Virgem Santa Maria, Rainha
Memória
A Virgem Santa Maria, que deu à luz o Filho de Deus, príncipe da paz, cujo reino não tem fim, é celebrada pelo povo cristão como Rainha do céu e Mãe de misericórdia. Esta memória foi instituída em 1955, pelo papa Pio XII.
[Leituras apropriadas]
LEITURA I Is 9, 1-6
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz; para aqueles que habitavam nas sombras da morte uma luz começou a brilhar. Multiplicastes a sua alegria, aumentastes o seu contentamento. Rejubilam na vossa presença, como os que se alegram no tempo da colheita, como exultam os que repartem despojos. Vós quebrastes, como no dia de Madiã, o jugo que pesava sobre o povo, o madeiro que ele tinha sobre os ombros e o bastão do opressor. Todo o calçado ruidoso da guerra e toda a veste manchada de sangue serão lançados ao fogo e tornar-se-ão pasto das chamas. Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado «Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz». O seu poder será engrandecido numa paz sem fim, sobre o trono de David e sobre o seu reino, para o estabelecer e consolidar por meio do direito e da justiça, agora e para sempre. Assim o fará o Senhor do Universo.
compreender a palavra
Ao celebrar a Memória da Virgem Santa Maria, Rainha, o texto de Isaías que faz parte da liturgia do Natal, recorda o mistério da salvação anunciado pelos profetas no Antigo Testamento. O tempo vai mudar a favor do povo de Deus. Agora experimentam o peso de um fardo pesado imposto pelo opressor. Vive-se tempo de guerra e sangue derramado. Mas vai surgir um tempo de alegria e júbilo. Vai nascer um novo dia que vence as trevas e faz rejubilar o povo do Senhor. Um menino vai nascer, um filho, um príncipe. Ele vai estabelecer a justiça e a paz para sempre.
meditar a palavra
Maria é a mãe deste menino que nos é dado. Ele é o príncipe que traz a libertação do seu povo e ela a Rainha que dá à luz o Filho do Pai Eterno. Olhar para Maria e chamá-la de Rainha é reconhecer o seu papel na obra de salvação de Deus realizada em Jesus. Chamá-la de Rainha é reconhecer o seu papel na vida de Jesus. Este dia pede a nossa atenção para a ternura de Deus que vê e escuta o clamor do seu povo oprimido, cansado, abatido, e lhe oferece no colo materno de Maria o lugar de abrigo e proteção. Maria é a Rainha das nossas dores, das nossas lágrimas, das nossas insatisfações. No seu coração encontramos a ternura de Deus e consolação do seu Filho Jesus.
rezar a palavra
Nas minhas trevas brilha uma luz. Essa luz é Jesus que brotou do teu seio, ó Mãe, Rainha do meu coração ferido, Senhora do meu coração magoado. Em ti, Senhora e Rainha, contemplo o mistério do menino que salva, do Filho de Deus eterno que vem trazer a justiça e a paz. Que no meu coração, ó Mãe, Rainha, contemple sempre o teu olhar materno e renove no teu o meu sim incondicional.
compromisso
Contemplo o rosto materno de Maria enquanto digo “Ave Maria”.
EVANGELHO Lc 1, 26-38
Naquele tempo, o Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma Virgem desposada com um homem chamado José, que era descendente de David. O nome da Virgem era Maria. Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo: «Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo». Ela ficou perturbada com estas palavras e pensava que saudação seria aquela. Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Conceberás e darás à luz um Filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo. O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David; reinará eternamente sobre a casa de Jacob e o seu reinado não terá fim». Maria disse ao Anjo: «Como será isto, se eu não conheço homem?». O Anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice e este é o sexto mês daquela a quem chamavam estéril; porque a Deus nada é impossível». Maria disse então: «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
compreender a palavra
Lucas oferece a descrição teológica do nascimento de Jesus. Situa-nos no tempo e no lugar. O tempo é de espera que a promessa e o lugar a casa de uma jovem desposada com José na cidade de Nazaré da Galileia. O diálogo é a proposta de um Deus que quer nascer do sim de uma mulher não tocada pelo pecado. O desafio é a entrega incondicional a um projeto que só um coração puro consegue acolher. O mistério é um menino a quem deve ser posto o nome de Jesus, “Deus salva” que sendo filho de mulher, é em primeiro lugar filho de Deus. A resposta só tem a segurança, a da fé. Acreditar nas palavras do anjo e esperar que se cumpram. Outros acreditaram, ela, a jovem, também acredita e pode já contemplar o início da promessa na sua prima Isabel que espera o precursor.
meditar a palavra
Maria é a Rainha experimentada na fé pelo desafio de acreditar que se pode cumprir a palavra do Senhor. O que aos olhos dos homens é impossível, aos seus olhos de jovem, de mulher, de crente, pode ser possível porque para Deus nada é impossível. Maria, Rainha, convida-me a acreditar com a mesma liberdade. Ela mostra-me o caminho simples da fé, que consiste em deixar o coração voar ao sabor das palavras do anjo e repetir continuamente “faça-se em mim”.
rezar a palavra
“Faça-se em mim”. Quero dizer com o coração as tuas palavras. Sinto que é fácil crer, fácil ainda esperar, fácil sentir que se vão cumprir as promessas do Senhor. O difícil é compreender que se vão realizar em mim. Precisamente em mim que nada sou, nada tenho, nada mereço. Quero contigo, minha Rainha e mãe, aprender a deixar acontecer em mim o que ouvi da boca do Senhor.
compromisso
Ainda que me falte a fé quero dizer sem cessar: “Faça-se em mim”.
