1 Pedro 4, 7-13
Caríssimos: O fim de todas as coisas está próximo. Sede prudentes e sóbrios, para vos dedicardes à oração. Sobretudo, conservai uma caridade intensa uns para com os outros, porque a caridade cobre a multidão dos pecados. Praticai entre vós a hospitalidade, sem murmuração. Cada um de vós ponha ao serviço dos outros os dons que recebeu, como bons administradores da graça de Deus, tão variada nas suas formas. Se alguém fala, diga palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o como um mandato recebido de Deus, para que em tudo Deus seja glorificado, por Jesus Cristo, a quem é devida a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amen. Caríssimos, não vos perturbeis com a labareda que se acendeu no meio de vós para vos provar, como se estivesse a acontecer-vos alguma coisa estranha. Alegrai-vos na medida em que participais nos sofrimentos de Cristo, a fim de que possais também alegrar-vos e exultar no dia em que se manifestar a sua glória.
Compreender a Palavra
No meio de perseguições, Pedro convida os cristãos a participar nos sofrimentos de Cristo com a alegria de quem sabe que também participará na sua glória. Ao mesmo tempo, Pedro convida pôr em prática os melhores sentimentos: a prudência e sobriedade de vida e a dedicação à oração. A caridade, a hospitalidade e o serviço aos outros, usando para o bem comum os dons que Deus concedeu a cada um.
Meditar a Palavra
A vida cristã é uma vida simples, despojada de todos os artifícios e vaidades com que os homens costumam apresentar-se uns diante dos outros para ganhar importância e prestígio social. Pedro mostra-nos que o cristão não deve procurar a sua glória mas, seguindo o caminho de Cristo procurar a glória de Deus e o bem dos irmãos. A sobriedade e o serviço aos irmãos na partilha dos dons recebidos de Deus, a hospitalidade e a oração, a caridade fraterna que procura o bem comum e não o próprio interesse, são o modo como havemos de dar glória a Deus.
Rezar a Palavra
Faz da minha vida, Senhor, uma porta aberta para o bem de todos os que desejarem e precisarem de descanso e conforto. Que nos meus gestos diários muitos encontrem a alegria e a paz e aprendam a dar-te glória por tudo quanto depositaste em minhas mãos.
Compromisso
Viver a vida ao serviço dos irmãos
Evangelho: Mc 11, 11-26
Naquele tempo, Jesus, depois de ser aclamado pela multidão, entrou em Jerusalém e foi ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, saiu para Betânia com os Doze. No dia seguinte, quando saíam de Betânia, Jesus sentiu fome. Viu então de longe uma figueira com folhas e foi ver se encontraria nela algum fruto. Mas, ao chegar junto dela, nada encontrou senão folhas, pois não era tempo de figos. Então, dirigindo-Se à figueira, disse: «Nunca mais alguém coma do teu fruto». E os discípulos escutavam. Chegaram a Jerusalém. Quando Jesus entrou no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam: derrubou as mesas dos cambistas e os bancos dos vendedores de pombas e não deixava ninguém levar nada através do templo. E ensinava-os, dizendo: «Não está escrito: ‘A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos’? E vós fizestes dela um covil de ladrões». Os príncipes dos sacerdotes e os escribas souberam disto e procuravam maneira de o fazer morrer. Mas temiam Jesus, porque toda a multidão andava entusiasmada com a sua doutrina. Ao cair da noite, Jesus e os discípulos saíram da cidade. Na manhã seguinte, ao passarem perto da figueira, os discípulos viram-na seca até às raízes. Pedro recordou-se do que tinha acontecido na véspera e disse a Jesus: «Olha, Mestre. A figueira que amaldiçoaste secou». Jesus respondeu: «Tende fé em Deus. Em verdade vos digo: Se alguém disser a este monte: ‘Tira-te daí e lança-te no mar’, e não hesitar em seu coração, mas acreditar que se vai cumprir o que diz, assim acontecerá. Por isso vos digo: Tudo o que pedirdes na oração, acreditai que já o recebestes e assim sucederá. E quando estiverdes a orar, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que o vosso Pai que está nos Céus vos perdoe também as vossas faltas».
Compreender a Palavra
A passagem de hoje tem muitos ensinamentos. Merece que nos detenhamos tranquilamente a meditar cada palavra. Vejamos alguns aspectos. Jesus está em Jerusalém em vésperas de ser preso. “Observa tudo à sua volta” e regressa no dia seguinte para ensinar com gestos e palavras, que a casa de Deus é casa de oração. Diante do templo Jesus percebe a realidade de um povo que perdeu Deus do seu horizonte, já não dá fruto, vive sem futuro, sem esperança e sem fé. Este é outro ensinamento de Jesus. No final resume tudo para os discípulos: se tiverdes fé a vossa oração será certeza e tudo o que pedirdes se realizará. Mas o coração daquele que pede deve estar limpo pelo perdão.
Meditar a Palavra
Sinto que Jesus me diz que, se eu perder Deus do meu horizonte, posso tornar-me num lugar devassado onde tudo o que não presta entra e sai sem qualquer controle. Viverei sem esperança e andarei como quem não tem futuro, como uma figueira que não dá fruto, numa vida que não serve para nada. Deus é uma autoridade que não se impõe, mas que, no amor, se propõe ao homem, se oferece como poder libertador, como perdão que arruma a casa e põe em ordem todos os desejos, opções e atitudes desordenadas que arrasam a vida e destroem a esperança hipotecando o futuro. Abrir o coração à fé, ainda que seja apenas uma hipótese na minha vida, fará com que os meus desejos se tornem oração, a oração se torne vida e a vida lugar de perdão.
Rezar a Palavra
Senhor, não quero ser figueira estéril, inútil, enganadora. Não quero ser templo devassado onde toda a espécie de maldade tem lugar. Não quero fechar-me à esperança nem viver apenas para os meus negócios. Derruba as bancas da minha insensibilidade, abre as portas da minha frieza e levanta em mim o estandarte da esperança que me faz desejar o teu perdão e a tua misericórdia.