Santos Anjos da Guarda
Memória

Os Santos Anjos da Guarda, especialmente chamados à contemplação do rosto de Deus, foram também enviados pelo Senhor em auxílio dos homens, para que os acompanhem e aconselhem com a sua invisível, mas solícita, presença. Esta celebração foi introduzida no Calendário Romano em 1615.

Leitura I (anos ímpares) Br 4, 5-12.27-29
Tem coragem, meu povo, memorial de Israel. Fostes vendidos às nações, mas não para vossa ruína. Por terdes provocado a ira de Deus, fostes entregues aos vossos inimigos, pois irritastes Aquele que vos criou, oferecendo sacrifícios aos demónios e não a Deus. Esquecestes Aquele que vos sustentou, o Deus eterno, e contristastes também aquela que vos alimentou, Jerusalém. Ao ver cair sobre vós a ira de Deus, ela disse: «Ouvi, cidades vizinhas de Sião, Deus infligiu-me um grande sofrimento, pois vi o cativeiro dos meus filhos e filhas, que o Eterno fez cair sobre eles. Eu tinha-os alimentado com alegria, mas vi-os partir com pranto e aflição. Ninguém se alegre por causa de mim, vendo-me viúva e abandonada. Fiquei só, por causa dos pecados de meus filhos, porque se desviaram da Lei de Deus. Tende coragem, meus filhos, e clamai a Deus, pois Aquele que vos castigou lembrar-se-á de vós. Assim como tivestes o pensamento de abandonar a Deus, agora voltai para Ele e empenhai-vos dez vezes mais em procurá-l’O. Pois Aquele que vos infligiu estes males fará vir sobre vós a eterna alegria, juntamente com a vossa salvação».

compreender a palavra
Jerusalém, toda a cidade, fala a uma só voz como uma mãe que fala a seus filhos e lhes exprime os sentimentos do seu coração. A ruína de Israel, a desgraça dos filhos de Jerusalém, não é para sempre, não é para a destruição total. Foi por causa do pecado que “fostes entregues aos vossos inimigos”, porque “irritastes aquele que vos criou… esquecestes aquele que vos sustentou… e contristastes também aquela que vos alimentou”. Mas agora “empenhai-vos dez vezes mais em procura-lo”. Como uma mãe, Jerusalém, criou os seus filhos para a alegria e viu-os partir em aflição. Já não há razões para a alegria pois é como uma viúva abandonada. Mas, o Senhor “que vos castigou lembrar-se-á de vós… voltai para ele”. Esta experiência de Jerusalém é partilhada com as cidades vizinhas.

meditar a palavra
Como Jerusalém, também nós fazemos a experiência de ver inundar-se o nosso coração da tristeza por todas as decisões que significam abandono de Deus, esquecimento daquele que nos criou e sustentou, daquele que nos alimentou. Mas, o castigo do Senhor não é para sempre. Ele quer a alegria dos seus filhos e oferece-lhes a salvação. Regressar é o segredo para obter de Deus, de novo a alegria. Por isso, o convite de Jerusalém é para nós neste dia “agora voltai para ele e empenhai-vos dez vezes mais em procura-lo… pois ele, fará vir sobre vós a eterna alegria, juntamente com a vossa salvação”. Deus não nos criou para a tristeza nem nos deixa caídos na desgraça, entregues às mãos dos nossos inimigos. O Senhor criou-nos para a alegria e espera que mudemos os nossos pensamentos, “assim como tivestes o pensamento de abandonar a Deus, voltai para ele”.

rezar a palavra
Senhor, fazei-nos voltar, mostrai-nos o vosso rosto e seremos salvos. É certo que pecámos contra vós e já não somos dignos de ser chamados teus filhos mas, porque havemos de cair para sempre na desgraça, porque havemos de permitir que se riam de nós os nossos inimigos? Senhor, nosso Deus, fazei-nos voltar, iluminai o vosso rosto e dai-nos de novo a alegria da vossa salvação.

compromisso
Vou partir, como quem regressa a casa do Pai.

EVANGELHO Lc 10, 17-24
Naquele tempo, os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome». Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no Céu». Naquele momento, Jesus exultou de alegria pela ação do Espírito Santo e disse: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e aos inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi entregue por meu Pai; e ninguém sabe o que é o Filho senão o Pai, nem o que é o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar». Voltando-Se depois para os discípulos, disse-lhes: «Felizes os olhos que veem o que estais a ver, porque Eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que vós vedes e não viram e ouvir o que vós ouvis e não ouviram».

compreender a palavra
Lucas descreve com grande riqueza este episódio em que os setenta e dois discípulos regressam da missão. Experimentaram a força do anúncio e dos gestos libertadores realizados por eles com o poder de Jesus. Era uma vitória de Deus sobre o demónio. E Jesus confirma-os nessa alegria e exulta ele próprio, de tal modo que, eleva ao céu a sua oração, bendizendo o Pai porque se revela aos pequenos e humildes e não aos inteligentes e sábios. Depois Jesus profere uma bem-aventurança: «Felizes os olhos que veem o que estais a ver».

