1ª Leitura (anos ímpares): Hebr 12, 1-4
Irmãos: Estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas, ponhamos de parte todo o fardo e pecado que nos cerca e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós, fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição. Renunciando à alegria que tinha ao seu alcance, Ele suportou a cruz, desprezando a sua ignomínia, e está sentado à direita do trono de Deus. Pensai n’Aquele que suportou contra Si tão grande hostilidade da parte dos pecadores, para não vos deixardes abater pelo desânimo. Vós ainda não resististes até ao sangue, na luta contra o pecado.
Compreender a Palavra
O sofrimento é um caminho de perfeição. Foi assim para as grandes testemunhas do antigo testamento apresentadas anteriormente pelo autor da carta aos Hebreus e foi assim para Jesus. Ele não precisava de passar pelo sofrimento mas aceitou o sofrimento por nós. Desta forma abriu-nos o caminho da perfeição. Então, que direito temos nós de cair no desânimo se outros por si mesmos ou por nós atravessaram este caminho para chegar a Deus e entrar na sua glória? De facto, ainda não foi até ao sangue a nossa luta contra o pecado.
Meditar a Palavra
Depois de apresentar as testemunhas do passado que viveram a fé, perseveraram e chegaram à pátria celeste e de mostrar que, de entre todos, Jesus é o maior testemunho, a carta aos Hebreus desafia-nos a seguir o exemplo dos grandes, a olhar para Jesus e a sermos nós também perseverantes, abandonando o pecado e tudo o que nos impede de chegar à perfeição, ainda que, como Cristo, tenhamos que passar pelo sofrimento, pela cruz. Façamos do sofrimento, não desejado nem por nós nem por Deus, uma meio para alcançarmos a perfeição.
Rezar a Palavra
Tu, Senhor, não queres o sofrimento, mas no caminho da nossa vida ele acontece mesmo sem tu quereres porque a nossa condição humana assim o permite. Foi assim que teu filho se libertou das cadeias deste mundo e nos libertou a nós do poder do pecado e da morte eterna. Concede-nos, Senhor, o dom da perseverança para que não desanimarmos diante do sofrimento mas vivermos esta experiência como estimulo para alcançar a perfeição dos santos.
Compromisso
Diante de Jesus na cruz acolho o sofrimento que me cabe viver como caminho de libertação das minhas imperfeições.
Evangelho: Mc 5, 21-43
Naquele tempo, depois de Jesus ter atravessado, no barco, para a outra margem, reuniu-se uma grande multidão junto dele, que continuava à beira-mar. Chegou, então, um dos chefes da sinagoga, de nome Jairo, e, ao vê-lo, prostrou-se a seus pés e suplicou instantemente: «A minha filha está a morrer; vem impor-lhe as mãos para que se salve e viva.» Jesus partiu com ele, seguido por numerosa multidão, que o apertava. Certa mulher, vítima de um fluxo de sangue havia doze anos, que sofrera muito nas mãos de muitos médicos e gastara todos os seus bens sem encontrar nenhum alívio, antes piorava cada vez mais, tendo ouvido falar de Jesus, veio por entre a multidão e tocou-lhe, por detrás, nas vestes, pois dizia: «Se ao menos tocar nem que seja as suas vestes, ficarei curada.» De facto, no mesmo instante se estancou o fluxo de sangue, e sentiu no corpo que estava curada do seu mal. Imediatamente Jesus, sentindo que saíra dele uma força, voltou-se para a multidão e perguntou: «Quem tocou as minhas vestes?» Os discípulos responderam: «Vês que a multidão te comprime de todos os lados, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou?’» Mas Ele continuava a olhar em volta, para ver aquela que tinha feito isso. Então, a mulher, cheia de medo e a tremer, sabendo o que lhe tinha acontecido, foi prostrar-se diante dele e disse toda a verdade. Disse-lhe Ele: «Filha, a tua fé salvou-te; vai em paz e sê curada do teu mal.» Ainda Ele estava a falar, quando, da casa do chefe da sinagoga, vieram dizer: «A tua filha morreu; de que serve agora incomodares o Mestre?» Mas Jesus, que surpreendera as palavras proferidas, disse ao chefe da sinagoga: «Não tenhas receio; crê somente.» E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Ao chegar a casa do chefe da sinagoga, encontrou grande alvoroço e gente a chorar e a gritar. Entrando, disse-lhes: «Porquê todo este alarido e tantas lamentações? A menina não morreu, está a dormir.» Mas faziam troça dele. Jesus pôs fora aquela gente e, levando consigo apenas o pai, a mãe da menina e os que vinham com Ele, entrou onde ela jazia. Tomando-lhe a mão, disse: «Talitha qûm!», isto é, «Menina, sou Eu que te digo: levanta-te!» E logo a menina se ergueu e começou a andar, pois tinha doze anos. Todos ficaram assombrados. Recomendou-lhes vivamente que ninguém soubesse do sucedido e mandou dar de comer à menina.
Compreender a Palavra
Estamos perante dois acontecimentos que têm Jesus como protagonista. Um homem influente e uma mulher humilde recorrem a Jesus. O homem aparece e faz o pedido em público porque a filha está a morrer e ele quer salvá-la. A resposta de Jesus é pronta mas demora-se na concretização por causa da mulher, um tempo que lhe parece longo mas que é necessário para crescer na experiência pessoal com Jesus. A mulher cala dentro de si um problema que não quer ver exposto em público, mas tem em si o desejo de ser curada e a confiança de que em Jesus encontra essa cura. Crê ela, que basta tocar-lhe. No silêncio recebe a resposta de Jesus e fica curada. À mulher, Jesus, exige que a sua fé saia do silêncio, do privado, do íntimo e seja conhecida de todos, sem medo e sem vergonha. Ao homem Jesus pede silêncio, intimidade, vivência interior, capacidade de espera.
Meditar a Palavra
Jesus chama pela fé que está em mim e pede-me a confiança destes dois personagens do evangelho. Dirigir-me a Jesus é o primeiro passo para fazer com Ele uma experiência pessoal de fé. Neste contacto com Jesus poderei verificar como passo da morte à vida, do isolamento à comunhão com todos. Encontrar Jesus é, antes de mais, sair de mim mesmo para mergulhar em Deus e sair de mim para me encontrar com os outros em quem Ele se revela sem perder a necessária intimidade que a fé exige.
Rezar a Palavra
Vem depressa, Senhor, deixa que toque no teu manto. Permite que me aproxime e faça a experiência do teu poder ressuscitador para que em mim tudo seja vida e não morte, tudo seja encontro e não solidão, tudo seja esperança e não desilusão. Que na minha vida se oiça o teu «Talitha qûm!»
Compromisso
A minha oração de hoje será: “vem impor-me as mãos para que me salve e viva”.