas Jesus voltou-Se e repreendeu-os. E seguiram para outra povoação.

Compreender a Palavra
Estamos diante de uma referência importantíssima no evangelho de Lucas. Este é o momento em que se definem os passos seguintes. Jesus inicia um caminho que é de subida a Jerusalém. Porém esse caminho não termina naquela cidade, nem na morte que ali vai sofrer, termina no céu. O primeiro versículo dá logo essa indicação. Subir a Jerusalém é uma decisão de Jesus que, como sabemos, é resposta à vontade do Pai. O caminho começa com Jesus a ser recusado pelos samaritanos. Foram preparar-lhe um lugar mas ninguém o recebeu. Não é a primeira vez que Lucas nos dá esta indicação. O mesmo aconteceu aquando do seu nascimento. Jesus é recusado porque vai para Jerusalém, a cidade onde se manifestará a salvação mas também a cidade que mata os profetas e nenhum profeta morre fora de Jerusalém. Perante a recusa os discípulos Tiago e João intervêm, convencidos de que Jesus é o Senhor que se vai manifestar em todo o seu poder em Jerusalém: “Queres que mandemos descer fogo do céu e os destrua?” Jesus volta-se para indicar outro caminho. Não basta seguir fisicamente atrás de Jesus, o discípulo tem que traçar um outro caminho dentro de si, o caminho da cruz.

Meditar a Palavra
Jesus apresenta-me um caminho novo que sou chamado a seguir. Esse caminho é uma subida que não termina na cidade dos homens mas na cidade de Deus. Ao longo do caminho sou enviado a bater de porta em porta, para que todos acolham o Mestre que segue à frente. Mas o caminho passa necessariamente pela rejeição dos homens que não entendem porque vou a subir, porque vou por este caminho e não por outro, porque me sujeito a estes vexames quando tenho tudo para ser respeitado, até tenho poder para mandar vir fogo do céu. Este caminho que passa pela morte é caminho de salvação se tiver a coragem de o percorrer todo com a mesma valentia do Mestre a quem sigo.

Rezar a Palavra
Atrás de ti vou colocando os meus pés em passos indecisos de quem preferia ver cair fogo do céu sobre os inimigos, os indiferentes e os que recusam dar-te guarida. Sigo, nem sempre com o coração, mas com meus passos, incansavelmente. Decidido que estou a ir contigo, não te perco no horizonte da minha vida, mas perco-te tantas vezes na vontade, no amor, na fidelidade. Ensina-me o caminho interior que conduz ao céu e mostra-te a meus olhos como Senhor, para que se torne mais fácil a subida.

Compromisso
Quero conhecer cada dia melhor este caminho que é o evangelho.