meditar a palavra
Também nós hoje somos felizes porque nos é dado ver e ouvir o que muitos desejaram ver e ouvir e não tiveram ou não têm oportunidade. Nós vemos através da fé na palavra que nos foi deixada pelos apóstolos no evangelho. Foram eles que fizeram chegar até nós a certeza da revelação de Deus aos pequeninos. E estes pequeninos somos nós que, na simplicidade das nossas vidas, acolhemos o mistério de Deus revelado em Cristo. Por isso, também nós hoje, como Jesus, louvamos o Pai porque nos dá a oportunidade da viver a alegria de ver e ouvir, de conhecer o mistério de Deus e de o anunciar.

rezar a palavra
Experimento hoje, uma vez mais, a alegria de te conhecer, Senhor do Céu e da terra. E quero bendizer o teu nome eternamente porque o teu poder se manifesta nas minhas mãos e nas minhas palavras sempre que me aproximo dos irmãos para lhes transmitir o mistério que trago na fragilidade da minha pequenez.

compromisso
Vou comunicar a alegria de anunciar o evangelho.

OU

LEITURA I Ex 23, 20-23a
Eis o que diz o Senhor: «Vou enviar um Anjo à tua frente, para que te proteja no caminho e te conduza ao lugar que preparei para ti. Respeita a sua presença e escuta a sua voz; não lhe desobedeças. Ele não perdoaria as vossas transgressões, porque fala em meu nome. Mas, se ouvires a sua voz e fizeres tudo o que Eu te disser, serei inimigo dos teus inimigos e perseguirei os que te perseguirem. O meu Anjo irá à tua frente».

compreender a palavra
O anjo do Senhor acompanha o povo, segue à sua frente e todos devem obedecer-lhe como ao próprio Deus. A obediência é a garantia da segurança e proteção de Deus. Este anjo pode identificar-se com o próprio Deus. É o Senhor quem acompanha o povo no caminho pelo deserto até à terra prometida. Podemos também entender que este anjo são os mandamentos entregues por Deus ao seu povo. Guiados pelos mandamentos, obedecendo e cumprindo estes preceitos não haverá inimigos que os possa impedir de chegar ao seu destino.

meditar a palavra
Escutar os anjos é escutar a Deus. Obedecer ao anjo do Senhor é obedecer ao próprio Deus. A palavra do Senhor presente na nossa vida, os seus ensinamentos, mandamentos e preceitos são os guias que nos orientam pelo caminho certo. Confiar na palavra do Senhor e cumprir os seus preceitos é garantia de sucesso na vida.

rezar a palavra
Envia-me o teu anjo, Senhor, Que ele segrede aos meus ouvidos entorpecidos a tua palavra, os teus mandamentos, os teus preceitos, para que não me perca no caminho nem me deixe vencer pelos meus inimigos.

compromisso
Exercito-mo na arte da escuta atenta da palavra de Deus.

EVANGELHO Mt 18, 1-5.10 (Próprio)
Naquela hora, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-Lhe: «Quem é o maior no reino dos Céus?». Jesus chamou uma criança, colocou-a no meio deles e disse-lhes: «Em verdade vos digo: Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus. Quem for humilde como esta criança, esse será o maior no reino dos Céus. E quem acolher em meu nome uma criança como esta, acolhe-Me a Mim. Vede bem. Não desprezeis um só destes pequeninos. Eu vos digo que os seus Anjos veem constantemente o rosto de meu Pai que está nos Céus.

compreender a palavra
Os anjos veem constantemente o rosto de Deus. Com estas palavras Jesus termina a referência aos pequeninos e ao modo como devem ser tratados e acolhidos por todos na comunidade dos discípulos. Servir-se dos pequenos, dos fracos, dos mais pobres e desprotegidos é estar sob o olhar de Deus que os protege. Deus vê os humilhados e escuta o clamor dos oprimidos. Não respeitar os mandamentos de Deus na relação com os mais fracos, pode por em risco a minha relação com Deus. Ele é Pai de todos, mas tem preferência por aqueles a quem eu desprezo, humilho e rejeito. Os anjos, o próprio Deus, vê os pequenos maltratados.

meditar a palavra
Na comunidade cristã ninguém pode ficar esquecido. A comunidade é constituída por homens e mulheres a quem o Senhor chama filhos. Não há filhos de primeira nem de segunda. Não há maiores nem mais pequenos. Na comunidade cristã as pessoas distinguem-se pelo serviço que prestam aos outros. Pelo cuidado e atenção dispensada aos que mais precisam. Aqueles que Deus vê cuidando dos pobres são os maiores no reino dos céus. O anjo do Senhor, acompanha os mais pequenos.

rezar a palavra
Senhor, amigo dos pobres e dos pecadores, ensina-me a ser o anjo protetor dos esquecidos e abandonados. Ensina-me a ver nos irmãos o lugar do encontro contigo. Abre os meus olhos para te ver no rosto dos que ninguém vê, ninguém acolhe, ninguém ama.

compromisso
Vou amar o irmão rejeitado pelo mundo.