Apocalipse 10, 8-11 
A voz do Céu, que eu, João, tinha ouvido, falou-me novamente, dizendo: «Vai buscar o livro aberto da mão do Anjo que está de pé sobre o mar e sobre a terra». Fui ter com o Anjo e pedi-lhe que me desse o pequeno livro. Ele disse-me: «Toma-o e come-o: no estômago, ele será amargo, mas na boca, ele será doce como o mel». Tomei o pequeno livro da mão do Anjo e comi-o: na minha boca era doce como o mel; mas depois de o engolir, amargou-me no estômago. Então disseram-me: «Tens de profetizar novamente contra muitos povos, nações, línguas e reis».

Compreender a Palavra
Esta pequena passagem do Apocalipse é muito semelhante ao já acontecido com o profeta Ezequiel. A voz faz-se ouvir para que João tome o livro da palavra e o coma porque ele vai ser enviado a profetizar às nações e não vai dizer o que quer mas o que lhe mandam. A verdade que anuncia não é uma descoberta sua é um mandato divino. Ele vai dizer o que está no livro. E aquela palavra é doce na boca mas amarga no estômago.

Meditar a Palavra
É muito interessante esta forma de João descrever a sua experiência com a palavra de Deus. Ele recebeu o livro da palavra e foi enviado a profetizar às nações. A palavra que anuncia não é sua mas de Deus. Não se trata de conhecimento humano nem de verdades filosóficas fruto da observação ou da análise intelectual, mas da verdade que existe desde sempre em Deus e se impõe sobre o conhecimento humano. Comer a palavra é assimilá-la, torna-la sua como fonte de vida e de esperança e informar a sua vida para que se gaste por ela, anunciando-a. Ela é doce na boca porque é agradável ao paladar, mas aquele que assimila a palavra na sua vida e se lança na aventura de profetizar depressa descobre os dissabores do seu anúncio.

Rezar a palavra
A tua palavra Senhor é mais doce que o mel, por isso os meus lábios se abrem para te louvar e o meu coração insiste em procurar a tua presença. Anunciar a tua palavra tornou-se uma exigência da minha vida e não falar de vós seria como aniquilar-me. Pela tua palavra me criaste e o meu coração renova-se ao escutar a tua voz.

Compromisso
Escutar a palavra é alimentar-se de Deus.


Evangelho: Lc 19, 45-48
Naquele tempo, Jesus entrou no templo e começou a expulsar os vendedores, dizendo-lhes: «Está escrito: ‘A minha casa é casa de oração’; e vós fizestes dela ‘um covil de ladrões’». Jesus ensinava todos os dias no templo. Os príncipes dos sacerdotes, os escribas e os chefes do povo procuravam dar-Lhe a morte, mas não encontravam o modo de o fazer, porque todo o povo ficava maravilhado quando O ouvia.

Compreender a Palavra
O templo é lugar de oração, mas há muitas coisas que no templo de Jerusalém se parecem com os templos pagãos. A proximidade da idolatria representada nos animais e no dinheiro como bens que ocupam, no templo, o espaço que pertence a Deus são razão para a intervenção enérgica de Jesus. Purificado o templo, Jesus, instala-se nele e começa a ensinar. Ele é o Senhor do templo mas é também o indesejado pelos poderes humanos, bem representado nos sacerdotes, escribas e chefes.

Meditar a Palavra
Recordo, ao escutar esta palavra, que também eu sou templo, lugar onde o Espírito reza ao Pai, por mim, e percebo Jesus a aproximar-se de mim decidido a derrubar tudo o que em mim é idolatria. Tenho a minha vida cheia de coisas que me servem de Deus e me impedem de ver o rosto do verdadeiro Deus. São coisas para Deus, coisas de Deus, coisas em nome de Deus, mas tiraram o lugar a Deus na minha vida. Preciso de me sentar com Jesus e aprender dele a fazer da minha vida um lugar de oração.

Rezar a Palavra
Eu sou o lugar do teu repouso, a tua morada entre os homens, Senhor. Pelo baptismo tornei-me lugar onde habitas como Deus, como Pai, como Senhor e Mestre. Vem a mim, Senhor, com o chicote da tua palavra e a força do teu amor e salva-me de mim mesmo e das minhas muitas ocupações e ensina-me a saborear a tua presença libertadora.

Compromisso
Hoje vou dar mais tempo à oração, se possível, no sacrário.