S. Gregório Magno, papa e doutor da Igreja
Memória
Gregório Magno nasceu em Roma, por volta do ano 540. Tendo seguido a carreira política, chegou a ser nomeado prefeito da Urbe. Abraçou depois a vida monástica, foi ordenado diácono e desempenhou o cargo de legado pontifício em Constantinopla. No dia 3 de setembro do ano 590 foi elevado à cátedra de Pedro, cargo que exerceu como verdadeiro bom pastor no governo da Igreja, no cuidado dos pobres, na propagação e consolidação da fé. Autor e legislador no campo da liturgia e do canto sacro, elaborou um sacramentário que tem o seu nome e constitui o núcleo fundamental do Missal Romano. Deixou escritos de carácter pastoral, moral, homilético e espiritual, que formaram inteiras gerações cristãs, especialmente na Idade Média. Morreu a 12 de março do ano 604.
Leitura I (anos ímpares) Cl 1, 15-20
Cristo é a imagem de Deus invisível, o Primogénito de toda a criatura; Porque n’Ele foram criadas todas as coisas no céu e na terra, visíveis e invisíveis, Tronos e Dominações, Principados e Potestades: por Ele e para Ele tudo foi criado. Ele é anterior a todas as coisas e n’Ele tudo subsiste. Ele é a cabeça da Igreja, que é o seu corpo. Ele é o Princípio, o Primogénito de entre os mortos; em tudo Ele tem o primeiro lugar. Aprouve a Deus que n’Ele residisse toda a plenitude e por Ele fossem reconciliadas consigo todas as coisas, estabelecendo a paz, pelo sangue da sua cruz, com todas as criaturas na terra e nos céus.
compreender a palavra
Paulo oferece, no contexto da carta aos colossenses, esta página de rara beleza na qual Cristo é apresentado como centro de tudo o que existe. Trata-se de um hino cristológico que nos apresenta uma descrição de Cristo como figura incontornável no contexto da criação e da redenção. A ele devem a existência todas as criaturas, por ele tudo foi criado, ele é anterior, é cabeça, princípio e primogénito. Nele está a plenitude e por ele fomos reconciliados e redimidos.
meditar a palavra
Este hino cristológico oferece-nos a oportunidade de meditar sobre Cristo e o seu lugar na criação e na redenção. Cristo não é uma figura do passado sobre a qual possamos dizer duas ou três coisas para ilustrar a sua vida, como a de um famoso que viveu entre nós e a quem admiramos. Não! Cristo é incontornável ao nível histórico, mas ele é mais do que uma figura histórica, ele é anterior a todas as coisas e a causa da existência de todas as criaturas visíveis e invisíveis, da terra e do céu. Quer dizer, sem ele nada existe e nele encontram o ser todas as criaturas. Ele é Deus. E como Deus está presente na história da humanidade e entra nessa história com uma presença determinante, reconciliando em si todas as coisas com Deus e redimindo o homem daquilo que o impossibilita de viver. Por isso ele tem o primeiro lugar em todas as coisas e está acima de todas as criaturas.
rezar a palavra
Senhor, Jesus, tantas vezes temos a tentação de olhar para ti como um homem importante, diferente, revolucionário que viveu num passado distante. Tantas vezes olhamos para ti como um super homem que, por ser Deus, estava isento de dor e sofrimento e a quem nada nem ninguém podia vencer. Mas tu apresentas-te diante de nós na humildade de uma criança frágil, numa existência breve e no meio de dor e sofrimento quiseste lavar as nossas faltas e recriar as nossas vidas no amor. Ilumina-nos para sabermos ver no homem de Nazaré o Deus salvador e no Deus salvador, o amigo que morre por nós.
compromisso
Hoje é dia de contemplar Cristo no íntimo dos nossos corações e dizer “Creio em um só Senhor, Jesus Cristo”.
Evangelho Lc 5, 33-39
Naquele tempo, os fariseus e os escribas disseram a Jesus: «Os discípulos de João Batista e os fariseus jejuam muitas vezes e recitam orações. Mas os teus discípulos comem e bebem». Jesus respondeu-lhes: «Quereis vós obrigar a jejuar os companheiros do noivo, enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo lhes será tirado; nesses dias jejuarão». Disse-lhes também esta parábola: «Ninguém corta um remendo de um vestido novo, para o deitar num vestido velho, porque não só rasga o vestido novo, como também o remendo não se ajustará ao velho. E ninguém deita vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo acaba por romper os odres, derramar-se-á e os odres ficarão perdidos. Mas deve deitar-se vinho novo em odres novos. Quem beber do vinho velho não quer do novo, pois diz: ‘O velho é que é bom’».
compreender a palavra
As discussões entre os Fariseus e Jesus são habituais no Evangelho. Sacerdotes, Escribas e Fariseus são grupos fechados com normas de vida muito próprias e tradicionais. Têm dificuldade em aceitar qualquer mudança e seguir qualquer novidade. Têm medo de perder o seu lugar e a sua importância na sociedade. As questões que colocam a Jesus pretendem ganhar terreno diante das multidões que consideram Jesus como um profeta e até como messias. Perante a pergunta sobre a razão pela qual os discípulos de Jesus não jejuam, Jesus responde com uma situação de exceção. Ninguém jejua em festa de casamento. Jesus é o noivo dos tempos novos, o tempo do Messias. Os discípulos não jejuam enquanto o Messias estiver com eles. Depois, quando o Messias morrer, então poderão jejuar. Os que seguem o Messias têm que tornar-se um tecido novo e não um remendo que se coloca no tecido velho. A novidade do evangelho é o vinho novo que exige corações novos.
meditar a palavra
Nos tempos que correm, o evangelho aparece como uma palavra antiga. A posição dos homens de hoje torna-se estreita porque lhes parece que o evangelho vem tirar a liberdade de viver segundo os interesses, os apetites e as vontades de cada um. O homem de hoje sente-se muito moderno diante do evangelho. É fácil encontrar pessoas que entendem as palavras de Jesus como palavras para ontem e que a serem aplicadas hoje, tem que se lhes dar o desconto. Será uma situação semelhante à dos Fariseus e Escribas. Seja como for, os discípulos de Jesus têm que ser homens e mulheres revestido de Cristo, o homem novo que projeta um olhar sempre renovado sobre o mundo. Os discípulos de Jesus não podem fechar-se ao evangelho. Serão homens atentos às circunstâncias do tempo presente e abertos à palavra que dá o sentido verdadeiro a todas as coisas.
rezar a palavra
“O velho é que é bom”. Senhor Jesus, preciso abrir o meu coração à tua palavra para me deixar guiar por ela. Não posso viver ao sabor dos tempos que não sabem onde está o que é bom. Para uns o bom é o velho, para outros é o novo. Para mim Senhor, o bom és tu, aquele que dá um sentido novo a todas as coisas. Reveste-me, Senhor da tua palavra para que possa saborear a alegria da novidade permanente que me ofereces.
compromisso
Quero estar atento à palavra de Jesus que me revela a novidade de Deus.