Memória

Nota histórica

A memória da Virgem Santa Maria das Dores, na continuação da festa da Exaltação da Santa Cruz, associa a Virgem Maria à paixão salvífica do seu Filho e apresenta-a como a nova Eva. Assim como a desobediência da primeira mulher conduziu à morte, assim a admirável obediência da Virgem Maria, de pé junto à cruz de Jesus, trouxe a vida a toda a humanidade.

LEITURA I Heb 5, 7-9

Nos dias da sua vida mortal, Cristo dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna.

compreender a palavra
Depois de celebrarmos a Exaltação da Santa Cruz o nosso olhar volta-se para aquela que estava junto à cruz de Jesus, sua mãe. A palavra que nos acompanha é da carta aos Hebreus e recorda que, Cristo não levou uma vida de facilidades como era de esperar de um filho de Deus. Viu-se na aflição e na dor e experimentou a angústia e as lágrimas. No meio do sofrimento suplicou àquele que o podia livrar da morte e foi atendido, mas antes passou pelo sofrimento. A obediência alcançou a salvação.

meditar a palavra
A experiência de sofrimento que vemos em Jesus e consequentemente em Maria, a sua mãe, abre o nosso olhar para a condição do homem sobre a terra. Apesar de filho ele não foi poupado ao sofrimento e à dor, antes, foi chamado à obediência e aprendeu no sofrimento o caminho da redenção. Do mesmo modo Maria que sofre a seus pés de Jesus. Com o olhar turvo pelas lágrimas, por ver o seu filho a morrer, alcança a visão do amor de Deus que se derrama sobre nós como dádiva de vida em plenitude. Com a morte se vence a morte. Em Cristo e em Maria aprendemos nós o caminho da obediência que não livra do sofrimento e da morte, mas conduz, pelo vale de lágrimas, à redenção eterna.

rezar a palavra
Mãe dolorosa, Senhora das dores, mãe de piedade, senhora das lágrimas, uma espada te rasga o coração, uma dor te esmaga a alma. Em teu regaço nos acolhemos, ao teu olhar nos confiamos, no teu amor de mãe colocamos toda a nossa vida, toda a nossa fé e toda a nossa esperança.

compromisso
Rezo a Maria colocando nela o meu olhar de peregrino.

Em vez deste Evangelho, pode ler-se o que se lhe segue.

EVANGELHO Jo 19, 25-27

Naquele tempo, estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto, Jesus disse a sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa.

compreender a palavra
João descreve o momento do calvário. Ali estão, Jesus, Maria e João. Diante da perspetiva da morte, no alto da cruz, ao ver sua mãe e o discípulo amado, Jesus proclama o seu testamento. Sua mãe é para o discípulo e o discípulo para a sua mãe. Pertencem-se no amor. Aqueles que Jesus ama pertencem-se um ao outro, na fé, na dor e no amor. E eles entenderam este testamento e receberam-se mutuamente.

meditar a palavra
No meio das lágrimas e da dor acontece a força do amor que salva. Não gostamos de sofrer nem de chorar. Não queremos que os outros chorem ao pé de nós e não gostamos de acolher as lágrimas de ninguém. Mas é na dor que estamos mais perto uns dos outros. No sofrimento nos sentimos iguais e implicados uns nos outros. No sofrimento acontece o amor com toda a sua força, com toda a sua impotência e com toda a sua redenção. Nas lágrimas vê-se melhor e vê-se o que está oculto aos olhos. Nas lágrimas é quando Maria é mais mãe, mais nossa mãe e é quando nós somos mais filhos. Na dor e nas lágrimas nos recebemos mutuamente, uns aos outros, a Maria e a Jesus.

rezar a palavra
Nas minhas lágrimas te recebo como mãe, Maria, Senhora de ao pé da cruz. Na minha cruz oiço as palavras do teu filho: “eis a tua mãe”. Na minha vida entendo o mistério guardado nas palavras: “Eis o teu filho”. Sou teu filho, Senhora, na dor das tuas e das minhas lágrimas, sou teu filho, minha mãe.

compromisso
Rezo os mistérios dolorosos.

Em vez do Evangelho precedente, pode ler-se o seguinte:

EVANGELHO Lc 2, 33-35

O pai e a mãe do Menino Jesus estavam admirados com o que se dizia d’Ele. Simeão abençoou-os e disse a Maria, sua Mãe: «Este Menino foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição; – e uma espada trespassará a tua alma – assim se revelarão os pensamentos de todos os corações».

compreender a palavra
Simeão é um velho homem que vive entre a casa e o templo. Anda na escuta do Espírito e recebeu a revelação de que havia de ver a salvação. Movido pelo Espírito vai ao templo e encontra-se com Maria e José que vêm cumprir o que a lei manda pelo nascimento do seu filho primogénito.

meditar a palavra
A palavra ajuda-nos a perceber a importância de estar à escuta do Espírito de Deus que revela a salvação dos homens. Aquele que escuta o Espírito é também por Ele conduzido ao encontro da salvação. Reconhecer o Deus que salva, numa criança recém-nascida, é possível graças à luz do Espírito que nos ilumina. Simeão vê, acredita e tomando nos braços o salvador do homem, aquele que é a luz das nações e glória de Israel. Todo o que escuta o Espírito é capaz de acolher em seus braços a salvação. No mesmo momento, Simeão, revela a dor de Maria por causa do menino.

rezar a palavra
Que os meus olhos vejam, Senhor, a salvação que me ofereces hoje. Na minha vida, nos meus trabalhos, nas minhas ocupações, nas preocupações de cada dia, Tu está presente e ofereces-me a salvação. Que eu saiba escutar o Teu Espírito, que eu saiba acolher a tua salvação, que eu aceite a dor de te amar.

compromisso
O Espírito que recebi no meu batismo habita em mim e ilumina-me para poder ver os sinais da salvação de Deus. Vou estar atento ao Espírito que me mostra os sinais salvadores de Deus.