Santa Isabel da Hungria, religiosa
Memória
Isabel era filha de André II, rei da Hungria, e nasceu no ano 1207. Ainda muito jovem foi dada em matrimónio a Luís IV, landgrave da Turíngia, e teve três filhos. Dedicou‑se a uma vida de intensa meditação das realidades celestes e de caridade para com o próximo. Depois da morte de seu marido, renunciou aos seus bens e retirou-se, em Marburgo, cidade da Alemanha. Terceira Franciscana, fundou nessa cidade um hospital onde ela mesma cuidava os enfermos. Morreu aos vinte e cinco anos, no dia 17 de novembro do ano 1231.

Leitura I (anos ímpares) Sb 13, 1-9

Todos os homens que vivem na ignorância de Deus
são verdadeiramente insensatos,
porque, pelos bens visíveis,
não foram capazes de conhecer Aquele que é,
nem reconheceram o Artífice,
pela consideração das suas obras.
Mas foi o fogo, o vento, o ar ligeiro,
o ciclo dos astros, a água impetuosa ou os luzeiros do céu
que eles tomaram como deuses e senhores do mundo.
Se, fascinados pela beleza das coisas, as tomaram por deuses,
reconheçam quanto é mais excelente o seu Senhor,
pois foi o Autor da beleza que as criou.
Se o que os impressionou foi a sua força e energia,
compreendam quanto é mais poderoso Aquele que as fez.
Porque a grandeza e a beleza das criaturas,
conduzem, por analogia, à contemplação do seu Autor.
Contudo, esses homens incorrem apenas em ligeira censura,
porque talvez se extraviem,
buscando a Deus e desejando encontrá-Lo:
ocupados na investigação das suas obras,
deixam-se seduzir pelas aparências,
pois são belas as coisas que veem.
Mas nem esses têm desculpa:
se conseguiram obter tanta ciência
que podem examinar o mundo,
como não encontraram mais depressa o Senhor do mundo?

compreender a palavra
O autor do livro da Sabedoria assume-se do lado daqueles que acreditam que o homem pode chegar ao conhecimento de Deus através da criação. Efetivamente a beleza das obras criadas, o poder e a energia com que se manifestam aos nossos sentidos, não nos pode levar a esquecer o seu autor. Maravilhar-se com a beleza e poder da criação e esquecer que tudo isso lhes vem daquele que as criou é enganar-se a si mesmo e falsear a verdade. Poderíamos desculpar a insensatez daqueles que, procurando a Deus, seguem pelo caminho da investigação científica e se enganam extasiados pela contemplação das criaturas. Mas, conclui, se são tão inteligentes para as coisas do mundo como é que são lentos para o encontro com Deus?

meditar a palavra
Gosto de contemplar o mar, o nascer do sol, saborear a brisa da tarde, o cheiro de uma flor o cantar dos passarinhos, o voo de uma águia. Deixo-me fascinar pelos mistérios da criação, o calor do sol, a força das águas, o ímpeto do vento, a grandeza dos oceanos e a imensidão do céu. Fico seduzido por tanta beleza, tanta força, tanto poder e mistério. Olhar a criação é um delírio interior que me faz sentir pequeno diante de tão prodigiosa harmonia. Nela posso ver o dedo, o olhar, o coração do seu autor. Não me é possível olhar o mundo sem contemplar a presença de Deus que tudo criou e me criou para me embriagar no fascínio das suas obras. De facto, seria insensato se em vez do criador, o meu coração, amasse e adorasse acima de tudo as criaturas pelo facto de a sua beleza e o seu poder exercerem sobre mim uma atração sedutora em vez de amar aquele que as concebeu para minha alegria.

rezar a palavra
Eu te adoro, Senhor, e te amo nas coisas que criaste para mim. Sinto a tua presença em cada flor e o teu olhar nos seres vivos que comigo contemplam a beleza dos campos e o azul do céu. Esquecer-te na minha contemplação da natureza seria perder o mistério que nelas se revela e amputar a certeza de também ter sido criado no mesmo amor que posso ver na harmonia do universo. Que os meus olhos não deixem de contemplar-te nem o meu coração de te amar.

compromisso
Procuro a Deus na contemplação da natureza como reconhecimento do amor de Deus para comigo.


