Leitura I (anos pares) 3Jo 5-8
Caríssimo Gaio: Tu procedes fielmente em tudo o que fazes pelos irmãos, apesar de serem estrangeiros. Eles deram testemunho da tua caridade perante a Igreja. Farás bem, provendo-os do necessário para a viagem, de maneira digna aos olhos de Deus. Foi pelo nome do Senhor que eles se puseram a caminho, sem nada receberem dos pagãos. Devemos, portanto, ajudar esses homens, para sermos cooperadores da verdade.
compreender a palavra
A terceira carta de João é dirigida a um homem chamado Gaio, reconhecido pela sua caridade. Acolhe na sua casa aqueles que deixaram tudo para anunciar a palavra e oferece-lhes os seus bens para que tenham o necessário para a viagem, apesar de serem estrangeiros. Paulo recebeu um bom testemunho sobre este Gaio e elogia-o incentivando-o a continuar a cooperar com a verdade.
meditar a palavra
Vivemos num tempo em que há pouca disponibilidade para acolher os outros e pouca disponibilidade para confiar neles. Esta atitude manifesta-se mais ainda quando se trata de estrangeiros, refugiados ou imigrantes. As palavras de Paulo a Gaio podem servir de estímulo a cada um de nós para nos abrirmos aos outros, porque não sabemos quem estamos a acolher e podemos estar a fechar-nos à verdade e ao amor, impedindo-nos de exercer a caridade. Quem fica mais pobre é sempre quem se fecha em si e rejeita os outros.
rezar a palavra
Por causa da hospitalidade muitos receberam em sua casa anjos sem o saberem, diz a carta aos Hebreus. Que o meu coração se abra em disponibilidade para acolher e prover do necessário aqueles que de muitos caminhos vêm bater à minha porta e entram na minha vida. Senhor, faz-me generoso e confiante na verdade que habita no coração de cada homem.
compromisso
Quero enfrentar a tarefa difícil de amar os outros como fonte para a minha alegria.
EVANGELHO Lc 18, 1-8
Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!… E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».
compreender a palavra
As palavras de Jesus pretendem ser um ensinamento sobre a necessidade de rezar sem desânimo. Portanto, ao ler o texto da parábola esta ideia tem que estar presente. Jesus conta o que se passa entre um juiz e uma viúva. Há uma desproporção entre eles. A viúva, pela sua condição está numa situação mais frágil que o juiz. E mais ainda quando parece estar a ser ameaçada por alguns adversários. O juiz está numa posição privilegiada, pois tem poder e pode ou não aplicar a lei para salvar aquela mulher. O juiz, que não tem coração, não quer meter-se naquele assunto e, por isso, não a atende. A mulher, porém, serve-se da única arma que tem, vai insistentemente e sem desânimo bater-lhe à porta até que o vence. A conclusão da parábola diz que ele lhe vai fazer justiça, não por ser honesto, justo, mas para que ela não o incomode mais. Jesus conclui que Deus não é um juiz como este. Deus não deixa os seus filhos que lhe imploram, esperar mais do que o necessário para que se faça a justiça do Reino de Deus.
meditar a palavra
Perante a atitude da viúva sinto que não sei avaliar suficientemente as circunstâncias da minha vida. Não sei avaliar as minhas forças e capacidades, não sei avaliar a força dos meus adversários e não sei compreender o juiz. Perante os “adversários” que nem sempre são pessoas, podem simplesmente ser adversidades julgo-me incapaz de enfrentar, perco a coragem e experimento-me só. Entendo que as adversidades são mais fortes do que eu e, por isso, vai ser o meu fim. Não consigo compreender que Deus não é como o juiz da parábola. Ele é um juiz com coração, capaz de se compadecer de mim. Um juiz que cuida e salva das adversidades. Diante dele ninguém tem poder nem no céu nem na terra. Jesus pede-me uma atitude nova. A atitude daquele que confia e sabe esperar. A atitude de quem é persistente na oração, perseverante na súplica, confiante na resposta de Deus.
rezar a palavra
Senhor Jesus, como experimento a minha fraqueza diante das adversidades da vida. As minhas lutas interiores e as minhas batalhas contra os obstáculos que se levantam diante de mim no meu quotidiano fazem me crer incapaz, sem força, sem ânimo, sem coragem. Hoje percebo, ao ouvir a parábola, que não posso pensar só nas minhas forças. Tu estás sempre comigo e preciso contar com a tua força, o teu poder. Tu podes fazer-me justiça. Tu podes salvar a minha vida.
compromisso
Aprendo a confiar repetindo muitas vezes “Eu vos louvo, Senhor, no meio da adversidade”.