Festa
Maria Madalena é mencionada entre os discípulos de Cristo. Assistiu à sua morte, mereceu ser a primeira a ver o Salvador ressuscitado de entre os mortos e levou aos outros discípulos o anúncio da ressurreição (cf. Mc 16, 9). O seu culto difundiu-se na Igreja ocidental, sobretudo a partir do século XII.
LEITURA I Ct 3, 1-4a
Eis o que diz a esposa: «No meu descanso, durante a noite, procurei aquele que o meu coração ama; procurei-o, mas não pude encontrá-lo. Levantar-me-ei e percorrerei a cidade, pelas ruas e pelas praças, procurando aquele que o meu coração ama. Procurei-o, mas não pude encontrá-lo. Encontraram-me as sentinelas que rondavam a cidade e eu perguntei-lhes: ‘Vistes porventura aquele que o meu coração ama?’. E logo que passei por eles, encontrei aquele que o meu coração ama».
compreender a palavra
Ao celebrar Santa Maria Madalena a liturgia propõe-nos a reflexão desta passagem do livro do Cântico dos Cânticos. Trata-se de um poema de amor onde os diálogos entre o amado e a amada são frequentemente entendidos como diálogo de Deus com o homem, de Cristo com a Igreja. Esta pequena passagem está dominada pela procura “procurei… e não pude encontrar” e pelo amor, “aquele que o meu coração ama”. Há um caminho de busca do amado. Esta busca torna-se numa ansiedade perante e incapacidade de o encontrar. Procurei-o no leito, na cidade, nas ruas, nas praças, perguntei por ele às sentinelas. Uma noite de busca. No final a alegria do encontro, “encontrei aquele que o meu coração ama”.
meditar a palavra
Maria Madalena aparece como o símbolo de todos os que procuram o seu amado. O amado é Cristo morto, fechado no sepulcro, mas que o coração não se conforma em acreditar que não pode voltar a vê-lo. Todos dizem que está morto, os meus olhos não o veem, mas o meu coração diz-me que ele está vivo e, por isso, não se cansa de procurar na noite. A noite é toda a vida onde medos e fantasmas teimam em dizer que o que não se vê não existe. Mas na noite o coração diz-me que posso ver o meu Senhor, o amado, aquele que o meu coração ama. Madalena não se cansa, não se deixa vencer e nós também não, porque só onde Deus morre pode brotar o Deus connosco, que vive para sempre e se deixa encontrar pelo amor de que fala o nosso coração.
rezar a palavra
Senhor, amado do meu coração incansável, que te busca e ama na noite, deixa-me ver-te. Que os meus olhos contemplem aquele que o meu coração ama para não se perder na angústia de não poder encontrar-te. Amado, que me confundes escondido no sepulcro e te confundes com o jardineiro que cuida das rosas que falam da vida onde tudo fala de morte, mostra-te vivo aos meus olhos.
compromisso
Ressuscitou dos mortos e apareceu a Maria Madalena.
OU
Leitura I 2Cor 5, 14-17
Irmãos: O amor de Cristo nos impele, ao pensarmos que um só morreu por todos e que todos, portanto, morreram. Cristo morreu por todos, para que os vivos deixem de viver para si próprios, mas vivam para Aquele que morreu e ressuscitou por eles. Assim, daqui em diante, já não conhecemos ninguém segundo a carne. Ainda que tenhamos conhecido a Cristo segundo a carne, agora já não O conhecemos assim. Se alguém está em Cristo, é uma nova criatura; as coisas antigas passaram: tudo foi renovado.
compreender a palavra
Paulo apresenta-se como embaixador de Cristo para a reconciliação do homem com Deus. O caminho é conhecido. De Deus vem a reconciliação através de Cristo e é colocada à nossa disposição pela palavra e pelo ministério. Por isso Paulo nos exorta a reconciliar-nos com Deus. O seu ministério não o exerce por si mesmo nem para si, mas impelido pelo amor de Cristo a fim de que não vivamos para nós mesmos nem conheçamos segundo a carne, mas vivamos para aquele que morreu e ressuscitou por nós e conheçamos em Cristo que tornou novas todas as coisas. Ver como Cristo vê, conhecer como ele conhece a novidade de Deus escondida em todas as coisas. Em especial a grande novidade da reconciliação “Tudo isto vem de Deus, que por Cristo nos reconciliou consigo”.