[Leituras da féria]
Leitura I Ez 43, 1-7a
O Anjo levou-me até à porta do templo que está voltada para o oriente. A glória do Deus de Israel vinha do lado do oriente, com o rumor semelhante ao marulhar das águas caudalosas e a terra resplandecia com a sua glória. A visão que eu contemplava era semelhante à visão que eu tive quando ele veio para destruir a cidade e à que me tinha aparecido nas margens do rio Quebar. Então prostrei-me com o rosto em terra. A glória do Senhor entrou no templo pela porta que está voltada para o oriente. O espírito levantou-me e introduziu-me no átrio interior: a glória do Senhor enchia o templo. Então ouvi Alguém que me falava do interior do templo, enquanto o homem estava de pé junto de mim. E disse-me: «Filho do homem, é este o lugar do meu trono, o lugar onde assentam as plantas dos meus pés; aqui habitarei para sempre, no meio dos filhos de Israel».
compreender a palavra
Ezequiel vê a glória do Senhor regressar ao Templo da cidade santa de Jerusalém. Antes ele tinha contemplado a saída do povo para o exílio e a glória do Senhor abandonando o seu Templo. Agora os seus olhos contemplam numa visão o regresso do povo e a glória do Senhor que enche o Templo. Ouvia os passos daqueles que regressam e a voz que lhe dizia: “é este o lugar do meu trono, o lugar onde assentam as plantas dos meus pés; aqui habitarei para sempre”.
meditar a palavra
O Templo é, para o povo de Israel, o lugar onde Deus habita no meio do seu povo. O exílio tinha gerado no povo a nostalgia do Templo, das peregrinações e das festas em honra do Senhor. Queriam cantar os cânticos da sua terra, mas os seus lábios não conseguiam cantar em terra estrangeira. O Senhor, que não abandona o seu povo, vai restaurar o Templo, o culto, as festas. O Senhor vem à frente do seu povo com toda a sua glória e enche o Templo afirmando que é aqui o seu lugar. Mas, como sabemos, Jesus virá depois dizer que o verdadeiro templo não é aquele feito de pedras e bem ornamentado. O verdadeiro templo é o seu corpo que será destruído pela morte na cruz e reedificado em três dias pela ressurreição.
rezar a palavra
Meus olhos querem ver a tua glória, Senhor. Meus ouvidos desejam escutar a tua voz. Esta esperança mantem em mim a certeza de que também a mim tu restauras, no meu coração acolhes o louvor dos meus lábios e em mim constróis a tua habitação. Que eu não seja motivo de tristeza nem razão para te ausentares de mim.
compromisso
Preparo em mim, com a ajuda da graça de Deus, um lugar para ele habitar.
EVANGELHO Mt 23, 1-12
Naquele tempo, Jesus falou à multidão e aos discípulos, dizendo: «Na cadeira de Moisés sentaram-se os escribas e os fariseus. Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem. Atam fardos pesados e põem-nos aos ombros dos homens, mas eles nem com o dedo os querem mover. Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens: alargam as filactérias e ampliam as borlas; gostam do primeiro lugar nos banquetes e dos primeiros assentos nas sinagogas, das saudações nas praças públicas e que os tratem por ‘Mestres’. Vós, porém, não vos deixeis tratar por ‘Mestres’, porque um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos. Na terra não chameis a ninguém vosso ‘Pai’, porque um só é o vosso pai, o Pai celeste. Nem vos deixeis tratar por ‘Doutores’, porque um só é o vosso doutor, o Messias. Aquele que for o maior entre vós será o vosso servo. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».
compreender a palavra
Jesus dá instruções aos seus discípulos e às multidões para evitar o que está a acontecer com os que detêm o poder, escribas e fariseus. Eles dizem e não fazem. Impõem aos outros, mas não a eles. Gostam de vaidades e consideram-se superiores aos outros e merecedores de honras por parte dos que consideram inferiores. Estas atitudes não podem estar presentes na vida dos discípulos de Jesus, mas também não podem estar presentes na vida de qualquer pessoa, afinal, somos todos iguais, somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai.
meditar a palavra
Jesus faz muitas vezes o apelo à humildade por parte dos que querem ser seus discípulos. A autoridade é um serviço à comunidade e não uma imposição de fardos sobre os outros, os cargos públicos, políticos ou religiosos, não são para a promoção pessoal, mas para o bem comum, não são privilégios de alguns para prestígio da classe. Os discípulos de Jesus devem saber que acima de todos está Deus, ele é o verdadeiro mestre, o Pai, o doutor que olha para todos de igual modo, promovendo a igual dignidade de cada um. Por isso é tão importante exercitar a caridade para colaborar com Deus nesta missão de promover os mais pequenos e protegê-los dos poderosos.
rezar a palavra
Que a vaidade não me domine e o poder não me impeça de ver os irmãos mais pequenos, no desejo de ser como eles diante de ti, Senhor, reconhecendo-te como Deus e diante dos homens reconhecendo-os como irmãos.
compromisso
Revejo as minhas atitudes no exercício da minha autoridade, profissional, familiar, política, apostólica ou qualquer outra forma de exercício do poder.