Virgem santa Maria do Monte Carmelo

Memória

As Sagradas Escrituras celebram a beleza do Carmelo, onde o profeta Elias reconduziu o povo de Israel ao culto do Deus vivo. No século XII, alguns eremitas foram viver para aquele monte à procura de solidão e constituíram uma Ordem dedicada à vida contemplativa, sob o patrocínio da Virgem Maria, Mãe de Deus.

Leitura I (anos ímpares) Ex 3, 1-6.9-12

Naqueles dias,
Moisés apascentava o rebanho de Jetro,
seu sogro, sacerdote de Madiã.
Ao levar o rebanho para além do deserto,
chegou ao monte de Deus, Horeb.
Apareceu-lhe então o Anjo do Senhor
numa chama ardente, do meio de uma sarça.
Moisés olhou para a sarça, que estava a arder,
e viu que a sarça não se consumia.
Então disse Moisés: «Vou aproximar-me,
para ver tão assombroso espetáculo:
por que motivo não se consome a sarça?».
O Senhor viu que ele se aproximava para ver.
Então Deus chamou-o do meio da sarça:
«Moisés, Moisés!».
Ele respondeu: «Aqui estou!».
Continuou o Senhor:
«Não te aproximes.
Tira as sandálias dos pés,
porque o lugar que pisas é terra sagrada».
E acrescentou: «Eu sou o Deus de teus pais,
Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacob».
Então Moisés cobriu o rosto, com receio de olhar para Deus.
Disse-lhe o Senhor:
«O clamor dos filhos de Israel chegou até Mim;
vi também a violência com que os egípcios os oprimem.
Agora põe-te a caminho, que Eu vou enviar-te ao faraó,
para que tires do Egito o meu povo, os filhos de Israel».
Moisés disse a Deus:
«Quem sou eu, para ir à presença do faraó
e tirar do Egito os filhos de Israel?».
Deus respondeu-lhe:
«Eu estarei contigo
e este é o sinal de que fui Eu que te enviei:
Quando tirares o povo do Egito,
adorareis a Deus neste monte».

compreender a palavra
Moisés guardava o rebanho e, naquele dia, saiu do deserto e subiu ao monte. Ali deparou-se com uma sarça que ardia sem se consumir. Diz o texto que era o anjo do Senhor. Da sarça ouviu-se uma voz quando Moisés se aproximou. Essa voz revelou o Senhor Deus de seus pais, o Deus que fala. Impede-o de se aproximar e manda tirar as sandálias. Moisés cobre o rosto e aguarda. Quem é realmente este Senhor e o que pretende? Deus revela a Moisés a sua preocupação pelo povo que, oprimido no Egito, fez chegar até ele o seu grito. Moisés não é senão um assassino fugitivo. Não pode voltar ao Egito. Mas Deus transmite-lhe a sua preocupação e Moisés acolhe a missão.

meditar a palavra
Moisés é um homem escondido no meio do deserto da sua vida, porque tinha assassinado um egípcio. O resto dos seus dias seriam passados ali a guardar o rebanho de seu sogro se, naquele dia, não se tivesse atrevido a ir além do deserto e não se arriscasse subindo ao monte. Saiu e subiu e encontrou-se com Deus pela curiosidade da sarça que ardia sem se consumir. Deus fala-lhe do seu povo que está oprimido, mas isso não é suficiente. Que tenho eu a ver com o meu irmão que sofre? Que posso eu fazer se a sua condição me ultrapassa e eu sou demasiado limitado para o libertar da sua opressão? Enquanto Deus não lhe comunicar a sua solicitude pelo povo, Moisés não vai entender. Também nós não entenderemos enquanto o Senhor não colocar nos nossos corações os sentimentos que movem o seu coração pelo homem que sofre a nosso lado. O outro, caído a nosso lado, à nossa porta, bem perto dos nossos olhos é um desconhecido, um estranho, enquanto não o reconhecermos como um lugar onde Deus arde de amor como na sarça de Moisés. Quando acolhemos os sentimentos de Deus pelo homem ferido, percebemos nele um lugar de Deus e queremos tocar na carne de Cristo magoado, ofendido, sofredor, abandonado.

rezar a palavra
Mostra-me, Senhor, o teu rosto no rosto dos meus irmãos caídos, magoados, feridos, cansados, oprimidos pelo peso da vida. Faz de mim um instrumento para a libertação, alívio e descanso dos meus irmãos abandonados.

compromisso
Alguém hei de encontrar hoje a quem tenho que libertar sem encontrar desculpas.


Evangelho Mt 11, 25-27

Naquele tempo, Jesus exclamou:
«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra,
porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes
e as revelaste aos pequeninos.
Sim, Pai, Eu Te bendigo,
porque assim foi do teu agrado.
Tudo Me foi dado por meu Pai.
Ninguém conhece o Filho senão o Pai
e ninguém conhece o Pai senão o Filho
e aquele a quem o Filho o quiser revelar».

compreender a palavra
Jesus, na sua oração, bendiz o Pai pela sua atitude para com os pequeninos. A atitude do Pai é reconhecida por Jesus como admirável aos seus olhos. Deus atua de modo distinto do esperado pelos homens e revela-se aos que menos esperam. A sua atuação é digna de louvor por valorizar e se dar a conhecer aos últimos, aos pequenos, aos que se prostram.

meditar a palavra
Espero tantas coisas de Deus. Espero mesmo muitas respostas que demoram e parece nunca mais chegarem. Esqueço que Deus não se revela aos que julgam conhecer os seus mistérios e dominar a sua vontade. Preciso tornar-me pequeno, simples, humilde, último, para poder ver a revelação de Deus. Vejo agora, que é preciso cair, prostrar-me de rosto por terra para poder conhecer Deus no seu mistério. É quando me confundo com o pó que me reconheço obra das mãos de Deus. É quando me reconheço nada que o posso contemplar.

rezar a palavra
“Eu te bendigo”. Também o meu coração deseja bendizer-te e louvar-te por tudo quanto revelas do mistério que me salva. Também as minhas palavras anseiam brotar de um coração humilde, capaz de te reconhecer como Deus e Senhor do céu e da terra. Ensina-me, Senhor, a pequenez necessária para te conhecer e contemplar a tua revelação.

compromisso
Deus vai revelar-se na minha vida de hoje. Serei suficientemente pequeno para o poder ver?