São Carlos Borromeu, bispo
Memória
Carlos Borromeu nasceu em Arona, na Lombardia, no ano 1538. Nomeado cardeal por Pio IV, seu tio materno, e eleito bispo de Milão, foi um verdadeiro pastor da Igreja. Solícito pelas necessidades da Igreja do seu tempo, visitou várias vezes toda a diocese, convocou sínodos, erigiu seminários para a formação do clero e promoveu por todos os meios a renovação da vida cristã. Morreu no dia 3 de novembro de 1584.

Leitura I (anos ímpares) Rm 11, 1-2a.11-12.25-29

Irmãos: Eu pergunto: Teria Deus rejeitado o seu povo? De modo nenhum. Porque eu também sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim. Deus não rejeitou o seu povo, que de antemão conheceu. Pergunto ainda: Teria Israel tropeçado para cair definitivamente? De modo nenhum. Mas da sua queda resultou a salvação dos gentios, para provocar a emulação de Israel. Se a sua queda se tornou riqueza para o mundo e o seu declínio riqueza para os gentios, que não fará a sua participação plena na salvação? Não quero, irmãos, que ignoreis este mistério, para não pensardes que sois sábios: O endurecimento de uma parte de Israel durará até que chegue à salvação a plenitude dos gentios. Então todo Israel será salvo, como diz a Escritura: «De Sião virá o Libertador, que afastará as iniquidades de Jacob. E esta será a aliança que farei com eles, quando perdoar os seus pecados». Quanto ao Evangelho, eles são inimigos de Deus para vossa utilidade; mas quanto à escolha divina, são por Ele amados por causa dos seus pais. Porque os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.

compreender a palavra
Paulo faz uma abordagem direta à atitude dos judeus em relação a Cristo e ao seu evangelho. De facto, eles recusaram a novidade trazida por Jesus Cristo, que é salvação para todos. A sua recusa levou a Boa Nova aos gentios, àqueles que pareciam estar mais distantes da promessa feita a Abrão e à sua descendência. Mas eles, os judeus, não estão irremediavelmente condenados: “Teria Deus rejeitado o seu povo? Teria Israel tropeçado para cair definitivamente? De modo nenhum”, diz Paulo. A conclusão de Paulo é interessante, pois, no seu entender, se a recusa de Israel levou o evangelho aos gentios, quando acontecer a sua participação plena na salvação, será uma oportunidade ainda maior para toda a humanidade. Se Israel se recusou a aceitar o evangelho, nem por isso Deus deixa de amar Israel.

meditar a palavra
O convite ao evangelho é feito permanentemente a toda a humanidade. Para todos é acessível a Boa Nova da salvação. Enquanto uns recusam, essa recusa é oportunidade para que outros cheguem ao conhecimento de Cristo. O que Paulo refere em relação aos judeus e aos gentios pode ser aplicado a nós nos dias de hoje. Também hoje se verifica que muitos batizados, consciente ou inconscientemente, se afastando da fé recusando o evangelho na sua vida prática. Este facto, porém, não é para Deus impossibilidade, pois ele desperta em outros o dom da fé e a urgência da salvação, como acontecimento transformador das suas vidas. A recusa de uns é oportunidade para outros. Mesmo em cada um de nós, os momentos de maior fragilidade podem tornar-se oportunidade para uma maior adesão e entrega ao amor de Deus revelado em Cristo, após a tomada de consciência do amor de Deus.

rezar a palavra
Senhor, não permitas que a fraqueza de um momento se transforme em condenação eterna. Mostra-me o evangelho a acontecer na vida dos meus irmãos mais improváveis, para que reconheça que me continuas a amar apesar de tantas vezes esmorecer na minha fé ou abandonar a comunidade que me revelou a tua salvação.

compromisso
Todos os dias são tempo de reencontro com o evangelho de Jesus.

EVANGELHO Lc 14, 1.7-11

Naquele tempo, Jesus entrou, num Sábado, em casa de um dos principais fariseus para tomar uma refeição. Todos O observavam. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, Jesus disse-lhes esta parábola: «Quando fores convidado para um banquete nupcial, não tomes o primeiro lugar. Pode acontecer que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu; então, aquele que vos convidou a ambos, terá que te dizer: ‘Dá o lugar a este’; e ficarás depois envergonhado, se tiveres de ocupar o último lugar. Por isso, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar; e quando vier aquele que te convidou, dirá: ‘Amigo, sobe mais para cima’; ficarás então honrado aos olhos dos outros convidados. Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».

compreender a palavra
Jesus aproveita uma situação real para explicar a importância da humildade nas relações entre as pessoas e na relação com Deus. As pessoas escolhiam descaradamente os melhores lugares, aqueles que eles entendiam como melhores, quer na referência à pessoa mais importante quer na relação com a comida. Os lugares onde se está mais confortável e onde se é menos solicitado para o trabalho. E Jesus explica que não vale a pena correr o risco de ser humilhado. Vale a pena esperar, ser mais humilde e deixar a outro a escolha de quem é mais importante, de quem deve subir ou descer na escala das importâncias. “Pode acontecer”…, diz Jesus, que aquele que te convidou… e ficarás envergonhado. “Quem se humilha será exaltado e quem se exalta será humilhado”.

meditar a palavra
É fácil cair no ridículo de se julgar com mais direitos que os outros e assumir um lugar que não nos pertence. Jesus é prudente e ensina a prudência nas diversas situações da vida, também na banalidade de um banquete. Aquele que convidou é que sabe o lugar de cada um à mesa, a proximidade que tem com cada um, a intimidade que permite a cada convidado. Querer mostrar que se é íntimo quando não se sabe o que pensa quem convidou, pode sair caro na humilhação diante de todos. Jesus, porém, não está só a pensar naquele banquete, nem nos banquetes humanos. Jesus ensina que, no reino dos céus, que também é um banquete, também haverá lugar para todos, mas é o Pai quem diz o lugar que cada um deve ocupar. Julgar-se mais íntimo de Deus, mais amigo, mais próximo pode sair caro. O próprio Jesus avisa “as prostitutas e os publicanos entram à vossa frente para o banquete do reino dos céus.

rezar a palavra
Quero aprender contigo, Senhor, a despojar-me de mim mesmo, a renunciar ao que sou, para me tornar cada dia pais pequeno até caber entre os últimos deste mundo para poder entrar no teu reino e sentar-me à tua mesa para sempre.

compromisso
Vou vencer o orgulho que me faz crer que sou mais que os outros.