Joel 1, 13-15; 2, 1-2
Vesti-vos de luto e chorai, sacerdotes, entoai lamentações, ministros do altar. Vinde passar a noite com vestes de penitência, ministros do meu Deus. Porque no templo de Deus, desapareceram a oferenda e a libação. Proclamai um solene jejum, convocai uma assembleia. Reuni os anciãos e todos os habitantes do país no templo do Senhor, vosso Deus. E clamai ao Senhor: «Ah, que dia este!». Está próximo o dia do Senhor, que vai chegar como devastação que vem do Omnipotente. Tocai a trombeta em Sião, dai o alarme no meu santo monte. Estremeçam todos os habitantes do país, porque está a chegar o dia do Senhor. Sim, ele está próximo: será dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de sombras. Como a luz da aurora, estende-se sobre os montes um povo numeroso e forte. Nunca houve povo nenhum como ele, nem depois dele haverá outro, até às mais longínquas gerações.

Compreender a Palavra
Joel, atento à vida das pessoas e às situações concretas de um povo que continua à espera da libertação total, lança o desafio do dia do Senhor. Depois do exílio de Babilónio sobrevém sobre Israel uma praga de gafanhotos que destrói as colheitas, mas também a alegria e a esperança do povo. O templo fica deserto, não há sacrifícios, pois até os sacerdotes ficaram desanimados. Joel mostra ao povo que esta sombra, a escuridão provocada pela nuvem de gafanhotos, a destruição por eles provocada, convida à conversão, ao jejum e à oração. O dia do Senhor vem como devastação mas a oração e a penitência atrairão a benevolência e a misericórdia do Senhor.

Meditar a Palavra
Caídos na desgraça experimentamos a ausência de Deus. Nesta ausência podemos tomar o caminho o desânimo ou o caminho da esperança. Ficar caído é sinal de desânimo, seguir o rumo da oração e da penitência é sinal de confiança no Senhor misericordioso. Como Israel podemos deixar-nos abater até ao chão e abandonar o templo do Senhor ou seguir a voz do profeta que convida a confiar. “Proclamai um jejum, convocai a assembleia. Reuni todos os habitantes no templo do Senhor. E clamai ao Senhor”. O dia do Senhor é o dia do juízo, sempre entendido como vingança para uns e libertação para outros. Deste povo devastado sairá um novo povo recriado pelo espírito.

Rezar a Palavra
O teu dia Senhor, é hoje para mim. Tu vens com a tua palavra à minha vida e destróis tudo aquilo que em mim não quer ser vida plena, libertação total, experiência do espírito. Tu vens como uma devastação, como uma nuvem de trevas e sombras. Mas também como uma trombeta de alerta para que caia em mim e experimente a salvação, pela penitência, pelo jejum e pela oração.

Compromisso
É necessário repensar, como conversão, a minha vida diante de Deus.


 
Evangelho: Lc 11, 15-26
Naquele tempo, Jesus expulsou um demónio, mas alguns dos presentes disseram: «É por Belzebu, príncipe dos demónios, que Ele expulsa os demónios». Outros, para O experimentarem, pediam-Lhe um sinal do céu. Mas Jesus, que conhecia os seus pensamentos, disse: «Todo o reino dividido contra si mesmo, acaba em ruínas e cairá casa sobre casa. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Vós dizeis que é por Belzebu que Eu expulso os demónios. Ora, se Eu expulso os demónios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos discípulos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes. Mas se Eu expulso os demónios pelo dedo de Deus, então quer dizer que o reino de Deus chegou até vós. Quando um homem forte e bem armado guarda o seu palácio, os seus bens estão em segurança. Mas se aparece um mais forte do que ele e o vence, tira-lhe as armas em que confiava e distribui os seus despojos. Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa. Quando o espírito impuro sai do homem, anda a vaguear por lugares desertos à procura de repouso. Como não o encontra, diz consigo: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Quando lá chega, encontra-a varrida e arrumada. Então vai e toma consigo sete espíritos piores do que ele, que entram e se instalam nela. E o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro».

Compreender a Palavra
A acção de Jesus contra o demónio é motivo para toda a narração que escutamos hoje. Os que assistiram à expulsão do demónio dividem-se entre a multidão, os que pedem um sinal do céu que garanta a sua pertença a Deus e os que o acusam de agir em nome de Belzebu. Jesus aproveita a ocasião para esclarecer a multidão a fim de que não o confundam com as críticas levantadas. A defesa de Jesus é irrefutável porque envolve também os judeus que expulsam demónios. As palavras de Jesus definem claramente a necessidade de uma opção, ou com ele ou contra ele. Cada um há-de tomar uma firme decisão.

Meditar a Palavra
Perante a minha vida onde todos os dias acontecem coisas extraordinárias, posso simplesmente colocar-me na posição de quem diz que tudo acontece por acaso ou pelas minhas capacidades ou, ainda, pelas circunstâncias que o proporcionaram. Posso também pedir provas para poder aceitar outra visão sobre os acontecimentos da minha vida. Mas Jesus pede-me que seja capaz de me colocar do seu lado para ver como ele vê, que tudo é dom da graça de Deus. O amor de Deus faz acontecer a vida e tudo o que gera vida em mim e à minha volta.

Rezar a Palavra
Não te peço sinais, Senhor, apenas quero poder contemplar aceitar que o teu reino está mesmo entre nós e se manifesta das mais diversas maneiras. À minha volta, homens e mulheres, jovens e crianças, com as suas palavras, as suas vidas, as suas dores e alegrias falam de um amor que ultrapassa tudo o que podemos esperar das nossas capacidades. É aí, na vida de cada dia, que espero encontrar-te e ver o teu reino realizar-se como dom de salvação para todos.

Compromisso
Vou estar atento às manifestações do reino de Deus no meu dia.