Beatas Sancha e Mafalda, virgens, e Teresa, religiosa
[Memória facultativa em Portugal]
As Beatas Sancha e Mafalda, virgens, e Teresa, religiosa, filhas de Dom Sancho I, rei de Portugal, foram modelo de virtudes desde a infância. Sancha começou a vida monacal em Alenquer, consagrando-se generosamente ao serviço de Deus, retirando-se, depois, para o mosteiro cisterciense de Celas, em Coimbra, onde morreu santamente, no dia 13 de março de 1229. Mafalda, após uma piedosa juventude, renunciando ao matrimónio que lhe foi proposto com o rei de Castela, tomou o hábito cisterciense no mosteiro de Arouca, onde deu exemplo de vida perfeita, e aí morreu, no dia 1 de maio de 1256. Teresa, a primogénita, apesar da sua aspiração à vida claustral, foi dada em casamento ao rei de Leão, mas, reconhecida a nulidade do matrimónio, retirou-se para o mosteiro de Lorvão, perto de Coimbra, onde tomou o hábito cisterciense e, santamente, morreu no dia 17 de junho de 1250.

Leitura I (anos pares) 2Rs 17, 5-8.13-15a.18
Naqueles dias, Salmanasar, rei da Assíria, invadiu todo o país e pôs cerco a Samaria, durante três anos. No nono ano do reinado de Oseias, o rei da Assíria tomou Samaria e deportou os filhos de Israel para a Assíria, estabelecendo-os em Halá, nas margens do Habor, rio de Gozã, e nas cidades da Média. Isto aconteceu, porque os filhos de Israel pecaram contra o Senhor, seu Deus, que os fizera sair da terra do Egito, libertando-os do poder do faraó, rei do Egito. Prestaram culto a outros deuses e seguiram os costumes das nações que o Senhor expulsara diante deles, e os costumes que os reis de Israel tinham introduzido. No entanto, o Senhor tinha advertido Israel e Judá, por meio dos seus profetas e videntes, dizendo: «Convertei-vos dos vossos maus caminhos e guardai os meus mandamentos e preceitos, conforme toda a Lei que prescrevi aos vossos pais e vos comuniquei por meio dos meus servos, os profetas». Mas eles não quiseram obedecer e tornaram-se ainda mais endurecidos que seus pais, que não tinham acreditado no Senhor, seu Deus. Desprezaram os preceitos do Senhor, bem como a aliança que firmara com seus pais e as advertências que lhes tinha feito. Então o Senhor indignou-Se tanto contra Israel que o afastou para longe da sua presença. Ficou apenas a tribo de Judá.

compreender a palavra
Dividido em dois reinos depois da morte de Salomão, o povo do Senhor nunca mais voltou a ser a unidade das doze tribos. O reino do norte foi invadido pelos Assírios que deportaram os seus habitantes e ocuparam o território com outros povos. Foi uma estratégia, criar um império vencendo a cultura, a tradição e a religiosidade de cada povo para construir uma nova unidade. Israel faz a leitura dos acontecimentos: “o Senhor tinha advertido Israel e Judá, por meio dos seus profetas”. O Senhor não esquece o seu povo e vai avisando de geração em geração “Convertei-vos dos vossos maus caminhos”. No entanto, “eles não quiseram obedecer e tornaram-se ainda mais endurecidos que seus pais… Desprezaram os preceitos do Senhor”. O resultado final não podia ser outro “Então o Senhor indignou-Se tanto contra Israel, que o afastou para longe da sua presença”.

meditar a palavra
Esta palavra é para nós hoje. Também nós, como o povo do Senhor do Antigo Testamento, sofremos uma divisão. De um lado está o desejo do Senhor e do outro a força da natureza que reclama de nós uma liberdade sem Deus. Divididos assim, andamos periclitantes, mas avisados pelo Senhor “se cumprires os meus mandamentos e andares na minha presença serás feliz”. Voltar as costas ao Senhor é sempre expor-se ao poder do inimigo que devassa a nossa existência, se apodera de nós e nos transforma segundo os seus critérios para nos deixar ao seu serviço sem quaisquer direitos. Ouvir a advertência do Senhor é o único caminho para a salvação e liberdade total.

rezar a palavra
Que os meus ouvidos oiçam e o meu coração acolha a advertência que fazes chegar, por meio dos teus profetas, para não cair nas mãos dos inimigos que consomem a minha vida numa existência longe de ti. Só tu és o Senhor que me tira da terra da escravidão, só em ti está a verdadeira vida.

compromisso
Medito na advertência do Senhor.

Evangelho Mt 7, 1-5
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Não julgueis e não sereis julgados. Segundo o julgamento que fizerdes sereis julgados, segundo a medida com que medirdes vos será medido. Porque olhas o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como poderás dizer a teu irmão: ‘Deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, enquanto a trave está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão».

compreender a palavra
Estamos ainda a escutar o grande Sermão da Montanha narrado por Mateus. São muitos elementos cheios de beleza que revelam um grande conhecimento do homem. Jesus sabe o que está no coração do homem e por isso adverte para a possibilidade do julgamento do outro. É difícil para qualquer homem, um julgamento do outro com justiça. É difícil ao homem julgar sem ser julgado. O que os olhos veem não é a verdade porque o olhar está viciado pelo coração do homem. Somos cegos que querem ver sem vencer a própria cegueira.

meditar a palavra
“Deixa-me tirar o argueiro que tens na tua vista”. Sou muito atrevido no que respeita à vida do outro. Muito determinado na análise da sua vida. Muito audaz no seu julgamento e na sua correção. Jesus pede-me que use da mesma determinação para me avaliar e corrigir a mim mesmo, porque a minha forma de atuar com o outro não é justa. Vejo bem demais para os outros e não tenho capacidade para ver o que há em mim e que é censurável. O outro é meu irmão e é nessa qualidade que hei de olhá-lo para que seja o amor a vê-lo e a julgá-lo e não os meus olhos que são maus.

rezar a palavra
Senhor, quero aprender a aceitar o outro como meu irmão. Quero olhá-lo com os olhos do coração e pelo filtro do amor, para que o meu julgamento não seja condenação, mas correção fraterna. Quero deixar-me ver pelo meu irmão para que também ele me corrija com as palavras inspiradas do amor que me quer salvar e não condenar-me à infâmia e à perdição. Quero aceitar-me com a minha cegueira para ter a coragem de tirar a trave que tenho nos olhos. Dá-me a coragem de ver para além do argueiro e para além da trave que nos cega.

compromisso
Vou vencer a minha vontade de julgar o outro com a meditação sobre o mal que está em mim e não me deixa ver o outro como irmão.