Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja
Memória
Afonso Maria de Ligório nasceu em Nápoles, no ano 1696. Doutor em Direito Civil e Eclesiástico, recebeu a ordenação sacerdotal e fundou a Congregação do Santíssimo Redentor para a evangelização das populações rurais. Para fomentar entre o povo a vida cristã, dedicou-se à pregação e escreveu vários livros, sobretudo de Teologia Moral, matéria em que é considerado mestre insigne. Foi eleito bispo de Sant’Agata dei Goti e empenhou-se intensamente neste ministério até que, quinze anos depois e por causa de graves enfermidades, teve de o deixar, vindo a morrer entre os seus, em Nócera dei Pagáni, na Campânia, no ano 1787.
Leitura I (anos ímpares) Ex 33, 7-11; 34, 5b-9.28
Naqueles dias,
Moisés pegou na tenda
e armou-a fora do acampamento, a certa distância.
Chamava-lhe a ‘Tenda da Reunião’.
Quem desejasse consultar o Senhor
devia ir à Tenda da Reunião,
que estava fora do acampamento.
Sempre que Moisés se dirigia para a Tenda,
todo o povo se levantava;
cada um ficava à entrada da sua própria tenda
e seguia Moisés com o olhar
até ele entrar na Tenda da Reunião.
Quando Moisés entrava na Tenda,
a coluna de nuvem descia e ficava à entrada
e o Senhor falava com Moisés.
E quando o povo via a coluna de nuvem
deter-se à entrada da Tenda,
toda a gente se levantava
e se prostrava à porta da sua tenda.
O Senhor falava com Moisés face a face,
como quem fala com um amigo.
Por fim, Moisés regressava ao acampamento,
mas o seu jovem ajudante, Josué, filho de Nun,
não deixava o interior da Tenda.
Moisés invocou o nome do Senhor.
O Senhor passou diante dele e exclamou:
«O Senhor, o Senhor
é um Deus clemente e compassivo,
lento para a ira e rico de misericórdia e fidelidade.
Mantém a sua misericórdia até à milésima geração,
perdoa a iniquidade, a transgressão e o pecado,
mas não deixa nada impune
e castiga a iniquidade dos pais nos filhos e nos netos,
até à terceira e quarta geração».
Moisés caiu de joelhos e prostrou-se em adoração.
Depois disse:
«Se encontrei, Senhor, aceitação a vossos olhos,
digne-Se o Senhor caminhar no meio de nós.
É um povo de cerviz dura,
mas Vós perdoareis os nossos pecados e iniquidades
e fareis de nós a vossa herança».
Moisés ficou ali com o Senhor
durante quarenta dias e quarenta noites, sem comer nem beber.
E escreveu nas tábuas as palavras da aliança:
os dez mandamentos.
compreender a palavra
Estamos perante um texto fortíssimo em expressões e mensagem. Moisés prepara uma tenda fora do acampamento conhecida por todos como “tenda da reunião”. Trata-se do lugar da presença de Deus. Todos podem dirigir-se àquele lugar para consultar o Senhor. É naquele lugar que Moisés fala com Deus face a face como se fala com um amigo e um lugar de onde não sai o jovem Josué, Filho de Nun. O povo segue Moisés com os olhos sempre que ele se dirige à tenda da reunião e cada um aguarda prostrado à porta da sua tenda. Num dos encontros, Deus revela-se a Moisés como um Deus misericordioso e Moisés pede a Deus que caminhe no meio do seu povo.
