Leitura I Ef 4, 32-5, 8

Irmãos: Sede bondosos e compassivos uns para com os outros e perdoai-vos mutuamente, como Deus também vos perdoou em Cristo. Sede imitadores de Deus, como filhos muito amados. Caminhai na caridade, a exemplo de Cristo, que nos amou e Se entregou por nós, oferecendo-Se como vítima agradável a Deus. A imoralidade e qualquer impureza ou avareza, nem sequer sejam mencionadas entre vós, como é próprio de cristãos. Nada também de palavras indecentes, estultas ou maliciosas, que são coisas inconvenientes. Em vez disso, dai ações de graças. Porque, como sabeis, nenhum imoral, impudico ou avarento – que é uma idolatria – terá parte na herança do reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos iluda com vãos raciocínios: é por causa dessas desordens que a ira de Deus atinge os rebeldes. Portanto, não sejais seus cúmplices. Outrora vós éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Procedei como filhos da luz.

compreender a palavra
Cristo é o modelo para todos os crentes. Modelo no amor. Dando a vida pela reconciliação de todos, Cristo deve ser imitado. O que não cabe no amor não é digno dos cristãos, nem em palavras nem em obras, porque no coração e na boca do cristão apenas devem estar presentes ações de graças. Aquele que pretende resolver as questões da sua vida com as armas do mundo está a agir como outrora, quando andava nas trevas e não segundo a luz.

meditar a palavra
As palavras de Paulo são muito importantes e sempre oportunas para nós. De facto, nós, os que nascemos para a luz e somos filhos da luz não podemos agir de acordo com as obras das trevas. As nossas palavras e ações devem ser ações de graças e imitação de Cristo que, na caridade para connosco, entregou a sua vida por nós, para a nossa reconciliação. Também nós havemos de fazer tudo para concretizar a reconciliação entre nós e com Deus.

rezar a palavra
Reconciliados pelo mistério de Cristo, na sua morte e ressurreição, queremos, Senhor, ser imitadores de Cristo na caridade para com os nossos irmãos. Concede-nos a capacidade de morrer para nós próprios, para a nossa razão e para a nossa vontade, a fim de nos reconciliarmos no amor.

compromisso
Aquele que ama, perdoa e quem perdoa, não perde mas ganha a batalha da reconciliação.

Evangelho Lc 13, 10-17

Naquele tempo, estava Jesus a ensinar ao Sábado numa sinagoga. Apareceu lá uma mulher com um espírito que a tornava enferma havia dezoito anos; andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. Ao vê-la, Jesus chamou-a e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua enfermidade»; e impôs-lhe as mãos. Ela endireitou-se logo e começou a dar glória a Deus. Mas o chefe da sinagoga, indignado por Jesus ter feito uma cura ao Sábado, tomou a palavra e disse à multidão: «Há seis dias para trabalhar. Portanto, vinde curar-vos nesses dias e não no dia de Sábado». O Senhor respondeu: «Hipócritas! Não solta cada um de vós do estábulo o seu boi ou o seu jumento ao Sábado, para o levar a beber? E esta mulher, filha de Abraão, que Satanás prendeu há dezoito anos, não devia libertar-se desse jugo no dia de Sábado?». Enquanto Jesus assim falava, todos os seus adversários ficaram envergonhados e a multidão alegrava-se com todas as maravilhas que Ele realizava.

compreender a palavra
Jesus está pela última vez, segundo o evangelho de Lucas, numa sinagoga a ensinar. Naquele momento entra em cena uma mulher que vivia curvada há já dezoito anos, “prisioneira de Satanás”. A presença daquela mulher, rejeitada por todos, era indiferente, já ninguém reparava nela. Jesus devolveu aquela mulher ao olhar dos presentes, chamando-a e curando-a da sua enfermidade. De repente, aquela mulher é trazida à vida e inserida no grupo dos que louvam a Deus. Aqueles que sabiam da sua presença naquele lugar ao longo de dezoito anos e nada fizeram por ela interessaram-se agora porque está curada, não para a felicitarem e se alegrarem com a sua cura, mas para limpar a sua própria vergonha de nada terem feito. A justificação não pega e ficaram mal diante de Jesus que não pode aceitar tal hipocrisia.

meditar a palavra
O olhar de Jesus ensina a dirigir o olhar para aqueles que ninguém vê. O coração de Jesus mostra a direção do amor que é capaz de trazer à vida e ao convívio humano, aqueles que já foram tornados invisíveis pela indiferença. Os gestos de Jesus que impõe as mãos ensinam a usar as mãos para levantar e libertar os homens oprimidos e a não impor regras que aprisionam e sobrecarregam os outros, curvando-os, até que deixem de ver a injustiça com que são tratados. A palavra de Jesus abre os olhos dos oprimidos para que vejam a verdade e deixem de louvar aqueles que os oprimem e passem a louvar a Deus que os ergue na dignidade de filhos. Perante o chamamento que Jesus faz aos oprimidos para que se aproximem dele, não posso continuar indiferente aos que sofrem a meu lado e tantas vezes por minha causa.

rezar a palavra
“Estás livre da tua enfermidade”. Espero estas palavras, Senhor. Quero sentir-te num momento como o da mulher em que, pelo teu olhar, me veja livre da cegueira que não me deixa ver os irmãos. Quero experimentar a forças das tuas mãos que me salvam da pequenez com que olho os outros. Quero ouvir as palavras que abrem o meu coração na direção do irmão para com ele te louvar em espírito e verdade. Quero ser livre para libertar os corações oprimidos de tantos homens esquecidos. Dá-me Senhor, um coração capaz de se compadecer dos meus irmãos mais pequeninos.

compromisso
Quero aprender com Jesus a orientar o meu olhar, as minhas mãos e o meu coração para os esquecidos, para isso vou procurar hoje mesmo aqueles que sei que vivem sós.