São Luís Gonzaga, religioso
Memória
Luís Gonzaga nasceu em 1568, perto de Mântua, na Lombardia, filho dos príncipes de Castiglione. Educado cristãmente por sua mãe, desde cedo mostrou indícios de grande aspiração pela vida religiosa. Renunciando ao principado em favor de seu irmão, entrou na Companhia de Jesus, em Roma; e, durante os estudos de Teologia, entregando-se ao serviço dos enfermos nos hospitais, contraiu uma enfermidade que o levou à morte, no ano 1591.

Leitura I (anos ímpares) 2Cor 12, 1-10

Irmãos:
É preciso gloriar-me? Na verdade, não convém.
No entanto, falarei agora das visões e revelações do Senhor.
Conheço um homem em Cristo, que há catorze anos
_ com o corpo ou sem o corpo, não sei; Deus o sabe _
foi arrebatado até ao terceiro céu.
E sei que esse homem
_ com o corpo ou sem o corpo, não sei; Deus o sabe _
foi arrebatado até ao Paraíso e ouviu palavras inefáveis,
que um homem não pode repetir.
Desse homem posso gloriar-me.
Mas quanto a mim, não me gloriarei senão das minhas fraquezas.
Se quisesse gloriar-me, não seria insensato,
pois só diria a verdade.
Mas quero evitá-lo,
para que ninguém faça de mim uma ideia superior
ao que vê em mim ou ouve dizer de mim.
Para que a grandeza das revelações não me ensoberbeça,
foi-me deixado um espinho na carne,
_ um anjo de Satanás que me esbofeteia _
para que não me orgulhe.
Por três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim.
Mas Ele disse-me: «Basta-te a minha graça,
porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder».
Por isso, de boa vontade me gloriarei das minhas fraquezas,
para que habite em mim o poder de Cristo.
Alegro-me nas minhas fraquezas,
nas afrontas, nas adversidades,
nas perseguições e nas angústias sofridas por amor de Cristo,
porque, quando sou fraco, então é que sou forte.

compreender a palavra
Paulo tem uma experiência de encontro com Cristo que ultrapassa aquilo que é possível dizer com palavras sem que o relato das mesmas seja confundido com orgulho ou vaidade. Por essa razão, Paulo evita falar dessas experiências espirituais para que não julguem que se promove a si mesmo, quando o seu único interesse é anunciar Jesus Cristo e Cristo crucificado, com quem ele se encontra crucificado para o mundo, desde a experiência de Damasco. Paulo apresenta-se diante de todos na sua fragilidade, sabendo que muitos, olhando para ele encontrarão um obstáculo, mas outros encontrarão na fragilidade o poder de Deus que nele se manifesta. Por isso ele diz “quando sou fraco, então é que sou forte”. Ele próprio encontrava na sua fragilidade um impedimento, por isso pediu a Deus que o libertasse, mas Deus revelou-lhe a verdade uma verdade mais profunda para o tranquilizar «Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder»

meditar a palavra
Cada um de nós vai fazendo experiências de fé, encontros com Cristo, descobertas espirituais e graças que não vêm de nós, mas de Deus que se manifesta em nós. A tentação é a de julgar que é por nós e não por ele que temos essas experiências. A vaidade e o orgulho podem dominar-nos e fazer-nos crer que somos mais que os outros. Outra tentação é a de temer por causa da fragilidade que é mais visível em nós do que a graça com que o Senhor nos enriquece. Paulo mostra que há um equilíbrio entre o dom de Deus e a nossa fragilidade. Vencer a tentação do orgulho e acolher a força que vem de Deus é o caminho para se revelar o poder de Deus. Somos canais para Deus se revelar e tornar presente na vida do homem e não senhores e donos desse poder que em nós se revela.

rezar a palavra
Senhor, tu és a força que há em mim e não temes a minha fragilidade. Tu revelas-te no que é pequeno, na simplicidade dos humildes e na pobreza dos pecadores. Por isso és um Deus admirável. Permite que em mim se revele o mistério do teu amor como fonte de vida eterna.

compromisso
Vou repensar a minha vida a partir da minha fragilidade e deixar que nela se revele o poder de Deus.


Evangelho Mt 6, 24-34

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Ninguém pode servir a dois senhores,
porque ou há de odiar um e amar o outro,
ou se dedicará a um e desprezará o outro.
Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.
Por isso vos digo:
«Não vos preocupeis, quanto à vossa vida,
com o que haveis de comer,
nem, quanto ao vosso corpo, com o que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o alimento
e o corpo mais do que o vestuário?
Olhai para as aves do céu:
não semeiam nem ceifam nem recolhem em celeiros;
o vosso Pai celeste as sustenta.
Não valeis vós muito mais do que elas?
Quem de entre vós, por mais que se preocupe,
pode acrescentar um só côvado à sua estatura?
E porque vos inquietais com o vestuário?
Olhai como crescem os lírios do campo:
não trabalham nem fiam;
mas Eu vos digo:
nem Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu como um deles.
Se Deus assim veste a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada ao forno,
não fará muito mais por vós, homens de pouca fé?
Não vos inquieteis, dizendo:
‘Que havemos de comer?
Que havemos de beber?
Que havemos de vestir?’
Os pagãos é que se preocupam com todas estas coisas.
Bem sabe o vosso Pai celeste que precisais de tudo isso.
Procurai primeiro o reino de Deus e a sua justiça,
e tudo o mais vos será dado por acréscimo.
Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,
porque o dia de amanhã tratará das suas inquietações.
A cada dia basta o seu cuidado».

compreender a palavra
Jesus ensina a confiança em Deus que sabe cuidar dos seres por ele criados sem esquecer nenhum. Podemos enganar-nos e em vez de servir a Deus acabar por servir os bens deste mundo que foram criados para nosso auxílio e não para ocupar o lugar de Deus. Se os bens são um perigo que afasta de Deus, as preocupações diárias também podem tornar-se avassaladoras. Podem tomar toda a nossa atenção e da nossa vida não deixando espaço para a providência divina. Por isso Jesus alerta, “não vos inquieteis com o que haveis de comer, … o que haveis de vestir”. Esta preocupação desmedida é uma atitude pagã, atitude de quem não confia que Deus sabe cuidar. As aves confiam, as flores confiam e o homem não confia. “Não vos inquieteis com o dia de amanhã”.

meditar a palavra
Aprender a confiar é a atitude certa. Sabemos que Deus cuida, que ele não deixa que nos falte o pão de cada dia, que nada escapa ao seu olhar, que ele bem sabe do que precisamos e nos dá o que lhe pedimos. Mas confiar sem nos inquietarmos é algo que ainda não aprendemos. Jesus não diz para não nos preocuparmos ao ponto de não trabalharmos, de não produzirmos o necessário para comer e vestir. Jesus alerta para o perigo de nos preocuparmos tanto que perdemos a noção do razoável, do suficiente, da obsessão. Jesus quer salvar-nos daqueles senhores que nos seduzem para nos escravizarem e depois nunca mais satisfazem o nosso desejo, antes o aumentam de modo a ficarmos prisioneiros. Jesus apresenta-se como o senhor que liberta aqueles que o servem porque lhes dá de comer e de vestir como faz com as aves do céu e as flores do campo.

rezar a palavra
Ensina-me, Senhor, a ser como as aves do céu e as flores do campo. Ensina-me a confiar que nada me falta porque só Deus basta. Ensina-me a viver com o pouco sem desejar o muito que atrapalha a vida e impede a alegria da liberdade confiante.

compromisso
Aprendo a voar no olhar libertador de Jesus que vê nas flores e nas aves o modelo da confiança em Deus.