S. Bernardo, abade e doutor da Igreja
Memória
Bernardo nasceu no ano 1090, perto de Dijon, na França. Admitido, no ano 1111, entre os monges cistercienses, foi eleito, pouco tempo depois, fundador e primeiro abade do mosteiro de Claraval. Com a sua atividade e exemplo exerceu uma notável influência na formação espiritual dos seus irmãos religiosos. Percorreu a Europa para restabelecer a paz e a unidade e ilustrou toda a Igreja com os seus escritos e as suas ardentes exortações. Escreveu muitas obras de Teologia e Ascética. Inspirou um devoto afeto à humanidade de Cristo e à Virgem Mãe. Adormeceu no Senhor no território de Langres, na França, no ano 1153.

Leitura I (anos ímpares) Rt 1, 1-2a.3-6.14b-16.22
No tempo em que os juízes governavam, houve uma fome no país. Certo homem deixou Belém de Judá e emigrou para os campos de Moab, com a mulher e dois filhos. Ele chamava-se Elimelec e a mulher Noémi. Elimelec, marido de Noémi, faleceu e ela ficou só com os seus dois filhos. Ambos casaram com esposas moabitas, uma chamada Orpa e a outra Rute. Permaneceram lá cerca de dez anos. Entretanto os filhos também morreram e Noémi ficou só, sem os dois filhos e sem o marido. Resolveu então voltar dos campos de Moab, juntamente com as noras, por ter sabido, nos campos de Moab, que o Senhor tinha abençoado o seu povo, dando-lhe pão. Orpa despediu-se da sogra e voltou para o seu povo; mas Rute ficou com Noémi. Disse-lhe Noémi: «Olha que a tua cunhada voltou para o seu povo e para o seu deus. Vai também com ela». Rute respondeu-lhe: «Não insistas comigo, para que te deixe e me afaste de ti, pois irei para onde fores e viverei onde viveres. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus». Foi assim que Noémi regressou dos campos de Moab, trazendo consigo sua nora Rute, a moabita. Chegaram a Belém no início da ceifa da cevada.

compreender a palavra
Inicia-se a leitura do Livro de Rute. Trata-se de um livro muito interessante que nos leva ao coração generoso de uma mulher e à genealogia de Jesus. Noemi, viúva de Elimelec, mãe de dois filhos que se casam com mulheres moabitas, Orpa e Rute. Tendo elas ficado viúvas, Noemi decide voltar para a sua terra e o seu povo, de onde se afastara por causa da fome. Nesta decisão é acompanhada por Rute que lhe dedica uma profunda amizade. Mesmo com a insistência de Moémi, Rute não pretende deixá-la: “irei para onde fores e viverei onde viveres. O teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus”. Começa aqui uma história que insere Rute na genealogia de Jesus por vir a ser a avó do pai de David rei de Israel.

meditar a palavra
Ao ler este pequeno texto do livro de Rute e conhecendo a sua história podemos perceber que Deus escreve a sua história na história dos homens. Através de situações dolorosas, a morte de Elimelec e dos seus dois filhos, ficando três mulheres viúvas, Deus vai orientando esta mulher, Rute, de coração bom e generoso para fazer dele uma das mulheres de quem nascerá o Messias. Esta mulher é uma estrangeira, moabita, de um povo rejeitado por Israel. Mas, ainda assim, Deus não a rejeitou e preparou para ela um caminho e deu-lhe um filho pelo qual ela se tornou importante para a história do povo de Deus e para a história da salvação. Podemos perceber nesta história que a generosidade é sempre recompensada e que Deus não escolhe segundo os nossos critérios, mas segundo o seu coração. Por outro lado, a vocação desta mulher realiza-se entre os pequenos gestos de cada dia. Acolhe a sogra, acompanha-a de regresso à sua terra, trabalha para a sustentar, segue os seus conselhos. Pequenas coisas onde Deus está presente.

rezar a palavra
Um coração generoso, capaz de acolher os outros nas suas fragilidades é tudo o que te peço, Senhor. Um coração como o de Rute que, podendo seguir o seu caminho como Orpa, decidiu dedicar a sua vida à sogra, indo habitar numa terra estrangeira e seguindo um Deus desconhecido para ela. Dá-me esse coração para que também eu participe dessa história na qual salvas os homens através de gestos simples do quotidiano.

compromisso
Quero ver a ação de Deus na vida de homens e mulheres estrangeiros, diferentes e impensáveis, como o fez através de rute.

Evangelho Mt 22, 34-40
Naquele tempo, os fariseus, ouvindo dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus, reuniram-se em grupo, e um doutor da Lei perguntou a Jesus, para O experimentar: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Jesus respondeu: «‘Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito’. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo, porém, é semelhante a este: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’. Nestes dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas».

compreender a palavra
O texto, de configuração simples, vem na sequência de vários encontros de Jesus com diversos grupos sociais daquele tempo. Estão em cena os fariseus que, ouvindo falar do insucesso dos saduceus, querem experimentar Jesus. A questão colocada é simples, mas tem um objetivo destrutivo, é para o experimentarem. «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». A resposta de Jesus também é simples e reclama a autoridade da Lei e dos Profetas: “Amarás…”.

meditar a palavra
Saduceus e fariseus aproximam-se de Jesus, enviados de Herodes e doutores da Lei questionam-no porque reconhecem nele uma autoridade doutrinal que não encontram em mais ninguém, pois eles estão em oposição uns com os outros. Jesus surge no centro das discussões, religiosas, sociais e políticas. Todos gostavam de contar com Jesus do seu lado, mas todos percebem que ele não está do lado de ninguém. Quem quiser, há de segui-lo e não o contrário. As perguntas são lhe feitas como armadilhas, mas também por reconhecimento da sua autoridade. A questão que é colocada pelo fariseu é importante, porque pergunta a Jesus sobre qual é o mandamento que deve estar no centro de uma vida a dar-lhe sentido e orientação. Todos os mandamentos são importantes, mas qual é o mandamento que estrutura uma vida? A resposta de Jesus esclarece uma vez mais que ele não veio revogar a Lei mas dar-lhe pleno cumprimento. O desafio é colocar todos os mandamentos, todas as leis e preceitos em poucas palavras. Jesus aponta para o centro da pessoa, para as suas dimensões fundamentais, “o coração, a alma e a mente”. As dimensões afetiva, espiritual e intelectual, do homem estão centradas em Deus e no próximo, numa relação de amor. O segundo mandamento não devia ser necessário referi-lo porque no amor a Deus já está incluído o amor a si mesmo e ao próximo. Jesus explicita-o para que fique claro que não é possível um sem o outro.

rezar a palavra
Amar a Deus, parece um exercício fácil, Senhor, porque basta um olhar sincero sobre a vida para perceber que de Deus tudo o que nos chega é bom e a ele devemos tudo o que somos e temos. Mesmo os não crentes reconhecem que não são os autores de tantas maravilhas e que o mais importante nos chega gratuitamente. Amar o irmão, numa sociedade que se rege pela rivalidade e a concorrência, num ambiente de individualismo feroz, isso sim, é difícil. Amar parece ser um exercício de loucura, sobretudo quando temos a sensação nítida de estar a gastar o nosso tempo e a perder a nossa vida por causa dos outros e, tantas vezes, inutilmente. Ensina-me, Senhor, a amar sem esperar o lucro e a deixar que a força do amor domine toda a minha vida, coração, alma e mente.

compromisso
Hoje quero aprender a amar.