Gálatas 3, 1-5

Ó gálatas insensatos, quem vos fascinou, depois de ter sido apresentada aos vossos olhos a imagem de Jesus Cristo crucificado? Só quero que me respondais ao seguinte: Foi por cumprirdes as obras da Lei de Moisés que recebestes o Espírito Santo, ou porque ouvistes a mensagem da fé? Sois tão insensatos que, tendo começado com o Espírito, acabais agora na carne? Foi em vão que recebestes tantos dons? Se é que foi em vão! Aquele que vos dá o Espírito e realiza milagres entre vós procede assim por cumprirdes as obras da Lei de Moisés, ou porque ouvistes a mensagem da fé?

Compreender a Palavra

A crise instalou-se nas comunidades evangelizadas por Paulo por causa da influência de alguns intolerantes que pretendem fazer valer a lei de Moisés acima do evangelho. Levados por estas ideias introduzidas nas comunidades, os cristãos acabam seguindo por essa vã maneira de pensar. Paulo questiona, então, os cristãos sobre a origem do Espírito que receberam. Este Espírito veio do cumprimento da lei ou de Jesus Cristo crucificado que lhes foi anunciado? Por quem foram realizados tantos milagres entre eles? Quem lhes concedeu os dons que neles se manifestaram? Afinal foi tão fácil seduzi-los para uma nova doutrina.

Meditar a Palavra

Quando a fé não está alicerçada na palavra do evangelho anunciada pelos apóstolos é fácil seduzir os corações para qualquer doutrina que se lhes queira oferecer. Só a verdadeira experiência de Cristo e de Cristo crucificado é alicerce perene para a fé. O crucificado é tudo quanto temos para tornar a nossa experiência de fé cristã, porque o crucificado é o ressuscitado e nele encontramos a manifestação do Espírito que nos ensina toda a verdade. De onde nos vem então o Espírito, do cumprimento da lei ou do encontro com Cristo por meio do seu evangelho? Pergunta Paulo. Se é do Evangelho, então porque andamos preocupados em cumprir uma série de hábitos e tradições a que nos prendemos e a justificar com eles a nossa fé, quando ela depende do encontro com Cristo e da obediência à palavra do evangelho?

Rezar a palavra

A lei, Senhor, é para nós a forma fácil de nos afirmarmos como cristãos. Entendemos que, por cumprir determinados gestos a que nos agarrámos por tradição, estamos a ser bons cristãos. No entanto, o evangelho chama-nos a obedecer não a tradições, nem a ideias e práticas que surgem como moda em todos os tempos e lugares, mas em escutar a tua palavra pondo-a em prática pela obediência à tua vontade. Ensina-me, Senhor, a vencer em mim as superstições que apaziguam a minha consciência mas não me dão a tranquilidade interior do encontro contigo e a desejar viver na tua intimidade, apesar de saber que é bem mais difícil e dolorosa esta experiência do que o cumprimento da lei.

Compromisso

Obedecer ao evangelho é mais difícil mas mais realizador do que cumprir preceitos e tradições.

 


 

Evangelho: Lc 11, 5-13

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se algum de vós tiver um amigo, poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer: ‘Amigo, empresta-me três pães, porque chegou de viagem um dos meus amigos e não tenho nada para lhe dar’. Ele poderá responder lá de dentro: ‘Não me incomodes; a porta está fechada, eu e os meus filhos já nos deitámos; não posso levantar-me para te dar os pães’. Eu vos digo: Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência, levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa. Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra, e a quem bate à porta, abrir-se-á. Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente? E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião? Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».

Compreender a Palavra

Lucas apresenta-nos uma catequese de Jesus sobre a oração. Os quatro primeiros versículos do capítulo 11 são um pedido dos apóstolos a Jesus para que os ensine a rezar. Então, Jesus, ensina-lhes a oração do Pai nosso, logo de seguida surge o texto que meditamos. Com uma parábola Jesus pretende ensinar os discípulos sobre a perseverança na oração. A parábola apresentada combina a amizade com a hospitalidade e as dificuldades que pode encontrar aquele que tem um amigo e o visita de noite. Após a parábola Jesus apresenta uma série de ditos que pretendem renovar a confiança de quem tem que bater à porta, pedir ou procurar. Pretende também chamar à confiança porque a porta a que batemos na oração é o coração do Pai que não defrauda as expectativas dos filhos e sempre os atende.

Meditar a Palavra

Quando alguém, na sua casa, na sua vida, não tem pão tem tristeza. Nestas circunstâncias sentamo-nos à mesa com todos os que vêm para nos mostrar que sim, que a minha vida não vale, que não tenho nada, que não há nada para mim. É aí, na noite da vida sem pão que Jesus me convida a sair de mim e a bater insistentemente na sua porta, na porta de Deus, para que o seu pão, o pão da alegria que ele tem para me dar, transforme a minha mesa, a minha vida em luz e alegria que afasta todas as tentações do nada que querem tomar conta da minha vida e da vida dos meus irmãos. Não posso perder a confiança de que serei atendido porque Deus é meu Pai e nunca me deixará sem o alimento do Espírito de que necessito para viver em alegria. Esta é a experiência da fé, a experiência de quem percebe que “a porta da fé está sempre aberta”.

Rezar a Palavra

Põe a mesa na minha vida, Senhor. Que haja sempre pão dos fortes e vinho da alegria na minha mesa, para que não se sentem comigo a tristeza e o desânimo, mas esteja sempre disposto a partilhar com todos os que, de noite, me visitam. Que o teu pão reforce a minha confiança e a dos que de noite se vêm sem ninguém por quem chamar e sem porta onde bater.

Compromisso

Vou procurar o alimento da oração que me é dado em abundância por Jesus e reparti-lo pelos irmãos.