São José, operário – MF
São José, o operário, que, como carpinteiro de Nazaré, ajudou com o seu trabalho Maria e José e iniciou o Filho de Deus no trabalho humano. Por isso, neste dia em que se celebra a festa do trabalho em muitas terras, os trabalhadores cristãos veneram São José como seu exemplo e protetor.
Em vez desta Leitura I pode utilizar-se a que se lhe segue.
LEITURA I Gn 1, 26 — 2, 3
Disse Deus:
«Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.
Domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu,
sobre os animais domésticos, sobre os animais selvagens
e sobre todos os répteis que rastejam pela terra».
Deus criou o ser humano à sua imagem,
criou-o à imagem de Deus.
Ele o criou homem e mulher.
Deus abençoou-os, dizendo:
«Crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra.
Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu
e sobre todos os animais que se movem na terra».
Disse Deus:
«Dou-vos todas as plantas com semente
que existem em toda a superfície da terra,
assim como todas as árvores de fruto com semente,
para que vos sirvam de alimento.
E a todos os animais da terra, a todas as aves do céu
e a todos os seres vivos que se movem na terra
dou as plantas verdes como alimento».
E assim sucedeu.
Deus viu tudo o que tinha feito: era tudo muito bom.
Veio a tarde e, em seguida, a manhã: foi o sexto dia.
Assim se completaram o céu e a terra
e tudo o que eles contêm.
Deus concluiu, no sétimo dia, a obra que fizera
e, no sétimo dia, descansou do trabalho que tinha realizado.
Deus abençoou e santificou o sétimo dia,
porque nele descansou de todo o trabalho da criação.
compreender a palavra
No dia de S. José Operário compreende-se a presença deste texto de Génesis como primeira leitura. Trata-se do trabalho de Deus na criação. Jesus dirá um dia “Meu Pai trabalha continuamente e eu também trabalho” (Jo 5,17), a propósito de alguns não quererem que Jesus fizesse curas ao sábado porque era contra a Lei. O trabalho realizado por Deus, é apresentado nesta leitura como tendo sido realizado em seis dias e o sétimo dia estava destinado ao descanso. Daqui decorre o mandamento de consagrar o sábado como dia do Senhor. Do mesmo modo que se apresenta a dignidade do descanso também se apresenta a dignidade do trabalho. Deus trabalhou e descansou. Criado à imagem e semelhança de Deus, o homem também é chamado a trabalhar e a descansar.
meditar a palavra
Ao celebrar o dia do trabalhador, que tem em S. José um inspirador, percebemos a importância do trabalho para a dignidade do homem. O trabalho eleva o homem até Deus, quer dizer, leva o homem mais longe, realiza-o, faz com que se sinta importante e necessário na construção do mundo e colaborador de Deus no cuidado pela criação. O mesmo homem que se dignifica no trabalho também é merecedor de descanso. O tempo livre, de lazer, de diversão, de encontro e partilha de vida com os demais, é também particularmente importante para a realização da pessoa. S. José é apresentado como modelo do trabalhador que cuida e transforma a natureza para o serviço do homem e como o pai que sustenta com o seu trabalho a família.
rezar a palavra
O trabalho torna-se para mim, em muitos momentos, um peso difícil de carregar, como se fosse uma maldição. Tu, Senhor, trabalhas continuamente. Ensina-me a alegria do trabalho, da dedicação, da competência, da perfeição pelo esforço diário. Muitas pessoas não têm emprego, estão desocupadas e degradam-se na sua autoestima. Nem sempre, Senhor, percebo a importância do trabalho na minha vida e, por isso não sei agradecer. Nem sempre entendo a dificuldade por que passam aqueles que estão desempregados. Peço-te, Senhor, que inspires os nossos governantes e os empresários para que todos os homens possam sentir que são parte da construção do mundo e colabores no cuidado pela criação.
compromisso
Quero sentir a alegria do trabalho de cada dia.
Em vez da leitura precedente, pode utilizar-se a seguinte:
LEITURA I Cl 3, 14-15.17.23-24
Irmãos:
Acima de tudo, revesti-vos da caridade,
que é o vínculo da perfeição.
Reine em vossos corações a paz de Cristo,
à qual fostes chamados para formar um só corpo.
Vivei em ação de graças.
Tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras,
seja tudo em nome do Senhor Jesus,
dando graças, por Ele, a Deus Pai.
Qualquer que seja o vosso trabalho,
fazei-o de boa vontade,
como quem serve ao Senhor e não aos homens,
certos de que recebereis como recompensa a herança do Senhor.
