São Leão Magno, papa e doutor da Igreja
Memória
Leão Magno nasceu na Etrúria, na atual Toscana, região da Itália. Foi diácono diligente da Urbe e, depois, elevado à cátedra de Pedro, no ano 440. Trabalhou intensamente pela integridade da fé, defendeu com ardor a unidade da Igreja, empenhou‑se por todos os meios possíveis em evitar as incursões dos bárbaros ou mitigar os seus efeitos. Por toda esta atividade extraordinária mereceu ser chamado «Magno». Morreu junto de são Pedro, onde neste dia foi sepultado, no ano 461.

Leitura I (anos ímpares) Rm 15, 14-21

A vosso respeito, irmãos, estou pessoalmente convencido de que estais cheios de bondade, plenos de conhecimento e preparados para vos advertirdes mutuamente. Todavia, para reavivar a vossa memória, escrevi-vos com certa ousadia nalguns pontos, em virtude da graça que me foi concedida por Deus. Porque Ele me fez ministro de Cristo Jesus junto dos gentios, para exercer o sagrado ministério do Evangelho de Deus, a fim de que a oblação dos gentios, santificada pelo Espírito Santo, seja agradável a Deus. Tenho, portanto, motivos para me gloriar no que se refere ao serviço de Deus. Mas eu não ousaria falar senão do que Cristo realizou por meu intermédio, para levar os gentios à obediência da fé, pela palavra e pela ação, pelo poder dos sinais e prodígios, pelo poder do Espírito de Deus. Assim, desde Jerusalém e regiões vizinhas até à Ilíria, dei a conhecer plenamente o Evangelho de Cristo. Tive, contudo, a preocupação de só pregar o Evangelho onde ainda não se tinha invocado o nome de Cristo, para não construir em alicerce alheio. Deste modo faço o que diz a Escritura: «Hão de vê-lo aqueles a quem não foi anunciado e conhecê-lo os que d’Ele não ouviram falar». 

compreender a palavra

Paulo sente-se chamado por Deus para ser ministro de Cristo. Este ministério que lhe foi entregue realiza-o junto dos gentios para que, por seu intermédio, também eles cheguem ao conhecimento de Cristo e se tornem, pelo Espírito Santo, agradáveis a Deus. E Paulo dedica toda a sua vida a este propósito. Tem, no entanto, uma preocupação que é a de não estragar o que outros fizeram quando anunciaram o evangelho. Esta preocupação faz com que anuncie em lugares onde ninguém pregou, para que conheçam Cristo aqueles que dele nunca ouviram falar. Paulo tem plena consciência que tudo o que fez foi realizado por Cristo de quem ele é instrumento.

meditar a palavra

A delicadeza do apóstolo, chamado a falar de Cristo, levando a palavra da Boa Nova, deve ter em conta que não é para si próprio, para sua glória, nem em seu benefício, que lhe foi concedido o ministério. Foi chamado para que os outros se tornem, pelo conhecimento de Cristo e do seu evangelho, agradáveis a Deus. Não se gloriando do seu ministério. Sabe que é instrumento de Cristo. Não concorre com os outros evangelizadores, nem rivaliza com aqueles que chegaram primeiro, mas constrói, edifica a Igreja de Cristo em alicerces sólidos por ele trabalhados, para não estragar o alicerce colocado por outros. O importante é que todos cheguem ao conhecimento de Cristo. Esta atitude gera partilha, colaboração, comunhão entre aqueles que anunciam o evangelho e fortalece pelo testemunho aqueles que o recebem. É fácil transformar o ministério numa coleção de vaidades pelo que se fez, pelos êxitos alcançados, pelo prestígio adquirido, com elogios fáceis de quem se entusiasma na fé. O caminho, porém, é o da humildade que reconhece que tudo foi feito por Cristo e não por nós. 

rezar a palavra

Liberta-me, Senhor, da vaidade que me cega quando, diante dos êxitos alcançados pelo evangelho, quero ser o centro das atenções e arrecadar elogios fúteis, para aparecer como melhor que os outros. Ensina-me o caminho humilde de quem reconhece que és tu e não eu quem semeia e faz crescer.

compromisso

Dar a Deus o lugar que lhe pertence e aos outros a oportunidade de conhecer a Cristo.

Evangelho Lc 16, 1-8          

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por andar a desperdiçar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: ‘Que é isto que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, porque já não podes continuar a administrar’. O administrador disse consigo: ‘Que hei de fazer, agora que o meu senhor me vai tirar a administração? Para cavar não tenho forças, de mendigar tenho vergonha. Já sei o que hei de fazer, para que, ao ser despedido da administração, alguém me receba em sua casa’. Mandou chamar um por um os devedores do seu senhor e disse ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu senhor?’. Ele respondeu: ‘Cem talhas de azeite’. O administrador disse-lhe: ‘Toma a tua conta: senta-te depressa e escreve cinquenta’. A seguir disse a outro: ‘E tu quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. Disse-lhe o administrador: ‘Toma a tua conta e escreve oitenta’. E o senhor elogiou o administrador desonesto, por ter procedido com esperteza. De facto, os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz, no trato com os seus semelhantes». 

compreender a palavra

Jesus conta uma parábola com um objetivo relativamente ao ensino dos discípulos. O administrador desonesto usa de inteligência para se livrar da situação de falência em que vai entrar a sua vida ao ser despedido pelo dono das terras que lhe estão confiadas para gerir. Serve-se dos que têm dívidas para conseguir alcançar uma casa onde passar feliz e regalado o resto dos seus dias, quando ficar sem a administração. Jesus elogia este administrador desonesto, não por ser desonesto, mas por ser inteligente. É o uso da inteligência que Jesus quer ensinar aos discípulos, mas em ordem aos bens do Reino.

meditar a palavra

Os discípulos são chamados a administrar os bens do Reino de Deus. Estes bens hão de ser repartidos para chegarem a todos e a todos enriquecer, a fim de que possam habitar na casa de Deus. Do mesmo modo que os filhos deste mundo sabem partir e repartir, administrar e até ser desonestos quanto aos bens deste mundo para não ficarem fora de casa, sem futuro assegurado, assim os discípulos de Jesus, hão de saber usar de inteligência, servindo-se dos meios mais diversos ao seu alcance, sem perder a honestidade, para assegurar o bem supremo que é habitar na casa do Pai (entrar no Reino). De facto, somos capazes de todos os esforços para conseguir os bens materiais que mais desejamos e fazemos muito pouco para alcançar uma vida digna do Reino de Deus.

rezar a palavra

Deste-me inteligência, Senhor, para discernir o valor de todas as coisas que posso alcançar ao longo da vida. Muitas vezes me enganei, valorizando o que não tinha valor e desprezando a verdadeira riqueza. Deixei-me enganar pela prata e pelo ouro quando a sabedoria vale mais do que todo o ouro do mundo. Fiquei deslumbrado perante o conhecimento e entreguei-lhe o meu tempo, quando o amor vale mais que todo o conhecimento. Deixei-me seduzir pelo prazer e entreguei-me a ele de corpo e alma quando o verdadeiro prazer está em dar a vida pelo irmão. Segurei os meus pés na terra quando a verdadeira segurança está no céu. Ensina-me, Senhor, para que não queira enganar-me mais a mim mesmo, mas saiba sempre ouvir a tua voz que me mostra o caminho do Reino.

compromisso

Quero ouvir a voz de Deus que me repete: “os filhos deste mundo são mais espertos do que os filhos da luz”, para me tornar esperto nas coisas do Reino.