Memória
A Igreja celebra neste dia o martírio de João Batista, que o rei Herodes Antipas fez prisioneiro na fortaleza de Maqueronte, na atual Jordânia, e que, na festa do seu aniversário, a pedido da filha de Herodíades, mandou degolar. Deste modo, o Precursor do Senhor, como luz que arde e ilumina, deu testemunho da verdade, tanto na vida como na morte.


Leitura I Jr 1, 17-19 

Naqueles dias, o Senhor dirigiu-me a palavra, dizendo: «Cinge os teus rins e levanta-te, para ires dizer tudo o que Eu te ordenar. Não temas diante deles, senão serei Eu que te farei temer a sua presença. Hoje mesmo faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze, diante de todo este país, dos reis de Judá e dos seus chefes, diante dos sacerdotes e do povo da terra. Eles combaterão contra ti, mas não poderão vencer-te, porque Eu estou contigo para te salvar».

Compreender a Palavra
Recordando o martírio de João Batista, a igreja propõe esta passagem do profeta Jeremias, por se identificar com a missão e vida do mártir, precursor da vinda do Messias. Deus dirige a palavra ao profeta, enviando-o a comunicar ao povo, aos seus chefes e sacerdotes, uma palavra difícil de ouvir. Deus sabe que vão resistir com violência às palavras do profeta porque são denúncia da sua conduta, mas, porque Deus não abandona aquele que envia, também não aceita que ele, por receio, vacile diante da missão. As palavras do texto bíblico são claras “Não temas diante deles, senão serei eu que te farei temer a sua presença”. A presença do Senhor naqueles que são seus enviados é poderosa “Faço de ti uma cidade fortificada, uma coluna de ferro e uma muralha de bronze… não poderão vencer-te”.

Meditar a Palavra
Como Jeremias também João Batista se sentiu chamado a uma missão especial e a confiar com fortaleza até ao martírio naquele que o chamou e enviou a anunciar. Todos, hoje, diante desta página da Escritura, sentimos que Deus nos chama a comunicar a sua palavra, palavra da verdade, ao mundo que nos rodeia. Os caminhos do Senhor são diversos mas também há caminhos que não são do Senhor. Por isso, é necessário anunciar com coragem e fortaleza a verdade anunciada por Jesus, para em todos os homens se manifeste a presença de Deus e todos sejam salvos pelo reconhecimento da verdade. 

Rezar a Palavra
Diante da tua palavra, Senhor, sinto que me chamas a uma vida mais autêntica, longe de qualquer fingimento. Sinto que me fortaleces para comunicar aos meus irmãos o caminho de Jesus, aquele que pode salvar os nossos corações indecisos, perdidos e confusos, diante dos muitos caminhos da vida. 

Compromisso
Quero confiar na presença de Deus que me fortalece nas lutas de cada dia.


Evangelho: Mc 6, 17-29

Naquele tempo, o rei Herodes mandara prender João e algemá-lo no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher do seu irmão Filipe, que ele tinha tomado por esposa. João dizia a Herodes: «Não podes ter contigo a mulher do teu irmão». Herodíades odiava João Batista e queria dar-lhe a morte, mas não podia, porque Herodes respeitava João, sabendo que era justo e santo, e por isso o protegia. Quando o ouvia, ficava perturbado, mas escutava-o com prazer. Entretanto, chegou um dia oportuno, quando Herodes, no seu aniversário natalício, ofereceu um banquete aos grandes da corte, aos oficiais e às principais personalidades da Galileia. Entrou então a filha de Herodíades, que dançou e agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: «Pede-me o que desejares e eu to darei». E fez este juramento: «Dar-te-ei o que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino». Ela saiu e perguntou à mãe: «Que hei de pedir?». A mãe respondeu-lhe: «Pede a cabeça de João Batista». Ela voltou apressadamente à presença do rei e fez-lhe este pedido: «Quero que me dês sem demora, num prato, a cabeça de João Batista». O rei ficou consternado, mas por causa do juramento e dos convidados, não quis recusar o pedido. E mandou imediatamente um guarda, com ordem de trazer a cabeça de João. O guarda foi à cadeia, cortou a cabeça de João e trouxe-a num prato. A jovem recebeu-a e entregou-a à mãe. Quando os discípulos de João souberam a notícia, foram buscar o seu cadáver e deram-lhe sepultura.

Compreender a Palavra
O texto evangélico apresenta uma série de relações estabelecidas a partir do pecado e as consequências a que podem levar os compromissos estabelecidos por causa do mesmo pecado. Atuam aqui duas forças claramente opostas e de diferente poder, de um lado o mal com todas as suas características e insídias e de outro, a verdade. As forças do mal parecem vencer porque levam à morte do adversário, mas o texto deixa entrever que o justo não termina a sua vida nem a sua influência com a morte. Em concreto a história mostra-nos que Herodes tomou como esposa a mulher de seu irmão. João Batista condena esta ligação e ganha o ódio de Herodíades. O rei parece acalmar o seu remorso ao ouvir João que o chama à razão, mas a força do pecado é mais forte que as palavras de João. A ocasião surge e Herodes não foi capaz de se comprometer com as palavras de João, mas compromete-se com as suas próprias palavras que o levam a mandar cortar a cabeça do profeta. Como em todas as situações de pecado, a morte de João está embrulhada na ilusão de uma festa, escondida na noite do mal e deve ser executada sem demora. Do outro lado estão os discípulos de João que recolhem o corpo e lhe dão sepultura.

Meditar a Palavra
Dentro de mim existem continuamente duas forças antagónicas que reclamam a minha atenção e dedicação. A liberdade parece imperar apenas do lado do bem. As forças do mal mostram-se sensatas, libertadoras, apaziguadoras da consciência. Parece fácil entregar-lhes a vida. As forças do bem parecem sem sentido, esmagadoras da minha liberdade, opressoras e limitadoras da vida que se apresenta promissora. No final as consequências são sempre a morte de alguém. A minha morte, a morte dos que estão perto ou a morte dos inocentes. Alguém fica mal quando eu peco e o sabor final da vitória mostra-se na sua total verdade como uma derrota. Quando não me comprometo com a palavra de Deus comprometo-me com a minha palavra. Quando não entro na alegria de Deus mergulho na algazarra da festa dos homens. Quando não entro na luz termino rodeado de trevas. O pecado chama-me sem demora e não resisto se não estiver comprometido com Deus. 

Rezar a Palavra
É tão difícil ouvir estas palavras “não podes”. Porque será, Senhor, que me deixo seduzir tão facilmente por aquilo que “não posso”? Porque questiono tanto os porquês da proibição? Queria ser sensato e procurar as razões que fundamentam a vida livre e feliz dos que procuram o bem, dos que desejam a verdade, dos que se alegram com a tua vontade. Mostra-me, Senhor, como é escorregadio o caminho do mal.

Compromisso
Vou analisar a minha vida para cortar com todas as minhas decisões que são compromisso com o mal.