Servi a Cristo, que é o Senhor.
compreender a palavra
Paulo dirige-se aos Colossenses, comunidade da Ásia Menor. A comunidade cristã é formada por gentios convertidos e por alguns judeus. A comunidade terá sido fundada por Epafras, um convertido de Paulo. Por causa de algumas doutrinas que por ali surgiram, contrárias à fé cristã, Paulo escreve a esta comunidade. O pequeno texto que meditamos é formado por diversos versículos soltos, mas que juntos concentram uma mensagem essencial. Paulo começa por dizer que o essencial é a caridade. O cristão, revestido de Cristo no batismo, deve estar revestido da caridade que havia em Cristo. As relações entre os membros da comunidade devem estar fundadas na paz de Cristo que a todos deve habitar. Todo o trabalho deve ser feito de boa vontade porque é feito em nome do Senhor e não para agradar a outros ou para prestígio pessoal.
meditar a palavra
A palavra é um desafio a caminhar na perfeição. O trabalho, as relações, os serviços da comunidade cristã, as orações ou ações de graças, tudo deve ser feito na caridade, na paz e no Senhor Jesus Cristo. As palavras de Paulo aos Colossenses são hoje para nós. Ao celebrar S. José, percebemos que a imitação do carpinteiro de Nazaré nos pode servir de inspiração. No silêncio da sua casa, José serve o Senhor, na pessoa de Jesus, que ali vive como seu filho. A caridade solicita para com Jesus que, não sendo seu filho de verdade é por ele cuidado como se o fosse. A paz do coração que brota da confiança no Senhor e em Maria, convida-nos à confiança nos demais membros da comunidade. Não é fácil construir em nós este tripé: caridade, confiança e dedicação, mas é possível.
rezar a palavra
Só tu sabes, Senhor, o quanto a caridade, a paz e a confiança são essenciais na construção da comunidade cristã, da família e do ambiente de trabalho. Não é fácil usar de caridade para com aqueles que nos caem mal, que nos dificultam o dia a dia, e nos tornam a vida pesada. Dá-me a paz para que seja capaz de confiar que em todas as coisas se mani festa a tua graça se eu agir com caridade.
compromisso
Sento-me diante de ti, Senhor, no silêncio, imitando José na sua vida diária.
EVANGELHO Mt 13, 54-58
Naquele tempo,
Jesus foi à sua terra
e começou a ensinar os que estavam na sinagoga,
de tal modo que ficavam admirados e diziam:
«De onde Lhe vem esta sabedoria
e este poder de fazer milagres?
Não é Ele o filho do carpinteiro?
A sua Mãe não se chama Maria
e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas?
E as suas irmãs não vivem entre nós?
De onde Lhe vem tudo isto?».
E estavam escandalizados com Ele.
Mas Jesus disse-lhes:
«Um profeta só é desprezado na sua terra e em sua casa».
E por causa da falta de fé daquela gente,
Jesus não fez ali muitos milagres.
compreender a palavra
Jesus é o filho do carpinteiro. Para as pessoas de Nazaré a presença de Jesus na sinagoga, onde o conheciam desde criança, causou espanto e admiração. Reconheceram a sua sabedoria e o seu poder, mas não era possível que o filho de um carpinteiro tivesse ido tão longe na vida. Aos olhos dos sábios da cidade, o carpinteiro não tinhas estudos suficientes para ensinar tantas coisas ao seu filho, de modo que ele se apresentasse ali com aquela autoridade. Aquele que eles conheciam e de quem conheciam toda a família, impõe-se sobre eles de tal modo que os incomoda. Jesus alerta-os para a possibilidade de rejeitarem o essencial da sua missão só porque ele é filho do carpinteiro.
meditar a palavra
Jesus vê-se rejeitado, não por causa da sua sabedoria ou do seu poder, mas por ser filho do carpinteiro. Já presenciámos situações assim. Talvez até já tenhamos rejeitado alguém só porque é filho de um pobre. É fácil catalogar as pessoas a partir da sua origem, do bairro onde vivem ou da profissão que exercem. O estatuto social foi sempre muito importante e serviu para separar as pessoas. Ninguém quer ser filho do sapateiro, mas todos querem calçar sapatos. Jesus ensina que o carpinteiro, José, embora sendo simples, lhe abriu o tesouro da sabedoria e mostrou o poder que tinha em suas mãos. Foi com José que Jesus aprendeu o mais importante na vida, a riqueza do coração e o poder das mãos.
rezar a palavra
Venho à tua presença, Senhor, para aprender a sabedoria do coração e para habilitar as minhas mãos para o serviço. Quero que o meu coração se abra em amor por todos os homens, mesmo por aqueles que me rejeitam, e que as minhas mãos saibam cuidar daqueles que estão prostrados.
compromisso
No trabalho de cada dia reconheço a presença de Jesus que me ensina a sabedoria do coração.
Leituras da féria
Leitura I At 5, 27-33
Naqueles dias,
o comandante do templo e os guardas trouxeram os apóstolos
e fizeram-nos comparecer diante do Sinédrio.
O sumo sacerdote interpelou-os, dizendo:
«Já vos proibimos formalmente
de ensinar em nome de Jesus;
e vós encheis Jerusalém com a vossa doutrina
e quereis fazer recair sobre nós o sangue desse homem».
