São Martinho de Tours, bispo
Memória
Martinho nasceu na Panónia, no território da hodierna Hungria, por volta do ano 316. Nascido de pais pagãos e, chamado ao serviço militar na Gália, quando era ainda catecúmeno, cobriu, com o seu manto, a Cristo na pessoa de um pobre. Depois de receber o Batismo e de renunciar à carreira militar, fundou um mosteiro em Ligugé, na França, onde levou vida monástica, sob a direção de santo Hilário de Poitiers. Depois, foi ordenado presbítero e, mais tarde, eleito bispo de Tours. Foi modelo insigne de bom pastor: fundou mosteiros e paróquias, dedicou‑se à formação e reconciliação do clero e à evangelização dos rurais. Morreu em Candes, no ano 397. Santo muito popular, é o primeiro confessor não mártir a ser venerado com rito litúrgico. O dia 11 de novembro é a data da deposição do seu corpo.
Leitura I (anos ímpares) Rm 16, 3-9.16.22-27
Irmãos: Saudai Prisca e Áquila, meus colaboradores na obra de Cristo Jesus, que arriscaram a cabeça para me salvar a vida. – Não sou só eu que lhes estou agradecido, mas todas as Igrejas dos gentios –. Saudai também a Igreja que se reúne em sua casa. Saudai o meu querido Epéneto, primícias da Ásia para Cristo. Saudai Maria, que tanto trabalhou por vós. Saudai Andrónico e Júnia, meus parentes e companheiros de prisão, apóstolos eminentes que me precederam na fé em Cristo. Saudai Ampliato, meu amigo no Senhor. Saudai Urbano, nosso colaborador na obra de Cristo, e o meu amigo Estáquio. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo santo. Todas as Igrejas de Cristo vos saúdam. – Também eu, Tércio, que escrevi esta carta, vos saúdo no Senhor –. Saúda-vos Gaio, que me hospedou a mim e a toda a Igreja, e Erasto, o tesoureiro da cidade, e também o nosso irmão Quarto. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja convosco. Àquele que tem o poder de vos confirmar, segundo o meu Evangelho e a pregação de Jesus Cristo – a revelação do mistério encoberto desde os tempos eternos mas agora manifestado e dado a conhecer a todos os povos pelas escrituras dos Profetas segundo a ordem do Deus eterno, para que eles obedeçam à fé – a Deus, o único sábio, por Jesus Cristo, seja dada glória pelos séculos dos séculos. Amen.
compreender a palavra
O final da carta aos romanos é de grande interesse porque por entre as muitas saudações percebe-se a vida da Igreja. Uma Igreja que se reúne, acolhe e permanece unida numa comunhão de amor. São muitos os intervenientes que constroem a Igreja ao lado de Paulo. São colaboradores que reúnem a Igreja na sua própria casa, gente que trabalha em favor dos outros, apóstolos ou gente comum que revela o mistério de Cristo. Esta saudação final mostra o calor humano que existia entre eles e o carinho de Paulo por todos. No final o pensamento de Paulo vai para o Senhor, o único sábio, que tem o pode de confirmar a revelação anunciada e manifestada a todos através do evangelho por ele pregado.
meditar a palavra
A vida da Igreja é muito mais do que um conjunto de ritos que se praticam, uns dogmas que se creem e uma moral que se aceita. A vida da Igreja é relação, afetos verdadeiros entre pessoas concretas que aprendem a estimar-se para lá das simpatias pessoais, das caraterísticas próprias e das suas diferenças. A Igreja está unida pelo evangelho, pela fé em Jesus Cristo e pelo amor fraterno à imitação de Jesus. A Igreja é vida assumida, acreditada e comunicada na alegria do encontro com Cristo que nos confirma na fé. A Igreja é relação de pessoas que se deixaram encontrar por Cristo e deram início a um caminho novo, a uma nova vida, em comunhão com os outros.
rezar a palavra
Que eu não caia, Senhor, no erro de querer ser Igreja sozinho, evitando os irmãos, inventando problemas e dificuldades que impedem o encontro. Ensina-me o amor fraterno para que saiba acolher e hospedar em mim, todos os que cruzam o seu caminho com o meu, para nos tornarmos buscadores do teu amor na amizade e na partilha.
compromisso
Viver a relação com os irmãos como uma comunhão fraterna, que a todos anima no caminho do evangelho.
EVANGELHO Lc 16, 9-15
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Arranjai amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas coisas pequenas, também é injusto nas grandes. Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro». Os fariseus, que eram amigos de dinheiro, ouviam tudo isto e escarneciam de Jesus. Então Jesus disse-lhes: «Vós quereis passar por justos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os vossos corações. O que vale muito para os homens nada vale aos olhos de Deus».
compreender a palavra
Estamos diante de uma página complexa. Estas palavras estão entre a parábola do administrador desonesto que não queria perder o seu estatuto, quando foi descoberto e despedido pelo seu senhor e a parábola do rico e do pobre lázaro. Vendo os fariseus que, como diz Lucas, gostam muito de dinheiro, Jesus refere que não se pode ter dois senhores, não se pode servir a Deus e ao dinheiro. Com dinheiro compram-se amigos, mas não se compra a Deus. Pode-se acumular muito dinheiro de forma desonesta, mas esse dinheiro não serve para comprar moradias no céu. Os fariseus conquistavam muitos amigos porque tinham dinheiro e julgavam que Deus estava do lado deles porque pertenciam ao grupo dos muito religiosos, pagavam o dízimo e davam esmolas. Mas Jesus desmascara a sua argumentação “pretendeis passar por justos… mas Deus conhece os vossos corações”, porque as suas esmolam vinham do que roubavam ou adquiriam à custa das injustiças cometidas contra os pobres.
meditar a palavra
Estas palavras de Jesus continuam atuais. Também hoje podemos facilmente argumentar que Deus está do nosso lado porque a vida nos corre bem, porque temos sucesso e conseguimos realizar todos os nossos projetos. Mas Jesus alerta para o facto de podermos estar a criar ídolos, falsos deuses a quem adoramos, senhores a quem servimos e convencidos que amamos a Deus. A palavra vem certeira à nossa consciência purificando a memória das nossas decisões diárias. Não podemos servir a dois senhores. Se não somos fiéis em pequenas coisas também não seremos fiéis nas grandes. Também nós podemos estar a tentar parecer justos aos olhos dos homens e esquecidos que Deus conhece os nossos corações.
rezar a palavra
Liberta-me, Senhor, dos falsos deuses, destes que se agarram a mim e me fazem crer que não tem mal, que são bens que tu me dás e que servem apenas à minha felicidade e porque tu me amas e me queres ver feliz permites que eu os tenha. Que eu não me perca na avareza, no desejo desmedido dos bens deste mundo. Que eu não procure tesouros na terra, de modo que o meu coração transforme a vigilância cristã em vigilância sobre o ouro e a prata em vez de vigiar sobre o meu coração e a minha alma para não me perder de ti.
compromisso
Rezo para desprender o meu coração dos bens que me trazem demasiado ocupado e preocupado.