Santos Cornélio, papa, e Cipriano, bispo, mártires
Memória
Cornélio foi ordenado bispo da Igreja de Roma no ano 251. Teve de combater o cisma dos novacianos e, com a ajuda de são Cipriano, conseguiu consolidar a sua autoridade. Foi desterrado pelo imperador Gallo e morreu no exílio, perto de Civitavecchia. O seu corpo foi trasladado para Roma e sepultado no cemitério de Calisto, no dia 14 de setembro de 252.
Cipriano nasceu em Cartago, por volta do ano 210, de uma família pagã. Tendo‑se convertido à fé e ordenado presbítero, foi eleito bispo daquela cidade no ano 249. Em tempos muito difíceis, governou sabiamente, com suas obras e escritos, a Igreja que lhe foi confiada. No seu magistério deu um notável contributo à doutrina sobre a unidade da Igreja, reunida em redor da Eucaristia presidida pelo bispo. Na perseguição de Valeriano sofreu, primeiramente, o exílio e, depois, o martírio no dia 14 de setembro do ano 258.

Leitura I 1Cor 15, 12-20

Irmãos: Se pregamos que Cristo ressuscitou dos mortos, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, então a nossa pregação é inútil e também é inútil a vossa fé. E nós aparecemos como falsas testemunhas de Deus, porque damos testemunho contra Deus, ao afirmar que Ele ressuscitou Jesus Cristo, quando de facto não O ressuscitou, a ser verdade que os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é inútil a vossa fé, ainda estais nos vossos pecados; e assim, os que morreram em Cristo também se perderam. Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens. Mas não. Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram.

compreender a palavra
As palavras de Paulo incidem sobre o ponto central da fé cristã, a ressurreição. De facto, alguns entre os coríntios não acreditam na ressurreição. A sua fé em Cristo tem a validade da vida neste mundo. Com a morte tudo termina, pois não há ressurreição. Por isso, Paulo, não deixa escapar o assunto e tece uma argumentação. Se Cristo não ressuscitou a nossa fé e a nossa pregação são inúteis, nós também não ressuscitaremos, a salvação não está ao nosso alcance e permanecemos nos nossos pecados porque a salvação não chegou até nós. Mas, Paulo, não fica por aqui, ele afirma a ressurreição de Cristo. A nossa fé tem sentido e tem sentido a pregação, porque a salvação chegou até nós pela ressurreição de Cristo, garantia da nossa própria ressurreição.

meditar a palavra
Como ontem, também hoje, entre os cristãos há alguns que têm dificuldade em acreditar na ressurreição. Acreditam em Cristo, aceitam o evangelho naquilo que diz respeito às ações e palavras de Jesus enquanto homem, mas aceitar que ele ressuscitou isso não e menos ainda que nós ressuscitaremos com ele. Creio que a dificuldade está em compreender intelectualmente como é que alguém que morreu e foi sepultado pode voltar à vida. Não conseguindo arquitetar uma forma de isso acontecer, dizem não haver nada após da morte. Existem também aqueles que aceitam a ressurreição de Cristo, mas têm dificuldade em aceitar que eles vão também ressuscitar. E há outros que aceitando a ressurreição vivem como se ela não fosse uma realidade. Paulo mostra que deve haver coerência entre aquilo que anunciamos, o que pregamos, o que acreditamos e vivemos. Nesta experiência acontece a salvação que desde Cristo ressuscitado está à nossa disposição. Abrir o coração a Cristo é acolher essa proposta de ressuscitar com Cristo, mistério que já está em nós desde o nosso batismo.

rezar a palavra
Senhor, não consigo construir com a minha inteligência a resposta adequada para acolher a verdade da ressurreição que anunciaste e manifestaste aos teus discípulos na manhã de Páscoa. Parece inacreditável, que após a morte possamos continuar a viver. Dá-me a sabedoria do coração, pois só pelo coração poderei chegar aonde a minha inteligência não consegue, ao coração mesmo da vida nova que nos ofereces no batismo sacramento da ressurreição.

compromisso
Quero revisitar a manhã de Páscoa onde Cristo se mostra vitorioso sobre a morte e nos abre as portas da vida eterna.

Evangelho Lc 8, 1-3

Naquele tempo, Jesus ia caminhando por cidades e aldeias, a pregar e a anunciar a boa nova do reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze, bem como algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades. Eram Maria, chamada Madalena, de quem tinham saído sete demónios, Joana, mulher de Cusa, administrador de Herodes, Susana e muitas outras, que serviam Jesus e os discípulos com os seus bens.

compreender a palavra
O texto vem na sequência do perdão dado à mulher pecadora que entra na casa de Simão. Lucas resume, toda a ação de Jesus, no primeiro versículo, indicando que ele anda de cidade em cidade e de aldeia em aldeia anunciando o reino e é acompanhado pelos discípulos. Na segunda parte, apresenta algumas mulheres que também acompanham Jesus e o “servem”. As mulheres que Lucas menciona são mulheres a quem Jesus curou, de quem ele tirou demónios e a primeira de entre elas é Maria de Magdala, de quem tirou sete demónios e um número desconhecido de outras mulheres. Lucas diz que servem Jesus. O serviço, no pensamento de Jesus é o anúncio do reino. Estas mulheres são as mesmas que estão junto à cruz e as primeiras a ir ao sepulcro na manhã da ressurreição. Estão no caminho de Jesus e servem-no realizando a missão do anúncio de acordo com o seu lugar junto de Jesus.

meditar a palavra
Juntamente com os doze, acompanham Jesus, algumas mulheres, de entre as quais algumas que estiveram possuídas pelo demónio. Não deixa de ser interessante que, aquelas que mais longe estavam de Jesus, as que pertenciam ao demónio, agora são as que estão mais perto dele. E Maria de Magdala, de quem tirou sete demónios, é a primeira a ser mencionada. Elas serviam, isto é, colaboravam com Jesus na sua missão de anunciar a palavra. Não deixa de ser interessante que aquelas que mais pecaram são as que agora mais amam. Os amigos de Jesus, homens ou mulheres são todos assim. Afinal, de Jesus diziam “não é este o filho do carpinteiro?”, “o amigo dos pecadores?” destas mulheres diziam “não é ‘Madalena?’ não é a mulher de Cusa?’ Também eu sinto o olhar do mundo quando me identificam com Jesus. Quem sou eu para estar ao serviço de Jesus, quando a minha vida está marcada, aos olhos de todos, pela debilidade que faz de mim um homem pecador? Não fora Jesus e a sua misericórdia e não seria capaz de estar junto à cruz nem de aguardar em esperança a manhã da ressurreição.

rezar a palavra
De mim expulsas tudo o que me impede de te seguir, Senhor. Perante a tua graça, a tua gentileza, a tua misericórdia, o teu amor frente ao meu pecado, só posso colocar tudo o que sou e tudo o que tenho ao teu serviço, ao serviço do evangelho. Dá-me, Senhor, a coragem de Maria de Magdala e a força de te amar como ela, para não me cansar de te seguir.

compromisso
Com a minha vida de hoje, vou ser manifestação de agradecimento pelo amor que Jesus me dedica.