Santo Antão, abade
Memória
Antão nasceu no Alto Egito, aproximadamente no ano 250. Depois da morte de seus pais, seguindo os preceitos evangélicos, distribuiu os seus haveres pelos pobres e retirou-se para a solidão da Tebaida, no Egito, onde começou a sua vida ascética. Teve numerosos discípulos e trabalhou em defesa da Igreja, animando os confessores na perseguição de Diocleciano e apoiando santo Atanásio na luta contra os arianos. Foram tantos os seus discípulos, que mereceu ser considerado «pai dos monges». Morreu no ano 356.

Leitura I Heb 6, 10-20

Irmãos: Deus não é injusto. Ele não pode esquecer o vosso trabalho e o amor que mostrastes pelo seu nome, colocando-vos ao serviço dos santos, no passado e no presente. Desejamos, porém, que cada um de vós mostre o mesmo zelo, mantendo intacta a sua esperança até ao fim, de modo que não vos torneis tíbios, mas imiteis aqueles que, pela fé e pela esperança, se tornam herdeiros dos bens prometidos. Quando Deus fez a promessa a Abraão, como não tinha outro maior por quem jurar, jurou por Si próprio, dizendo: «Eu te cumularei de bênçãos e multiplicarei a tua posteridade». E por ter perseverado pacientemente, Abraão alcançou a realização da promessa. Os homens, de facto, juram por alguém maior que eles e o juramento é uma garantia que põe fim às suas contendas. Por isso Deus, querendo mostrar solenemente aos herdeiros da promessa como era imutável o seu desígnio, comprometeu-Se com juramento. Assim, por dois atos irrevogáveis, nos quais é impossível Deus mentir, nós temos um forte incentivo para nos refugiarmos firmemente na esperança proposta. Nela tem a nossa alma uma âncora inabalável e segura, que penetra para além do véu, onde entrou Jesus como nosso precursor, constituído sumo sacerdote para sempre segundo a ordem de Melquisedec.

compreender a palavra
Os cristãos são chamados à esperança na promessa feita por Deus em Jesus Cristo. É verdade que são muitas as tribulações do tempo presente, mas nenhuma delas pode fazer esquecer a fidelidade de Deus à promessa. Deus afirmou com juramento e a sua palavra é garantia de realização da promessa de entrarmos no lugar onde já se encontra o nosso sumo sacerdote, Jesus Cristo. Antes de nós outros acreditaram, como Abraão, e nós somos chamados a esperar confiantes nesta promessa. Deus não esquece o bem que fazemos nem o amor que temos pelo seu nome. Portanto, não podemos desanimar, mas esperar como herdeiros que somos dos bens eternos.

meditar a palavra
A esperança não é um sentimento vazio nem uma atitude infantil de quem não é capaz de lutar e trabalhar para construir a sua vida. A esperança é a confiança na palavra de Deus que se cumpre naqueles que nela acreditam. O exemplo daqueles que confiaram e chegaram a conhecer o cumprimento desta palavra, deve estimular-nos a continuar perseverantes na esperança, porque nela a fé se torna inabalável. Deus promete e cumpre a sua promessa e nós temos em Jesus a realização desta esperança. Por isso somos chamados a permanecer firmes no zelo, confiantes de que tudo o que fazemos é considerado por Deus para nos tornar, cada vez mais, herdeiros do reino anunciado por Jesus.

rezar a palavra
Tu és a minha âncora, Senhor. Só em ti ponho a minha confiança. Sei que és um Deus fiel e cumpridor das tuas promessas, por isso espero, mesmo no meio de tribulações, poder entrar no lugar do teu repouso onde já se encontra aquele que nos trouxe a promessa da herança eterna, Jesus Cristo.

compromisso
Quero animar em mim a esperança.

Evangelho Mc 2, 23-28

Passava Jesus através das searas num dia de Sábado e os discípulos, enquanto caminhavam, começaram a apanhar espigas. Disseram-Lhe então os fariseus: «Vê como eles fazem ao Sábado o que não é permitido». Respondeu-lhes Jesus: «Nunca lestes o que fez David, quando teve necessidade e sentiu fome, ele e os seus companheiros? Entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, e também os deu aos companheiros». E acrescentou: «O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado. Por isso, o Filho do homem é também Senhor do Sábado».

compreender a palavra
Os discípulos de Jesus são criticados pelos fariseus porque apanhava espigas em dia de Sábado. O Sábado é um tempo sagrado, consagrado ao Senhor, o que exigia abstenção de qualquer trabalho. Jesus com a sua resposta procura explicar que o Sábado não é apenas um dia de repouso, mas um dia de libertação. Aquele que instituiu o Sábado é o Deus que libertou Israel do Egito. É o mesmo que deu autoridade a David para comer dos pães que pertenciam aos sacerdotes. O mesmo Deus, revela-se, agora em Jesus que, por isso, é Senhor do Sábado e determina que o Sábado deve estar ao serviço do homem e da sua libertação.

meditar a palavra
Nesta resposta de Jesus aos fariseus posso entender que Jesus veio para me ensinar a ver mais claro o que se refere à relação do homem com Deus. Na minha perspetiva imagino que Deus pensa de um modo e interpreto assim a sua lei, a sua vontade. Muitas vezes esta minha maneira de pensar impede-me de viver e impede-me de estar com os outros. Tudo parece uma lei, uma obrigação, um impedimento, uma proibição. Jesus mostra-me que Deus, na sua palavra, não me quer oprimir nem limitar a minha relação com os outros. Deus quer a minha libertação e a sua lei, os seus mandamentos, são para me indicar o caminho da minha libertação.

rezar a palavra
Sou mesquinho, Senhor, na minha maneira de pensar e de perceber o que tu esperas de mim. Liberta, Senhor, o meu coração desta mesquinha forma de pensar e mostra-me a tua verdadeira vontade. Mostra-me, Senhor, que tu queres a minha salvação e a salvação de todos os homens. Que eu não me sinta oprimido pela tua lei nem pela tua vontade, mas encontre na tua palavra a luz para os meus passos.

compromisso
Hoje quero analisar a minha vida para perceber quantas vezes oprimo os outros em vez de os libertar.