meditar a palavra
São muito fortes as palavras deste texto. São um convite a perceber a presença de Deus no meio de nós e a ir ao seu encontro para pedir conselho, para falar face a face como se fala com um amigo. Deus continua hoje entre nós, nas casas que construímos para as nossas celebrações, a que chamamos igrejas, mas sobretudo em Jesus. Ele acampou entre nós, ele é a tenda do encontro, o lugar da reunião dos homens com Deus. Em muitos lugares as pessoas, ao passarem junto de uma igreja, mesmo que esteja fechada, param e rezam porque ali está o Senhor. Reconhecer a presença de Deus no meio do seu povo, ir ao seu encontro, estar na sua presença ouvindo a sua revelação, prostrar-se a seus pés em atitude de adoração, permanecer diante do Senhor, são atitudes interiores e exteriores que enriquecem o nosso coração. Moisés era o amigo de Deus, Josué permanecia na sua presença, o povo, mesmo de cabeça dura, prostrava-se diante de Deus. Eu posso ser como Moisés, como Josué e como o povo apesar da minha pobreza.
rezar a palavra
Entro na tua tenda, Senhor, no santuário da tua presença, no lugar onde habitas no meio do teu povo. Entro e prostro-me a teus pés, inclino diante de ti a minha cabeça e, de coração humilhado e contrito, peço-te que caminhes comigo, no meio deste povo tantas vezes incapaz de te reconhecer como Deus e Senhor.
compromisso
Hoje, mais uma vez, vou entrar na igreja e falar face a face com Deus.
Evangelho Mt 13, 36-43
Naquele tempo,
Jesus deixou a multidão e foi para casa.
Os discípulos aproximaram-se d’Ele e disseram-Lhe:
«Explica-nos a parábola do joio no campo».
Jesus respondeu:
«Aquele que semeia a boa semente é o Filho do homem
e o campo é o mundo.
A boa semente são os filhos do reino,
o joio são os filhos do Maligno
e o inimigo que o semeou é o Diabo.
A ceifa é o fim do mundo
e os ceifeiros são os anjos.
Como o joio é apanhado e queimado no fogo,
assim será no fim do mundo:
o Filho do homem enviará os seus anjos,
que tirarão do seu reino todos os escandalosos
e todos os que praticam a iniquidade,
e hão de lançá-los na fornalha ardente;
aí haverá choro e ranger de dentes.
Então, os justos brilharão como o sol
no reino do seu Pai.
Quem tem ouvidos, oiça».
compreender a palavra
Jesus explica a parábola do trigo e do joio a pedido dos discípulos. É num contexto reservado que aparece a explicação. Por detrás está a parábola que fala de um senhor que semeou boa semente e um inimigo que semeou o joio. Uma mistura que deve ficar até ao fim e uma verdade que se revela definitiva no tempo da colheita. Jesus é o que semeia no campo imenso do mundo, os filhos do reino convivem com os filhos do maligno que semeia o joio. Por detrás está a exigência de dar fruto que é responsabilidade de cada um. Há trigo e há joio e o fruto é da responsabilidade individual. Ouvir ou não ouvir é o segredo para ser trigo ou ser joio. A sorte não pode ser igual para todos, uma vez que o Filho do homem semeou em todos a mesma semente. A iniquidade não é semente de Deus e, por isso, aqueles que a praticam não pertencem ao reino. Há um juízo e há um fim onde se revela a qualidade dos frutos.
meditar a palavra
A parábola dirige-se a cada um de nós e às nossas comunidades. Somos os filhos do reino e em nós foi semeada a boa semente. Chamados a crescer e a dar fruto, sentimos que em nós e à nossa volta alguém semeia o joio. Esta semente do mal, da inveja, da discórdia, da desunião… é obra do maligno. Os filhos do reino não estão isentos deste perigo. Chamados a ser trigo, podemos permitir, num momento de fragilidade que o joio cresça mais e tenha mais força que o trigo. Compete-nos lutar, mas não nos pertence a última decisão. O dono do campo, aquele que semeou a boa semente, é o juiz.
rezar a palavra
“Os que praticam a iniquidade”. Senhor, a decisão é desfavorável a estes que praticam a iniquidade. A semente do maligno está bem definida, é a iniquidade. Com esta palavra me alertas, porque sendo filho do reino pelo batismo, posso tornar-me filho do maligno pela iniquidade. Faz-me ouvir a tua voz, senhor, para que brilhe como o sol no reino de teu Pai.
compromisso
Quero estar atento aos sinais do maligno na minha vida.