São Pio de Pietrelcina, presbítero
Memória
Pio de Pietrelcina (Francisco Forgione) nasceu em Pietrelcina, na região de Benevento, na Itália, no ano de 1887. Ingressou na Ordem dos Frades Menores Capuchinhos e, ordenado presbítero, exerceu o ministério com grande diligência pastoral, especialmente no convento da localidade de San Giovánni Rotondo, na Apúlia, região do sul de Itália. Serviu o povo de Deus com grande espírito de oração e humildade, na direção espiritual dos fiéis, na reconciliação dos penitentes e na dedicação providente pelos enfermos e os pobres. Plenamente configurado com Cristo crucificado, completou a sua peregrinação terrena no dia 23 de setembro de 1968.

LEITURA I (Anos Ímpares) Esdras 6, 7-8.12b.14-20

Naqueles dias,
Dario, rei da Pérsia,
escreveu às autoridades da província ocidental do Eufrates,
dizendo:
«Deixai o governador de Judá e os anciãos dos judeus
prosseguir os trabalhos do templo de Deus.
Sobre o trabalho que os anciãos dos judeus estão a realizar
para a reconstrução do templo de Deus no seu local primitivo,
ordeno que se pague tudo o que esses homens gastarem,
pontualmente e sem interrupção,
usando para isso as rendas reais dos impostos recolhidos
na província ocidental do Eufrates.
Fui eu, Dario, que dei esta ordem:
deve ser fielmente cumprida».
Então os anciãos dos judeus retomaram com êxito a construção,
encorajados pelas palavras dos profetas Ageu
e Zacarias, filho de Ido.
Levaram a construção a bom termo,
segundo a vontade do Deus de Israel
e a ordem de Ciro e de Dario, reis da Pérsia.
O templo de Deus foi concluído no terceiro dia do mês de Adar,
no sexto ano do reinado de Dario.
Os filhos de Israel
_ os sacerdotes, os levitas e os outros exilados _.
celebraram alegremente a dedicação do templo de Deus.
Para esta dedicação do templo de Deus,
ofereceram cem touros, duzentos carneiros, quatrocentos cordeiros,
e, como sacrifício pelo pecado de todo o Israel,
doze cabritos, segundo o número das tribos de Israel.
Estabeleceram também os sacerdotes segundo as suas classes
e os levitas segundo os seus turnos,
para o serviço divino em Jerusalém,
conforme está escrito no livro de Moisés.
Os repatriados celebraram a Páscoa
no dia catorze do primeiro mês.
Como todos os sacerdotes e os levitas, sem exceção,
se tinham purificado,
todos estavam puros e puderam imolar a Páscoa
para todos os exilados, para os seus irmãos sacerdotes
e para si próprios.

Compreender a Palavra
O regresso do exílio em Babilónia está marcado por sinais muito interessantes que são relatados neste texto de Esdras. O rei da Persia, muito embora não seja judeu, torna-se instrumento de Deus para a libertação do povo. Efetivamente, o tempo de castigo tinha terminado. O pecado do povo estava expiado pelo sofrimento. O grande sinal desta libertação é o regresso à sua terra e a reconstrução do templo, símbolo da presença de Deus no meio do seu povo. Dario dá ordens para que se paguem, dos impostos, o que for necessário para os trabalhos de reconstrução e os profetas Ageu e Zacarias incentivam o povo. Depois de concluído o povo celebra alegremente a dedicação do templo. Organiza-se o serviço religioso, purificam-se os sacerdotes, e começam a celebrar-se as festas começando pela Páscoa no dia catorze do primeiro mês. 

