S. João Maria Vianney, presbítero
Memória
João Maria Vianney nasceu em Lyon, na França, no ano 1786. Depois de superar muitas dificuldades, pôde ser ordenado presbítero. Tendo-lhe sido confiada a paróquia de Ars, na diocese de Belley, promoveu nela, admiravelmente, a vida cristã, por meio da pregação assídua, a oração e o exemplo de penitência. Todos os dias explicava o catecismo aos mais pequenos e aos adultos, reconciliava os penitentes e com a sua ardente caridade – que hauria da sua fonte primordial, a Santíssima Eucaristia –, resplandeceu de tal modo que acorriam fiéis de todas as partes para escutar os seus santos conselhos. Morreu em 1859. É modelo e patrono do clero paroquial.

Leitura I (anos ímpares) Nm 13, 1-2.25 — 14, 1.26-29.34-35
Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés, no deserto de Parã: «Manda alguns homens observar a terra de Canaã, que Eu vou dar aos filhos de Israel. Envia um homem por cada uma das vossas tribos paternas e todos sejam dos principais entre eles». Passados quarenta dias, os homens regressaram, depois de terem observado a terra. Vieram ter com Moisés, Aarão e toda a comunidade dos filhos de Israel, ao deserto de Parã, em Cades. Fizeram-lhes então o seu relato, a eles e a toda a comunidade, e mostraram-lhes os frutos da terra. Eis o que eles contaram: «Entrámos no país ao qual nos enviaste; é de facto uma terra onde corre leite e mel e aqui estão os seus frutos. Mas o povo que o habita é poderoso, as cidades são muito grandes e fortificadas e até lá vimos descendentes de Anac. Os amalecitas ocupam a região do Negueb; os hititas, os jebuseus e os amorreus vivem na serra; e os cananeus habitam junto ao mar e à beira do Jordão». Caleb procurou acalmar o povo, que começava a sublevar-se contra Moisés, e disse: «Subamos e conquistemos aquele país, porque certamente sairemos vencedores». Mas os homens que tinham ido com ele disseram: «Não podemos avançar contra aquele povo, porque é mais forte do que nós». E começaram a dizer mal da terra que tinham ido observar, dizendo aos filhos de Israel: «A terra que fomos observar é um país que devora os seus habitantes e toda a gente que ali vimos são homens de grande estatura. Vimos lá os gigantes os filhos de Anac, descendentes de gigantes. Ao seu lado nós parecíamos gafanhotos e era assim que eles também nos olhavam». Então toda a comunidade de Israel levantou a voz em altos brados e o povo passou aquela noite a chorar. O Senhor falou a Moisés e a Aarão, dizendo: «Até quando esta comunidade perversa continuará a murmurar contra Mim? Eu ouvi as murmurações dos filhos de Isarel contra Mim. Vai dizer-lhes: ‘Por minha vida – oráculo do Senhor – Eu vos tratarei segundo as próprias palavras que pronunciastes aos meus ouvidos. Neste deserto cairão os cadáveres de todos vós que fostes recenseados de vinte anos para cima e murmurastes contra Mim. Vós observastes aquela terra durante quarenta dias. A cada dia corresponderá um ano. Pois bem: durante quarenta anos suportareis o peso das vossas faltas e sabereis quanto custa provocar a minha indignação. Fui Eu, o Senhor, que falei. É assim que tratarei esta comunidade perversa, que se amotinou contra Mim. Serão consumidos neste deserto e nele morrerão’».

compreender a palavra
A terrível consequência do medo numa comunidade frágil, pobre e cansada, como era Israel ao chegar à terra prometida é o que expõe o livro dos números. Os enviados de Moisés à terra onde haviam de entrar por ordem do Senhor, começam por trazer boas notícias, mas o medo de avançar contra os povos ali instalados leva-os a exagerar quanto à sua força e até à sua estatura. As muralhas construídas à volta das cidades não deixam ver o suficiente, mas parecem ter sido construídas por gente muito forte e poderosa. Perante as palavras de Caleb “Subamos e conquistemos aquele país, porque certamente sairemos vencedores”, enchem-se de temor e começam a dizer mal da terra que viram, fazendo crer que se trata de uma terra inóspita. O povo cai em desespero e passa a noite a chorar. Deus, que ouve a murmuração do povo e sente a sua recusa em avançar por medo dos homens, dos perigos, do futuro, irrita-se contra eles. Ainda não tinham percebido que eram conduzidos por um Deus forte e poderoso que os tinha tirado do Egito.

