S. João da Cruz, presbítero e doutor da Igreja
Memória
João da Cruz nasceu em Fontiveros, província de Ávila, na Espanha, pelo ano de 1542. Sendo professo e presbítero na Ordem do Carmo, foi o primeiro que, a partir de 1568, persuadido por Santa Teresa de Jesus, se declarou a favor da reforma da sua Ordem, tendo suportado, por isso, inumeráveis sofrimentos e trabalhos. Como revelam os seus escritos, buscando uma vida escondida em Cristo e deixando-se abrasar na chama do amor de Deus, subiu através da noite escura da alma ao monte de Deus. Morreu em Úbeda, na Andaluzia, região da Espanha, no dia 14 de dezembro de 1591, com grande fama de santidade e sabedoria. É um dos grandes mestres e testemunhas da experiência mística.

Leitura I Nm 24, 2-7.15-17a
Naqueles dias, o profeta Balaão, erguendo os olhos, viu o povo de Israel acampado por tribos. O Espírito de Deus desceu sobre ele e ele proferiu a sua profecia, dizendo: «Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem contempla as visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e seus olhos se abrem. Como são belas as tuas tendas, Jacob, e as tuas moradas, Israel! São como vales que se prolongam e jardins à beira dum rio, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto da corrente. A água transbordará de seus cântaros e a sua semente será abundantemente regada. O seu rei é maior do que Agag e a sua realeza será exaltada. Palavra de Balaão, filho de Beor, palavra do homem de olhar penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem conhece a ciência do Altíssimo, de quem contempla as visões do Omnipotente, quando cai em êxtase e seus olhos se abrem. Eu vejo, mas não é para agora; eu contemplo, mas não de perto: Surge uma estrela de Jacob, levanta-se um cetro de Israel».

compreender a palavra
Chamado por Balac para amaldiçoar o povo do Senhor, Balaão, o “homem de olhar penetrante, palavra de quem ouve as revelações de Deus, de quem contempla as visões do Omnipotente… que conhece a ciência do Altíssimo”, em vez de amaldiçoar abençoou o povo como Deus lhe inspirara. De facto, perante a insistência de Balac que dizia “Que estás a fazer? Procurei-te para amaldiçoar o meu inimigo e tu pões-te a abençoá-lo!”, Balaão responde com palavras sábias, dizendo: “Porventura aquilo que o Senhor pôs na minha boca não o deverei dizer fielmente?” Sobre Balaão desceu o Espírito do Senhor e ele abençoou o povo. Depois faz a profecia “Eu vejo, mas não é para agora; eu contemplo, mas não de perto: Surge uma estrela de Jacob”. Esta estrela é Cristo que se levanta no meio da humanidade como uma luz que ilumina todo o homem.

meditar a palavra
Como a Israel, o Senhor envia à minha vida o seu profeta que proclama em mim a sua palavra e me oferece a sua bênção. Ainda que meus inimigos me queiram amaldiçoar, o Senhor omnipotente transforma a maldição em bênção, porque o Senhor me ama, ele é meu Pai e eu sou seu filho. Eu sou a razão da sua alegria. Mesmo quando à minha volta, os homens de olhar turvo e coração obstinado me olhem com frieza e rancor, o Senhor sempre me abençoará. Ele levanta-se sobre mim como uma estrela, aquela estrela da manhã que anuncia um novo dia, um tempo de salvação, alegria e de júbilo.

rezar a palavra
Vem, Senhor com a tua palavra purificar o meu olhar para poder contemplar, como Balaão, as visões deste tempo da noite que se vai, para que veja a novidade do dia que traz a notícia da vossa salvação. Vem Senhor e ilumina a minha vida como estrela da manhã que anuncia o novo dia, o tempo favorável em que a tua bênção desce sobre toda a humanidade.

compromisso
Esperar é já ver o que o Senhor promete. A noite é já tempo de viver o dia que ainda está para chegar. Posso crescer na esperança todos os dias.

Evangelho Mt 21, 23-27
Naquele tempo, Jesus foi ao templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se d’Ele os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo, que Lhe perguntaram: «Com que autoridade fazes tudo isto? Quem Te deu tal direito?» Jesus respondeu-lhes: «Vou fazer-vos também uma pergunta e, se Me responderdes a ela, dir-vos-ei com que autoridade faço isto. Donde era o batismo de João? Do Céu ou dos homens?» Mas eles começaram a deliberar, dizendo entre si: «Se respondermos que é do Céu, vai dizer-nos: ‘Porque não lhe destes crédito?’ E se respondermos que é dos homens, ficamos com receio da multidão, pois todos consideram João como profeta». E responderam a Jesus: «Não sabemos». Ele por sua vez disse-lhes: «Então não vos digo com que autoridade faço isto».

compreender a palavra
O texto está ligado com a atitude de Jesus perante os vendilhões que se encontram no Templo a vender toda a espécie de coisas e fazendo da casa de Deus um covil de ladrões.
Estando Ele a ensinar, aparecem os sacerdotes e os anciãos que o questionam sobre a sua atitude. Jesus já os conhece e já conhece o seu coração fechado às coisas da fé por Ele anunciadas, por isso, coloca-lhes uma questão. A pergunta de Jesus é oportuna: “Donde era o batismo de João? Do Céu ou dos homens?”. Eles não acreditaram em João, não acreditam em Jesus e não acreditarão em ninguém porque só acreditam em si próprios e nos seus interesses.

meditar a palavra
É tão frequente a dificuldade de diálogo entre a Igreja e o mundo. Entre um sacerdote e um cristão. Entre a proposta de Jesus e a nossa vontade. Valia a pena prestarmos atenção ao que queremos e ao que querem as pessoas quando vão à igreja pedir um batismo, um casamento… O que a Igreja tem para nos dar e o que nós queremos está tão distante que chega mesmo a entrar em conflito porque não abrimos o coração à proposta. Vemos apenas os nossos interesses e as nossas ideias e nem percebemos como somos pequeninos.

rezar a palavra
A tua palavra, Senhor, quer rasgar caminhos e abrir horizontes de plenitude e eternidade. Tu queres que eu seja grande, tão grande como Tu. Desejas que o meu coração seja livre, tão livre como o Teu. Pretendes arrancar-me da minha condição terrena e tornar-me divino. E eu, Senhor, só penso nas coisas imediatas e nem percebo que fico pobre, cada vez mais pobre, mais terra à terra, rastejando cada vez mais. Não me criaste para comer o pó da terra, como a serpente de Génesis, nem para ser escravo que se deita no chão para o seu senhor passar. Criaste-me para ser filho, herdeiro, cidadão de plenos direitos. Abre, com toda a tua força, o meu coração para que saboreie a alegria da Boa Nova que tu és para mim.

compromisso
Na minha meditação de hoje vou renovar o meu Batismo como acontecimento em que Deus me disse “Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”.