Evangelho Lc 17, 26-37

Naquele tempo,
disse Jesus aos seus discípulos:
«Como sucedeu nos dias de Noé,
assim será também nos dias do Filho do homem:
Comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento,
até ao dia em que Noé entrou na arca.
Então veio o dilúvio, que os fez perecer a todos.
Do mesmo modo sucedeu nos dias de Lot:
Comiam e bebiam, compravam e vendiam,
plantavam e construíam.
Mas no dia em que Lot saiu de Sodoma,
Deus mandou do céu uma chuva de fogo e enxofre,
que os fez perecer a todos.
Assim será no dia em que Se manifestar o Filho do homem.
Nesse dia, quem estiver no terraço e tiver coisas em casa
não desça para as tirar;
e quem estiver no campo não volte atrás.
Lembrai-vos da mulher de Lot.
Quem procurar salvar a vida há de perdê-la
e quem a perder há de salvá-la.
Eu vos digo que, nessa noite, estarão dois num leito:
um será tomado e o outro deixado;
estarão duas mulheres a moer juntamente:
uma será tomada e a outra deixada».
Então os discípulos perguntaram a Jesus:
«Senhor, onde será isto?».
Ele respondeu-lhes:
«Onde estiver o corpo, aí se juntarão os abutres».

compreender a palavra
Jesus fala ainda no contexto da pergunta feita pelos judeus sobre o tempo em que virá o Reino de Deus. Nesta resposta, Jesus apresenta os exemplos de Noé e de Lot, como pessoas que entenderam os sinais reveladores da manifestação de Deus. Todos os outros gastaram a vida comendo e bebendo, comprando e vendendo. Quando vier o Filho do Homem, que é como quem diz, quando se manifestar o Reino de Deus com toda a sua força, também haverá aflição para quantos, entretidos com as coisas do mundo, sem prestarem atenção aos sinais de Deus, não tiverem sabido escolher a verdadeira vida. O exemplo da mulher de Lot é importante porque ela, ao contrário dos outros, não seguiu as indicações dos mensageiros de Deus. A pergunta dos discípulos revela que eles ainda não tinham entendido que o lugar destes acontecimentos não é o mais importante para quem lê os sinais de Deus.

meditar a palavra
O tempo é breve e a responsabilidade diante de Deus é grande. Gastar a vida sem atender ao mais importante é insensatez que leva a desgraça e os abutres gostam da desgraça. Ali, onde está um homem distraído do essencial, espreita o perigo que conduz à morte mesmo para quem procura ganhar a vida. A chamada de atenção de Jesus é preocupante. Também eu posso distrair-me com a comida e a bebida e encontrar nas relações humanas o mais importante da minha vida. Se me perder dos sinais posso não saber o caminho para onde seguir. As distrações pagam-se caro como aconteceu com a mulher de Lot. Lançar-se nas coisas do Reino e olhar para traz é sinal de incompetência, como diz Jesus em outra parte. Por outro lado, os sinais do Reino manifestam-se dentro de nós e exigem uma resposta interior. Estarão duas mulheres a fazer a mesma coisa, mas o destino delas não é igual, porque os sinais das suas vidas não são os mesmos. Por fora, tudo parece igual, mas por dentro é grande a diferença.

rezar a palavra
Senhor, não permitas que me deixe confundir ao ponto de me tornar repasto dos abutres vigilantes e sempre prontos a devorar os restos mortais do que podia ser uma vida feliz. Dá-me a sabedoria para discernir e reconhecer os sinais que me envias e seguir pelo caminho do Reino.

compromisso
Vou verificar as atitudes interiores com que decido e faço escolhas para a minha vida.