Ss. André Dung-Lac, presbítero, e companheiros, mártires
Memória
Nas regiões do Extremo Oriente, antigamente chamadas Tonquim, Annam e Cochinchina, regiões da Ásia, no atual Vietnam, o Evangelho foi anunciado desde o século XVI, por intermédio de numerosos missionários, que ali fizeram florescer uma fervorosa cristandade. Entre os séculos XVII e XIX, os cristãos sofreram frequentes perseguições, das quais resultou uma incalculável multidão de mártires. Entre eles contam‑se os santos André Dung-Lac e companheiros: trinta e sete presbíteros e cinquenta e nove leigos mártires, entre os anos 1625-1886.
Leitura I (anos pares) Ap 14, 14-19
Eu, João, vi uma nuvem branca, sobre a qual estava sentado Alguém, semelhante a um filho do homem, com uma coroa de ouro na cabeça e uma foice afiada na mão. Saiu do templo outro Anjo, que clamava com voz forte para Aquele que estava sentado sobre a nuvem: «Mete a tua foice e ceifa; chegou a hora de ceifar, porque a seara da terra está madura». Então o que estava sentado sobre a nuvem lançou a foice à terra, e a terra foi ceifada. Depois saiu do templo celeste outro Anjo, que também tinha uma foice afiada. Do altar veio ainda outro Anjo, que tinha poder sobre o fogo, e gritou com voz forte para aquele que tinha a foice afiada: «Mete a tua foice afiada e vindima os cachos da vinha da terra, porque as uvas estão maduras». O Anjo lançou a foice à terra, vindimou a vinha da terra e lançou as uvas no grande lagar da ira de Deus.
compreender a palavra
Em tempos de perseguição as palavras do Apocalipse retratam o julgamento de Deus sobre aqueles que perseguem os cristãos. De facto, chega sempre a hora da verdade em que Deus, que se inclina do alto dos céus e vê o sofrimento do seu povo, dá aos perseguidores ao castigo que merecem. A foice está na mão daquele que pode julgar e a terra é a seara e a vinha já maduras para se poder colher o grão que passará pela ira de Deus.
meditar a palavra
Deus dá-nos o tempo da vida para podermos construí-la no amor e não no ódio. Os perseguidores dos cristãos respiram ódio e muitas vezes nós os cristãos também corremos o risco de respirar ódio sobre os outros. Deus, que é Pai de todos, é Deus de amor e não de ódio. Ele atende a oração do oprimido e não demora em fazer-lhe justiça. Somos convidados à paciência para com os irmãos que atentam contra nós e a rezar por todos quantos nos perseguem e maltratam.
rezar a palavra
Na tua cruz, Senhor, vejo a minha cruz e quero deixar que o meu coração se torne como o teu, capaz de amar os inimigos e estender a mão aos que me tratam mal. Que o amor e o perdão sejam sinais de salvação para todos os perseguidores e libertadores para todos os oprimidos e perseguidos.
compromisso
Perdoar é transformar o mundo com a cruz de Jesus.
Evangelho Lc 21, 5-11
Naquele tempo, comentavam alguns que o templo estava ornado com belas pedras e piedosas ofertas. Jesus disse-lhes: «Dias virão em que, de tudo o que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído». Eles perguntaram-Lhe: «Mestre, quando sucederá isto? Que sinal haverá de que está para acontecer?». Jesus respondeu: «Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais. Quando ouvirdes falar de guerras e revoltas, não vos alarmeis: é preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim». Disse-lhes ainda: «Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias. Haverá fenómenos espantosos e grandes sinais no céu».
compreender a palavra
Estamos perante a primeira parte de um discurso escatológico. O discurso tem como motivo o Templo de Jerusalém e a admiração dos que passavam ao ver a beleza e riqueza das ornamentações. Jesus aproveita estas observações para o seu discurso escatológico. A primeira afirmação desperta o interesse dos ouvintes que perguntam sobre o tempo em que se dará a destruição do Templo. Então Jesus faz duas advertências: “Tende cuidado” primeiro para não se deixarem enganar e segundo porque há acontecimentos que terão que se dar antes.
meditar a palavra
A admiração das pessoas perante a grandeza do Templo é semelhante à nossa admiração diante de todas as conquistas da ciência e da técnica. Aos contemporâneos de Jesus parecia impossível que o Templo pudesse ser destruído e Jesus diz-lhes: “não ficará pedra sobre pedra”. A nós diz-nos como S. Paulo “ainda que eu conheça todos os mistérios e toda a ciência… nada sou”. Todas as coisas deste mundo são precárias e passageiras. Nada tem carácter permanente diante de Deus. Insensatos seremos, se colocarmos a nossa segurança nas coisas deste mundo e se julgarmos que elas têm a última palavra. Do mesmo modo nos diz o Senhor relativamente às guerras, terramotos, fomes e epidemias. Parece que são o fim de tudo pelo seu poder destruidor, mas nada podem contra a vontade de Deus. O fim será quando Deus determinar e a sua vontade não está submetida às leis da natureza nem a decisões humanas. Fica-me, então, o aviso do Senhor: “Tende cuidado; não vos deixeis enganar”.
rezar a palavra
Ensina-me a vigiar para que os acontecimentos do mundo e da história não me surpreendam como um ladrão. Não permitas que me deixe seduzir pela grandeza das obras dos homens, pelos seus conhecimentos nem pelas conquistas da ciência e da técnica e coloque nestas realidades a minha segurança. Só tu, Senhor, permaneces de pé quando à minha volta tudo se desmorona não deixando pedra sobre pedra. Dá-me a consciência dos meus limites e dos limites deste mundo e mostra-me a tua grandeza para que só em ti ponha a minha confiança.
compromisso
Quero reconhecer que todas as descobertas dos homens se devem ao poder de Deus que neles se manifesta.