S. Isabel da Hungria, religiosa
Memória
Isabel era filha de André II, rei da Hungria, e nasceu no ano 1207. Ainda muito jovem foi dada em matrimónio a Luís IV, landgrave da Turíngia, e teve três filhos. Dedicou‑se a uma vida de intensa meditação das realidades celestes e de caridade para com o próximo. Depois da morte de seu marido, renunciou aos seus bens e retirou-se, em Marburgo, cidade da Alemanha. Terceira Franciscana, fundou nessa cidade um hospital onde ela mesma cuidava os enfermos. Morreu aos vinte e cinco anos, no dia 17 de novembro do ano 1231.

Leitura I (Anos pares) Ap 3, 1-6.14-22
Eu, João, ouvi o Senhor que me dizia: «Ao Anjo da Igreja de Sardes, escreve: ‘Eis o que diz Aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras. És considerado vivo, mas estás morto. Desperta e reanima esses restos de vida moribunda, pois verifico que as tuas obras não são perfeitas aos olhos do meu Deus. Lembra-te como aceitaste a palavra que ouviste; guarda-a e arrepende-te. Se não despertares, virei como o ladrão, sem que saibas a hora em que virei ao teu encontro. Todavia, tens em Sardes algumas pessoas que não mancharam as suas vestes: elas Me acompanharão, vestidas de branco, porque são dignas. O vencedor será revestido de vestes brancas; não apagarei o seu nome do livro da vida, mas reconhecê-lo-ei diante de meu Pai e dos seus Anjos’. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas. Ao Anjo da Igreja de Laodiceia, escreve: ‘Assim fala o Amen, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio das criaturas de Deus: Conheço as tuas obras: não és frio nem quente; antes fosses frio ou quente. Mas porque és morno, isto é, nem frio nem quente, estou quase a vomitar-te da minha boca. Tu dizes: “Sou rico, tenho fortuna e não preciso de nada”, e não sabes que és infeliz, pobre, cego e nu. Aconselho-te a comprar de Mim ouro purificado pelo fogo para te enriqueceres, roupas brancas para te cobrires e ocultares a tua vergonhosa nudez e colírio para ungires os olhos e recuperares a vista. Eu repreendo e castigo aqueles que amo. Sê zeloso e arrepende-te. Eu estou à porta e chamo. Se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo. Ao vencedor fá-lo-ei sentar-se comigo no meu trono, como Eu também fui vencedor e estou sentado com meu Pai no seu trono’. Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às Igrejas».

compreender a palavra
O Senhor fala aos anjos de duas Igrejas, Sardes e Laodiceia. Ao primeiro convida-o a despertar porque está morto, a recuperar o vigor com que acolheu apalavra e a guardá-la arrependendo-se, porque a chegada do Senhor será como um ladrão. No entanto, há em Sardes algumas pessoas que seguirão o Senhor vestidas de branco pois não mancharam as suas vestes. Ao anjo da Igreja de Laodiceia lança uma dura crítica pois, não é frio nem quente. A estes que são mornos o Senhor vomita-os. Julga-se rico e não sabe que é infeliz, pobre e nu. O Senhor lança-lhe o convite à conversão pela purificação porque já está à porta e chama e só quem ouvir a sua voz e abrir poderá sentar-se com ele à mesa.

meditar a palavra
Bonitas, mas inquietantes, estas palavras do Senhor aos anjos das Igrejas de Sardes e Laodiceia. O Senhor fala para mim hoje. Também eu posso estar morto, adormecido, a necessitar de despertar pela conversão aquela juventude e audácia, com que acolhi a palavra agora esquecida. Também eu estou morno, a ser vomitado da boca de Deus, por não tomar decisões claras na minha vida infeliz, pobre e vazia. Antes frio ou quente do que morno. O Senhor está à porta e bate oiçamos a sua voz para lhe abrir a porta e podermos sentar-nos com ele, hoje mesmo, à mesa.

rezar a palavra
Quero abrir-te a porta e receber-te em minha casa com alegria, Senhor. Sentado à minha mesa sei que poderás renovar em mim o vigor com que te acolhi na minha juventude e despertar-me deste sono de morte que me faz crer que sou rico quando sou infeliz, pobre e nu. Renova-me na esperança de te amar e servir na alegria e no amor.

compromisso
Converto-me ao Senhor, fonte de grande alegria.

Evangelho Lc 19, 1-10
Naquele tempo, Jesus entrou em Jericó e começou a atravessar a cidade. Vivia ali um homem rico chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas, devido à multidão, não podia vê-l’O, porque era de pequena estatura. Então correu mais à frente e subiu a um sicómoro, para ver Jesus, que havia de passar por ali. Quando Jesus chegou ao local, olhou para cima e disse-lhe: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». Ele desceu rapidamente e recebeu Jesus com alegria. Ao verem isto, todos murmuravam, dizendo: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Entretanto, Zaqueu apresentou-se ao Senhor, dizendo: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Disse-lhe Jesus: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».

compreender a palavra
Temos diante um texto muito conhecido, pelo menos nas suas linhas gerais. Estamos em Jericó, ali, vive um publicano rico que quer ver Jesus. Este homem vai colocar-se no caminho por onde Jesus há de passar. O encontro com Jesus era inevitável, mas ao contrário do que Zaqueu esperava, não foi ele quem encontrou Jesus, foi Jesus que o encontrou a ele em cima da Árvore. Jesus vai a sua casa porque era um imperativo “devo ficar em tua casa”. Zaqueu recebe-o com alegria e converte-se mudando a sua vida. A multidão murmura, porque não entende a atitude de Jesus para com um homem pecador.

meditar a palavra
O texto é muito rico e, por isso, vamos centrar-nos em dois pormenores. Ontem refletíamos no cego que estava no caminho de Jesus, mas não o podia ver. Hoje temos Zaqueu que vê, mas não está no caminho de Jesus. Zaqueu teve que sair de casa, atravessar a cidade, indagar por onde é que Jesus poderia passar, subir à árvore e aguardar a sua chegada. Este percurso de Zaqueu interroga a minha vida. De facto, tenho que fazer caminho para chegar a Jesus. Sinto que a minha vida é mesmo isto. Nada me é dado assim, sem esforço, sem luta. Tenho que sair de mim, deixar o meu comodismo, vencer a minha preguiça, ganhar vontade de estar com Jesus, querer mesmo vê-lo, para que depois experimente a alegria do encontro. Jesus diz a Zaqueu “hoje devo ficar em tua casa”. Este é o desafio que sinto muitas vezes. Deixar Deus entrar e instalar-se. Sinto que Jesus não quer apenas ir a minha casa, mas ficar, permanecer, instalar-se. Esta vontade de Jesus é para mim grande alegria, mas também confesso que às vezes é um incómodo. A vida já parece pequena para mim e ainda tenho que encontrar espaço para ele, e a verdade é que ele é exigente e nem tudo lhe agrada. Talvez por isso Zaqueu tenha começado a distribuir pelos outros os seus bens.

rezar a palavra
Ensina-me, Senhor, a atitude de Zaqueu. Faz-me correr pelas avenidas, ruas e travessas da minha vida à tua procura. Não me deixes ficar parado nos cantos, nos becos por onde ninguém passa. Não permitas que me acomode no canto do meu eu, mas faz-se sair a fim de nos encontrarmos para o desafio de largar tudo o que me impede deixar que te instales em mim.

compromisso
Porque quero ver Jesus, hoje, vou percorrer os caminhos que me levam a estar com ele, na Eucaristia, na oração, no pobre ou no doente.