Pedro e os apóstolos responderam:
«Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens.
O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus,
a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro.
Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador,
a fim de conceder a Israel
o arrependimento e o perdão dos pecados.
E nós somos testemunhas destes factos,
nós e o Espírito Santo
que Deus tem concedido àqueles que Lhe obedecem».
Exasperados com esta resposta, decidiram dar-lhes a morte.
compreender a palavra
A decisão final é própria de uma situação descontrolada. O poder tem sempre uma última saída para todos os problemas que é mandar matar quem oferece resistência, quem se impõe pela verdade, quem não se acobarda. Está em jogo uma questão real e uma questão de consciência. As autoridades mandaram matar Jesus e agora não querem assumir a sua responsabilidade. O anúncio feito pelos apóstolos, fala daquele que, tendo sido condenado injustamente à morte humilhante da cruz, venceu a morte pelo poder de Deus e está vivo e concede o seu Espírito àqueles que lhe obedecem. Este anúncio fere a consciência dos que condenaram Jesus e não querem converter-se, por isso, proíbem que se anuncie. Não aguentam continuar a ouvir a voz da consciência que condena a sua atitude diante de Jesus. Há uma saída que é a conversão, mas eles recusam, portanto, resta mandar matar também os apóstolos porque, estes, não se calam.
meditar a palavra
Obedecer a Deus e não aos homens é a força que vem do Espírito Santo. Iluminados pelo acontecimento Pascal, morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos perderam o medo que os mantinha fechados em casa. Agora falam abertamente em todos os lugares, até mesmo diante das autoridades que os querem silenciar. A experiência da ressurreição altera a forma como nos situamos diante da vida, de Deus e dos homens. Aquele que se encontra com Cristo ressuscitado perde o medo do ridículo, e lança-se na obediência à vontade de Deus. Esta certeza deve estar presente em todas as nossas relações. Não facilitamos, não compactuamos, não baixamos a guarda. Corajosamente dizemos a todos: «Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens. O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós destes a morte, suspendendo-O no madeiro. Deus exaltou-O pelo seu poder, como Chefe e Salvador”.
rezar a palavra
Nem sempre é fácil dizer a verdade, afirmar convictamente as nossas ideias, apresentar e testemunhar a nossa fé. Muitas vezes temo o que os outros podem dizer, os seus comentários jocosos e as suas críticas perseguidoras. Dá-me, Senhor, a coragem dos apóstolos para dizer como eles “Deve obedecer-se antes a Deus que aos homens”.
compromisso
É fácil tremer diante dos homens. Vou analisar a minha vida e ver a quem é que ainda temo mais do que a Deus.
Evangelho Jo 3, 31-36
Naquele tempo,
disse Jesus a Nicodemos:
«Aquele que vem do alto
está acima de todos;
quem é da terra,
à terra pertence e da terra fala.
Aquele que vem do céu
dá testemunho do que viu e ouviu;
mas ninguém recebe o seu testemunho.
Quem recebe o seu testemunho
confirma que Deus é verdadeiro.
De facto, Aquele que Deus enviou diz palavras de Deus,
porque Deus dá o Espírito sem medida.
O Pai ama o Filho e entregou tudo nas suas mãos.
Quem acredita no Filho tem a vida eterna.
Quem se recusa a acreditar no Filho não verá a vida,
mas a ira de Deus permanece sobre ele».
compreender a palavra
O texto, que faz parte do diálogo com Nicodemos, está construído a partir da dicotomia céu terra, vida morte, fé incredulidade, salvação condenação. Jesus vem do céu, tem um testemunho do céu, diz palavras de Deus, tem o Espírito, tem tudo nas suas mãos, tem a vida e dá a vida. Os homens são da terra, falam da terra, carecem de vida. Quem acolhe o testemunho de Jesus e acredita nele confirma que Deus é verdadeiro e tem a vida nele. Quem não aceita o seu testemunho recebe a ira de Deus e não a vida.
meditar a palavra
Vivo tão mergulhado nas coisas deste mundo que às vezes até me esqueço que há céu. Preocupo-me tanto com as coisas da terra que me esqueço que há Deus. Preocupo-me tanto com o corpo que me esqueço que tenho alma, a qual só vive se viver do Espírito de Cristo. Preciso de escutar mais e melhor o testemunho de Cristo, de acolhê-lo em mim, para me tornar nascente de vida nova a jorrar para a eternidade.
rezar a palavra
Que eu diga palavras de Deus, como Jesus, Senhor. Que a minha boca não se abra apenas para as banalidades deste mundo, mas que as minhas palavras possam ser reveladoras da verdade que me comunicas pela fé. Faz de mim um lugar de eternidade para todos.
compromisso
Vou reavaliar a minha vida para não me tornar demasiado terreno sem dar por isso.