2 Coríntios 1, 1-7
Paulo, Apóstolo de Jesus Cristo, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, à Igreja de Deus que está em Corinto e aos cristãos que vivem em toda a Acaia: A graça e a paz vos sejam dadas da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo. Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pai de misericórdia e Deus de toda a consolação. Ele nos conforta em todas as tribulações, para podermos consolar aqueles que estão atribulados, por meio da consolação que nós mesmos recebemos de Deus. Na verdade, assim como abundam em nós os sofrimentos de Cristo, também por Cristo abunda a nossa consolação. Se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação. Se somos consolados, é para vossa consolação, a fim de suportardes com fortaleza os mesmos sofrimentos que nós suportamos. A nossa esperança a vosso respeito é firme, porque sabemos que, participando nos sofrimentos, também participareis na consolação.».
Compreender a Palavra
Inicia desta forma a Carta de São Paulo aos Coríntios. A saudação inicial, muito própria de Paulo tem uma indicação preciosa e necessária por causa do motivo principal da carta, os sofrimentos infligidos aos cristãos daquela comunidade por parte de alguns homens de origem judaica, que se introduziram na comunidade impondo as tradições do seu povo. A indicação é esta “Deus de toda a consolação”. Para os atribulados, para os que sofrem por causa de Cristo, para os que trazem no seu corpo os sofrimentos de Cristo, como acontece com os coríntios, é necessária esta esperança que vem do “Deus de toda a consolação”. Paulo não se cansa de o referir logo de início, para que, aqueles que participam dos sofrimentos o façam com fortaleza a fim de também participarem na consolação.
Meditar a Palavra
Todas as pessoas passam por situações de sofrimento e muitas vezes por sofrimentos causados pela injustiça dos homens, por obrigações que são impostas sem sentido e por incompreensões devidas aos costumes ou às tradições sociais e até religiosas. Os cristãos encontram na perseguição, na tribulação e na injustiça um meio para se unirem aos sofrimentos de Cristo. Como todos, temos a obrigação de lutar contra toda a espécie de sofrimentos, mas enquanto não vencemos, suportamo-los com fortaleza à imagem de Cristo. Nele vivemos os nossos sofrimentos e nele encontramos a consolação para os suportar e vencer.
Rezar a Palavra
O sofrimento toca-nos na alma, por isso precisa da consolação espiritual que vem da vitória que alcançaste na tua ressurreição, Senhor. Tememos a dor corporal, mas esquecemos muitas vezes a dimensão do sofrimento espiritual, este que, permanece depois da dor física. O sofrimento é um drama que reclamamos de ti, mas que encontra em nós os seus principais criadores. Se nos amássemos mais uns aos outros conseguíamos vencer a maior parte dos sofrimentos pelos quais andamos abatidos, derrotados, desanimados e seríamos consolação uns para os outros. Dá-nos, Senhor, o dom da fortaleza e da consolação para vencermos a maldade, origem de muitos sofrimentos.
Compromisso
Vou-me interrogar: Que sofrimentos provoco nos outros habitualmente?
Evangelho: Mt 5, 1-12
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos e Ele começou a ensiná-los, dizendo: «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos Céus. Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa. Assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós».
Compreender a Palavra
O texto das Bem-aventuranças é uma manifestação do reino e dos seus critérios. A primeira e a última Bem-aventurança terminam com a afirmação “porque deles é o reino dos céus”. Trata-se de uma afirmação no presente. O Reino não é uma realidade futura, mas um facto já presente no meio dos homens como anuncia Jesus. Então, as bem-aventuranças vêm dizer, em primeiro lugar que o Reino já está presente e pode entrar nele quem reunir os critérios para lhe pertencer. Esses critérios são muito claros: Os pobres, em primeiro lugar, não apenas os pobres economicamente falando, os humildes, os que choram, os que lutam pela justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz e os perseguidos. Quem vive estes critérios é feliz, experimenta uma alegria que não vem das conquistas imediatas mas da realização pela luta constante contra as forças que impedem o homem de ser homem com toda a dignidade.
Meditar a Palavra
A felicidade não tem preço, é um dom inestimável pelo qual vale a pena dar tudo de nós mesmos. O ideal não é dar pequenas coisas e coisas exteriores a mim. O ideal com que se edifica a felicidade passa pela oferta da própria existência e de toda a existência na conquista de bens maiores para to-dos. Os critérios apresentados pelas bem-aventuranças só têm sentido se significam uma luta em favor dos outros. Não são felizes os pobres mas os que se fazem pobres para enriquecer os outros. Também não tem sentido ser humilde só para mim, mas na relação com os demais. A luta pela justiça e pela paz não é para meu bem mas para o bem comum. Não se trata de chorar porque estou triste mas de chorar com os que choram. As bem-aventuranças levam-me mais longe porque me levam ao encontro do outro.
Rezar a Palavra
Que em mim, Senhor, se revelem os sentimentos de misericórdia e humildade, que me assista o desejo da pobreza e a capacidade de acolher as lágrimas de quem chora. Que eu não baixe os braços di-ante da injustiça nem me canse de fazer a paz. Senhor, dai-me a coragem para enfrentar a perseguição porque todo o que arriscar viver os critérios do teu evangelho só pode esperar a incompreensão dos que se julgam donos e senhores deste mundo.
Compromisso
Quero ser feliz no encontro com os que padecem a infelicidade das limitações da vida.