meditar a palavra
Esquecer o que Deus fez por nós em tantos momentos da nossa história leva-nos, por vezes, a fazer a experiência da solidão. O medo perante o desconhecido, a angústia diante da incerteza do futuro, o sofrimento antecipado perante a suspeita de uma má notícia, leva-nos a cair no choro, na revolta, no desânimo. Parece que tudo à nossa volta está contra nós, que tudo corre mal, que não temos ninguém do nosso lado. O medo altera a nossa visão e sentimo-nos como gafanhotos diante de gigantes que se lançam contra nós. O Senhor, porém, está connosco. Ele está do nosso lado como aconteceu em outros momentos. Temer o quê ou quem se o Senhor está connosco. Nada nos fará temer se nos protege o Senhor nosso Deus, pois ele é maior que todos os nossos gigantes.

rezar a palavra
Senhor, a terra que calcamos com os nossos pés e que nossas mãos trabalham é uma terra difícil, é a nossa vida. Como encontrar nesta terra o tesouro, os frutos saborosos, o leite e o mel da promessa? Se não nos guiar a confiança, se o teu olhar não iluminar o nosso olhar, se as tuas palavras não ecoarem aos nossos ouvidos, facilmente nos perderemos nas vozes do medo. Não permitas que nos devorem os gigantes das nossas suspeitas nem as montanhas das nossas dúvidas, mas sempre nos conduza a certeza da fé que nos salva.

compromisso
Quero confiar ao Senhor a minha história, o meu passado e o meu futuro e viver o meu presente na certeza de que ele está comigo.

Evangelho Mt 15, 21-28
Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.

compreender a palavra
Jesus caminha em território pagão, Tiro e Sidónia, região pouco considerada. Ali encontra uma mulher que suplica compaixão. Jesus é a manifestação da compaixão de Deus pelo homem. O problema da mulher é a filha atormentada pelo demónio. Jesus parece não dar ouvidos. Os discípulos intercedem, para não terem que ouvir os gritos da mulher angustiada “Socorre-me, Senhor”. Jesus foi enviado às ovelhas da casa de Israel. A mulher humilha-se cada vez mais insistindo e pedindo para ser digna de receber as migalhas que caem da mesa do senhor como fazem os cachorrinhos. A humildade alcança compaixão.

meditar a palavra
É tão difícil ouvir o grito de súplica que os pobres elevam por cima da agitação frenética dos ricos. O grito dos pobres incomoda. Que fazer perante este grito angustiado? Não é fácil discernir a resposta a dar à súplica dos infelizes. Fácil é distrair-se com a própria vida e ficar a olhar para nós próprios para deixar de ouvir o grito dos infelizes. Fácil é encontrar razões e desculpas para não atender. Preciso de aprender com Jesus a ouvir os pobres e a estar presente como resposta ativa junto dos que mais precisam.

rezar a palavra
“Socorre-me, Senhor”. Esta é a minha súplica, Senhor. Socorre-me que pereço no meu comodismo, fechado no meu egoísmo, incapaz de atender os meus irmãos mais pobres. Socorre-me, Senhor, que se vai a minha vida sem pensar nos outros, sem os atender na sua infelicidade. Socorre-me, Senhor, que me vejo atormentado pelo demónio que me quer mergulhado em mim mesmo e esquecido de todos. Socorre-me, Senhor, pois só em ti encontrarei o descanso que procuro e a força para servir os irmãos.

compromisso
Quero fazer a experiência dos pobres que esperam pacientemente as migalhas que caem da mesa do senhor.