meditar a palavra
Impele-nos a nós também o amor de Cristo. Nós que pela Palavra da reconciliação nos tornámos novas criaturas e em Cristo fomos reconciliados com Deus somos também seus embaixadores junto dos homens. Recebemos o ministério para exortar à reconciliação todos os homens, reconhecendo o mistério do amor de Deus revelado em Cristo. O mistério da reconciliação, no qual Deus, em Cristo, não levou em conta os nossos pecados, mas nos reconciliou consigo. Ser arauto da reconciliação é o ministério que trazemos nas nossas mãos.
rezar a palavra
Contigo, Senhor, as coisas antigas passaram. Tudo é novo. Reconciliado contigo posso viver para ti e conhecer todas as coisas como tu conheces. Posso ser teu embaixador e embaixador da palavra da reconciliação que depositaste em minhas mãos. Que eu saiba ser sempre nova criatura e exercer dignamente o ministério da reconciliação da humanidade.
compromisso
Valorizo a vida em Cristo como lugar de reconciliação dos homens com Deus.
EVANGELHO Jo 20, 1.11-18
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. E ficou a chorar junto do sepulcro. Enquanto chorava, debruçou-se para dentro do sepulcro e viu dois Anjos vestidos de branco, sentados, um à cabeceira e outro aos pés, onde estivera deitado o corpo de Jesus. Os Anjos perguntaram a Maria: «Mulher, porque choras?». Ela respondeu-lhes: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram». Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus de pé, sem saber que era Ele. Disse-lhe Jesus: «Mulher, porque choras? A quem procuras?». Pensando que era o jardineiro, ela respondeu-Lhe: «Senhor, se foste tu que O levaste, diz-me onde O puseste, para eu O ir buscar». Disse-lhe Jesus: «Maria!». Ela voltou-se e respondeu em hebraico: «Rabuni!», que quer dizer: «Mestre!». Jesus disse-lhe: «Não Me detenhas, porque ainda não subi para o Pai. Vai ter com os meus irmãos e diz-lhes que vou subir para o meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus». Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: «Vi o Senhor». E contou-lhes o que Ele lhe tinha dito.
compreender a palavra
O Evangelho de João apresenta pela terceira vez Jesus a perguntar “quem procuras?”. Primeiro foi aos discípulos de João, depois aos soldados no jardim das oliveiras e agora, já na ressurreição, a Maria Madalena. Neste relato vemos dois anjos que transformaram o sepulcro, lugar de morte, num lugar da presença de Deus. Eles perguntam a Maria porque chora sabendo claramente a razão. Jesus aparece e faz a mesma pergunta e acrescenta “a quem procuras?” quando sabe muito bem o que se passa no seu coração. O céu consegue ler o coração de Maria Madalena, enquanto ela não consegue ler os sinais do céu. É o céu quem tem que lhe revelar os seus mistérios e fá-lo dizendo o seu nome “Maria”. Possuidora da verdade corre a anunciá-la aos outros como um mandato divino.
meditar a palavra
Jesus lê o meu coração e sabe que em mim há uma permanente busca de mais. Nem sempre sei o que busco, mas ele sabe. Sabe que a minha sede de realização, de liberdade, de justiça, de amor, de felicidade não é outra coisa que sede de Deus. Ele sabe que, mesmo sem eu o saber, é a ele que eu procuro porque ele me procura também a mim. O encontro é necessário e acontece quando eu entro em mim e tomo total consciência do que sou e, sobretudo, do que sou para ele. Nesse momento o túmulo que há em mim torna-se santuário divino e a morte torna-se vida. Apagam-se as lágrimas para sempre e eu começo a ser notícia, boa notícia, para todos.
rezar a palavra
“Rabuni” é a ti que eu procuro nos escombros do túmulo em que se torna muitas vezes a minha vida. Na barafunda interior onde deixo tudo às avessas, na ânsia de te encontrar. Sem saber onde procurar e como procurar, surges tu, como uma luz que tudo transforma e fazes-me sentir procurado pelo teu amor. Quando oiço o meu nome pronunciado pela tua voz divina, sei que tudo valeu a pena e nada foi em vão, porque para te encontrar os esforços nunca são demais.
compromisso
Vou entrar no túmulo do meu coração e transformá-lo em lugar da presença de Deus.