S. Boaventura, bispo e doutor da Igreja
Memória
Boaventura nasceu aproximadamente no ano 1218, em Bagnoregio, na Etrúria, região da Itália. Estudou Filosofia e Teologia em Paris, e, a seguir, ensinou as mesmas disciplinas aos seus irmãos da Ordem dos Frades Menores. Foi eleito ministro geral da sua Ordem, cargo que exerceu com prudência e sabedoria. Nomeado cardeal bispo de Albano participou no segundo Concílio de Lyon, trabalhando pela unidade da Igreja, vindo aí a falecer em 15 de julho de 1274. Escreveu muitas obras filosóficas e teológicas, destacando o seu Itinerário da mente para Deus.

Leitura I Is 38, 1-6.21-22.7-8
Naqueles dias, Ezequias, rei de Judá, contraiu doença mortal. O profeta Isaías, filho de Amós, foi visitá-lo e disse-lhe: «Assim fala o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque vais morrer e não viverás». Ezequias voltou o rosto para a parede e orou ao Senhor, dizendo: «Lembrai-Vos, Senhor, como tenho procedido fielmente e de coração sincero na vossa presença, como tenho feito sempre o que agrada aos vossos olhos». Depois, Ezequias rompeu num grande choro. Então a palavra do Senhor foi dirigida a Isaías, com esta mensagem: «Vai dizer a Ezequias: Assim fala o Senhor, Deus de teu pai David: Escutei a tua prece e vi as tuas lágrimas. Vou acrescentar à tua vida mais quinze anos e hei de livrar-te das mãos do rei da Assíria, a ti e a esta cidade, que Eu protegerei». Disse então Isaías: «Trazei um bolo de figos, aplicai-o sobre a chaga e o rei ficará curado». Ezequias perguntou: «Que sinal terei de que volto a subir ao templo do Senhor?». Isaías respondeu-lhe: «O sinal da parte do Senhor de que cumprirá a sua palavra é este: Vou fazer que a sombra do relógio de sol de Acaz volte para trás dez graus, que nele tinha avançado». E o sol desandou dez graus que avançara no quadrante.

compreender a palavra
A doença de Ezequias transformou-se num lugar de encontro com Deus e da manifestação do seu poder sobre todos os inimigos do homem. A doença de Ezequias é mortal, mas mortal é também o poder do exército da Assíria. Isaías vai informar o rei sobre a gravidade da sua situação e aconselha-o a tomar a atitude certa diante de Deus naquele momento: “Põe em ordem a tua casa, porque vais morrer”. É um conselho sensato. No entanto, Ezequias vai mais longe e reza ao Senhor. “Lembrai-Vos, Senhor, como tenho procedido fielmente e de coração sincero na vossa presença, como tenho feito sempre o que agrada aos vossos olhos”. A oração agrada a Deus e é escutada, porque Deus sempre escuta o homem, e manda-lhe um recado pelo profeta: “Escutei a tua prece e vi as tuas lágrimas”. O Senhor não o livra apenas da doença, mas da morte e dos inimigos que atentam contra a sua vida e contra a cidade.

meditar a palavra
As lágrimas são muitas vezes a única oração que nos resta. As situações que passam por nós e que os outros não entendem, nem mesmo “o profeta”, porque a experiência pessoal ultrapassa todos os limites da razão, só Deus a pode compreender. As lágrimas abrem horizontes de eternidade à nossa experiência a afundam a nossa dor no mistério de Deus. E a oração saída das lágrimas, nos limites da nossa fragilidade, mostram a única solução que nos resta. Só Deus me pode salvar. “O rei ainda podia dizer “Lembrai-Vos, Senhor, como tenho procedido fielmente e de coração sincero na vossa presença, como tenho feito sempre o que agrada aos vossos olhos”, mas nós, nem isso podemos dizer muitas vezes, porque não é verdade. Andamos longe de Deus, fora dos seus caminhos. Ainda assim, o Senhor não quer a nossa morte, mas que vivamos e, por isso, nos salva acrescentando vida à vida que nos vai faltando. E podemos ouvir como Ezequias: “Escutei a tua prece e vi as tuas lágrimas”.

rezar a palavra
Escuta, Senhor, as minhas lágrimas na manhã deste novo dia. Só tu conheces o meu coração e sabes as razões da minha prostração. A minha vida é como a do soldado em constante perigo, é como a do pássaro, sempre diante do laço do caçador. Só tu podes livrar-me da morte e libertar de todas as angústias o meu coração.

compromisso
O Senhor escuta a minha prece e vê as minhas lágrimas.

Evangelho Mt 12, 1-8
Naquele tempo, Jesus passou através das searas em dia de Sábado e os discípulos, sentindo fome, começaram a apanhar e a comer espigas. Os fariseus viram e disseram a Jesus: «Vê como os teus discípulos estão a fazer o que não é permitido ao Sábado». Jesus respondeu-lhes: «Não lestes o que fez David, quando ele e os seus companheiros sentiram fome? Entrou na casa de Deus e comeu dos pães da proposição, que não era permitido comer, nem a ele nem aos seus companheiros, mas somente aos sacerdotes. Também não lestes na Lei que, ao Sábado, no templo, os sacerdotes violam o repouso sabático e ficam isentos de culpa? Eu vos digo que está aqui alguém que é maior que o templo. Se soubésseis o que significa: ‘Eu quero misericórdia e não sacrifício’, não condenaríeis os que não têm culpa. Porque o Filho do homem é Senhor do Sábado».

compreender a palavra
A questão do Sábado é muito pertinente para os fariseus. Guardar o Sábado com todas as suas prescrições e exigências é uma escravatura, um peso que se coloca aos ombros dos judeus em geral. Por circunstâncias evidentes os discípulos passam entre as searas num dia de Sábado e colhem espigas para comer. A reclamação junto de Jesus faz-se ouvir. Jesus responde mostrando que há circunstâncias em que a lei é quebrada e salienta que ele é o senhor do Sábado. O importante não é a lei, mas a misericórdia.

meditar a palavra
Quando aprendemos a cumprir a lei podemos terminar subjugados por ela se a não cumprimos com inteligência. O Papa Bento XVI diz que “O homem que se faz senhor da verdade e depois a põe de parte, quando não se deixa dominar, coloca o poder acima da verdade. O poder torna-se a sua norma. Mas precisamente assim ele perde-se a si mesmo”. Esta palavra aplica-se aqui precisamente porque, se ponho a lei acima da verdade, termino sendo um justiceiro que deixa de ver o outro para ver apenas a infidelidade à lei. Deus, que nos deu preceitos e mandamentos não deixa de olhar para nós e de nos atender com misericórdia. Esta deve ser a minha atitude para com todos, mesmo para os que não cumprem a lei.

rezar a palavra
Senhor, as tuas leis e preceitos são para a minha salvação. Com a tua palavra pretendes elevar-me acima da pequenez da minha maneira de ver. Queres que eu me liberte da mesquinhez dos meus critérios sempre demasiado reduzidos que não deixam espaço para a vida, para o encontro, para a partilha, para a alegria, para o amor misericordioso. Dá-me a capacidade de ver mais além, até onde tu vez, para não ficar fechado nas leis e preceitos, mas chegar até ao coração do homem meu irmão a quem queres salvar.

compromisso
Hoje vou atender os homens, meus irmãos, em primeiro lugar.