Zacarias 8, 1-8

A palavra do Senhor do Universo foi-me dirigida nestes termos: «Assim fala o Senhor do Universo: Sinto por Sião um amor ardente, tenho por ela um grande ciúme. Assim fala o Senhor: Eu voltarei para Sião, habitarei em Jerusalém. Jerusalém será chamada ‘Cidade fiel’ e o monte do Senhor do Universo ‘Monte Santo’. Assim fala o Senhor do Universo: Velhos e velhas voltarão a sentar-se nas praças de Jerusalém, cada um apoiado no seu bastão por causa da muita idade. As praças da cidade encher-se-ão de meninos e meninas, que brincarão nas suas praças. Assim fala o Senhor do Universo: Se isto parece impossível, naqueles dias, aos olhos do resto deste povo, porventura será também impossível a meus olhos? – oráculo do Senhor do Universo. Assim fala o Senhor do Universo: Eu libertarei o meu povo, das terras do Oriente e das terras do Ocidente. Hei de trazê-los de novo para habitarem em Jerusalém. Eles serão o meu povo e Eu serei o seu Deus na fidelidade e na justiça».

Compreender a Palavra
Os impossíveis de Deus diante da infidelidade do povo. O resto de Israel tem dificuldade em acreditar que será possível restaurar este povo regressado do exílio e fazer dele o povo do Senhor com toda a sua glória e esplendor. No entanto, Deus fala e proclama que para ele nada é impossível “Se isto parece impossível, naqueles dias, aos olhos do resto deste povo, porventura será também impossível a meus olhos?”. As praças vão encher-se de velhos e velhas e de crianças sinal da bênção de Deus. Porque o Senhor ama o seu povo com um amor ardente e vai libertá-lo do oriente e do ocidente e eles “serão o meu povo e eu serei o seu Deus”. Para Deus não há impossíveis e a infidelidade não é para sempre porque o amor é mais forte que a infidelidade.

Meditar a Palavra
A nossa confiança está posta no Senhor que nos ama ardentemente. É um amor que mexe com Deus e o leva a agir em nosso favor. No seu amor liberta-nos de todas as cadeias e salva-nos de todas as opressões. Faz-nos sair da infidelidade e habitar no país de esperança. Ele é mais forte que a nossa pequenez e para ele nada é impossível. Os nossos olhos não veem mas o Senhor vê o que vai acontecer porque o seu amor é capaz de gerar fidelidade onde só existe pecado. Só no Senhor está a nossa confiança.

Rezar a Palavra
Desperta em mim a fidelidade ao teu amor. Sou como o resto de Israel, perdido na minha pequenez, incapaz de ver o que já estás a realizar em mim como libertação de tudo o que me impede reconhecer o teu poder e a tua grandeza. O teu poder, Senhor, é misericórdia e a tua grandeza compaixão. Faz-me viver no teu amor para experimentar a tua salvação.

Compromisso
Quero acreditar que para Deus nada é impossível.

Evangelho: Lc 9, 46-50

Naquele tempo, houve uma discussão entre os discípulos sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, que lhes conhecia os sentimentos íntimos, tomou uma criança, colocou-a junto de Si e disse-lhes: «Quem acolher em meu nome uma criança como esta acolhe-Me a Mim; e quem Me acolher acolhe Aquele que Me enviou. Na verdade, quem for o mais pequeno entre vós esse é que será o maior». João tomou a palavra e disse: «Mestre, vimos um homem expulsar os demónios em teu nome e quisemos impedi-lo, porque ele não anda connosco». Mas Jesus respondeu-lhe: «Não lho proibais, pois quem não é contra vós é por vós».

Compreender a Palavra
O texto surge na sequência da expulsão de um demónio e do segundo anúncio da paixão. Jesus está perplexo com a incapacidade que os discípulos demonstram em entender o que lhes vai ensinando com as suas palavras e com os seus gestos. O texto que agora escutámos, mostra-nos esta dificuldade em entender. Depois de anunciar que vai ser entregue às mãos dos homens, os discípulos discutem sobre qual deles é o maior. Jesus pega numa criança para os fazer entender que a lógica do reino não é a lógica humana. No reino os maiores são os mais pequenos, os que sabem acolher os mais pequenos. No final surge a questão de um homem que expulsa demónios em nome de Jesus sem autorização.

Meditar a Palavra
O Reino de Deus anunciado por Jesus tem critérios diferentes dos humanos. Eu penso muito na possibilidade de ser conhecido, estimado, tido como importante. Quero ser o primeiro. Os critérios do reino passam pela humildade e pelo serviço. Estas atitudes requerem aprendizagem e tempo de exercitação. Ser criança é aquela que está numa etapa da vida em que se deixa educar, orientar, para adquirir os critérios de acção da família e da sociedade a que pertence. Os discípulos hão-de aprender também os critérios do reino. Devem deixar-se educar por Jesus. Como discípulo também eu necessito desta aprendizagem, vencendo os critérios humanos dominadores da minha vida, para adquirir os critérios do reino que Jesus me propõe. Só os que tiverem critérios de humildade e serviço são capazes de entender Jesus, de o acolher e de o imitar.

Rezar a Palavra
É difícil ser o último numa sociedade que nos convida a ocupar o primeiro lugar, passando à frente de todos e usando todas as armas que estiverem ao nosso alcance, sem pensar em ninguém. Pedes que me esqueça de mim e pense nos outros, que tenha os outros como mais importantes. Bem sei, Senhor, que és um modelo de entrega e desprendimento, mas não é fácil ver como se aproveitam de mim para alcançar interesses pessoais e atingir uma posição que podia ser eu a atingir. Traduzir em mim os teus critérios de acção, os teus sentimentos, não é fácil. Mostra-me, Senhor, a alegria de viver na dedicação total aos outros, para que me deixe educar por ti nos critérios do teu reino e não sinta o desejo do primeiro lugar.

Compromisso 
Vou estar atento aos meus irmãos mais humildes para que se sintam valorizados na minha presença.