Meditar a Palavra
Diante deste texto do Antigo Testamento percebemos que a libertação dos povos se realiza quando confluem para o mesmo objetivo duas vontades, a dos homens e a de Deus. O povo caído em desgraça e desterrado para Babilónia por causa das suas decisões erradas e à margem da vontade de Deus, não deixa de ser o povo de Deus. Deus continua a nutrir por este povo um amor incondicional, por isso, procura a sua libertação e regresso a Israel. Mas a vontade de Deus não chega para que se concretize este desejo, é necessário que os homens também aceitem que a libertação aconteça. São dois reis, Ciro e Dario que intervêm colaborando com o projeto de Deus. Eles não são judeus mas servem de instrumentos para a libertação. Se por um lado, a libertação aparece com os contornos de uma decisão política, por outro lado, ela é fruto de uma vontade divina. Os profetas Ageu e Zacarias incentivam o povo com palavras corajosas. Da confluência das duas vontades surge um povo restaurado com uma identidade que lhe vem de Deus, porque pode agora celebrar as suas festas religiosas.

Rezar a Palavra
No meio do povo está o templo, a tua casa, Senhor, o lugar onde os homens se encontram contigo. Desse encontro vem uma dignidade que apaga os tempos passados, os passos mal andados, as decisões erradas, os momentos de dor e sofrimento. Na tua casa celebramos a vida nova, a libertação, a Páscoa de cada dia que recorda a força do teu braço e o poder do teu amor que nos reconstrói de todas as derrocadas. 

Compromisso
Reconheço o poder de Deus na minha vida quando me levanta do chão e me recorda que sou filho.


Evangelho: Lc 8, 19-21

Naquele tempo,
vieram ter com Jesus sua Mãe e seus irmãos,
mas não podiam chegar junto d’Ele por causa da multidão.
Então disseram-Lhe:
«Tua Mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-Te».
Mas Jesus respondeu-lhes:
«Minha mãe e meus irmãos
são aqueles que ouvem a palavra de Deus
e a põem em prática».

Compreender a Palavra
Lucas narra um episódio simples da vida quotidiana, muito natural, na medida em que Jesus estava sempre rodeado por multidões. O facto é que a mãe de Jesus chegou ao local onde ele se encontrava, acompanhada por alguns parentes (aos parentes podia chamar-se irmãos) e não consegue aproximar-se de Jesus por causa da multidão. A mesma multidão que informa Jesus da chegada de sua mãe é a multidão que não permite o encontro entre ambos, impedem que o vejam. Este acontecimento natural, é aproveitado por Jesus para ensinar à multidão algo muito importante. Com Jesus nasce uma comunidade de discípulos que estão unidos por laços mais fortes que os laços do sangue e da carne. São laços que nascem da escuta da palavra e do seguimento que é cumprimento da palavra. Para estes, não é necessário ver Jesus, mas é fundamental a fé que nasce da escuta da Palavra. Maria é aquela que estabeleceu laços com Jesus que vão além dos laços da maternidade.

Meditar a Palavra
As palavras de Jesus não desprezam os laços familiares, mas põem em evidência outros laços mais importantes e mais fortes, contra os quais nem a família se pode opor. De facto, aquele que, pela escuta da Palavra, encontra a fé em Jesus, estabelece com ele e com os outros crentes, uma nova família caracterizada pela fé e pela obediência a Cristo. A Palavra só está suficientemente assimilada quando faz brotar em mim esta relação familiar com Cristo e com os irmãos. Agora, as pessoas já não se unem porque são da mesma carne e do mesmo sangue, mas porque experimentam e vivem a mesma fé em Jesus. Estou disponível para aceitar os outros como irmãos?

Rezar a Palavra
Sei que não posso ver-te, Senhor, embora meus olhos o desejem. Sei que entre nós se levanta o impedimento do tempo que me ofusca a tua imagem. Só posso ver-te na Palavra do evangelho e na comunidade dos irmãos. Ensina-me a comunicação da fé, a partilha da palavra, o empenhamento na acção, para que saiba ser família com os irmãos. Ajuda-me a vencer os meus impedimentos interiores que não me permitem aceitar os outros como membros da tua família.

Compromisso
Vou rezar pela minha comunidade cristã, por todos e cada um dos seus membros procurando na oração acolher com amor os irmãos de quem estou mais afastado.