São João Paulo II, papa
Memória
Carlos José Wojtyła nasceu na localidade de Wadowice, na Polónia, em 1920. Ordenado presbítero, continuou os seus estudos teológicos em Roma. Regressado ao seu país, foi nomeado bispo auxiliar de Cracóvia e, em 1964, arcebispo do mesmo lugar. Tomou parte no II Concílio Ecuménico do Vaticano. Eleito papa a 16 de outubro de 1978, com o nome de João Paulo II, distinguiu-se pela extraordinária solicitude apostólica, o que o levou a realizar numerosas visitas pastorais a todo o mundo. Entre os frutos mais significativos, deixados em herança à Igreja, destacam-se o seu Magistério e a promulgação do Catecismo da Igreja Católica e do Código de Direito Canónico para a Igreja latina e oriental. Morreu em Roma, no 2 de abril de 2005.
Leitura I Ef 4, 7-16
Irmãos: A cada um de nós foi concedida a graça, na medida em que recebeu o dom de Cristo. Por isso diz a Escritura: «Subiu às alturas, sujeitou um grupo de cativos, concedeu dons aos homens». Que quer dizer «subiu», senão que também desceu às regiões inferiores da terra? Aquele que desceu é o mesmo que subiu acima de todos os céus, a fim de encher o universo. Foi Ele também que a uns constituiu apóstolos, a outros evangelistas e a outros pastores e mestres, para o aperfeiçoamento dos cristãos em ordem ao trabalho do ministério e à edificação do Corpo de Cristo, até que cheguemos todos à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem perfeito, à medida de Cristo na sua plenitude. Assim, já não somos crianças inconstantes, levados ao sabor de todas as correntes de doutrina, à mercê da maldade dos homens, da astúcia com que induzem ao erro. Pelo contrário, praticando a verdade na caridade, cresceremos em tudo para Cristo, que é a Cabeça. É por Ele que o corpo inteiro, coordenado e unido por meio de todas as junturas, opera o seu crescimento orgânico, segundo a atividade de cada uma das partes, a fim de se edificar na caridade.
compreender a palavra
A Igreja edifica-se na caridade, também na medida em que cada um, segundo o dom que recebeu, vai crescendo até chegar ao estado do homem perfeito, à medida de Cristo. A cabeça que é Cristo faz crescer o corpo que é a Igreja e para isso concede a cada um a graça que se manifesta de diversas formas, apóstolos, evangelistas, pastores, mestres. Tudo para o aperfeiçoamento de cada um e para a edificação do corpo de Cristo. Pelo conhecimento do Filho de Deus e pela unidade da fé chegamos à verdade na caridade.
meditar a palavra
Cada um de nós recebe de Cristo a graça necessária para fazer a experiência da fé e chegar ao conhecimento de Cristo. Este conhecimento leva-nos à Igreja, Corpo de Cristo, edificado na caridade porque Cristo, a cabeça, opera o crescimento do seu corpo. A ação de Cristo realiza-se por meio daqueles que ele próprio constituiu como apóstolos, evangelistas, pastores e mestres. O serviço de cada um, a partir do dom recebido, é essencial para o crescimento do corpo na harmonia da mesma fé. De facto, cada um de nós é chamado a edificar a Igreja na colaboração com Cristo, como responsáveis e não como crianças inconstantes que se deixam levar pela corrente, pela maldade e pelo erro. A graça de Deus que nos foi concedida edifica a Igreja na medida em que é posta ao serviço da cabeça, Cristo, para o bem do corpo, a Igreja.
rezar a palavra
A tua graça, Senhor, imenso amor que derramas em nossos corações, abre-nos ao conhecimento de Cristo para edificarmos a tua Igreja na caridade. Liberta-nos da infantilidade que não permite reconhecer o teu dom, porque nos centra em nós e faz-nos crescer até à estatura do homem perfeito que é Cristo, para agirmos segundo o seu projeto de salvação, que reúne todos os homens neste corpo do qual só ele é a cabeça.
compromisso
Edificar é sair de si mesmo para agir com Cristo segundo o seu projeto.
EVANGELHO Lc 13, 1-9
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandarás cortá-la».
compreender a palavra
Jesus é confrontado com a morte de uns galileus que Herodes mandou matar quando ofereciam sacrifícios. Não sabemos qual o motivo que Herodes invocou para tal decisão. Jesus recorda um outro acontecimento no qual uma torre ao cair fez perecer dezoito homens. O caso serve para confrontar Jesus sobre a decisão de Deus ao permitir a morte daqueles homens. Seriam eles pecadores? No entender dos que interrogam era essa a visão. A tragédia bate à porta do pecador enquanto o sucesso beneficia o justo. Desta forma alguns tinham-se por justo pois a vida corria-lhes bem. Jesus liberta sempre o homem destas correntes ideológicas. Deus não age assim e o mal não atinge só os pecadores. Afinal todos somos pecadores diante de Deus. “Morrereis do mesmo modo” vós os que vos julgais justos só porque não vos aconteceu tragédia igual. A vossa vida pode ser tão inútil como a da figueira que não dá frutos.
meditar a palavra
A minha vida é um lugar da manifestação de Deus para mim e para os demais. Não posso fazer leituras apressadas nem superficiais porque corro o risco de me julgar justo frente aos outros que considero pecadores só porque as coisas lhes correm mal. Tenho que ser capaz de uma análise séria para me conhecer como Deus me conhece e verificar em que posso tornar-me mais útil, pois posso estar a ocupar um espaço inutilmente como a figueira. Os dramas são consequência da vida enquanto estamos na limitação da matéria e podem atingir a todos. A adesão a Deus manifesta-se na compaixão e não na justiça castigadora com que muitas vezes queremos decidir tudo. A compaixão é uma atitude de coração que nos identifica com Deus. Do mesmo modo que Deus tem compaixão de mim e me cuida com todo o carinho e atenção sou chamado a usar da mesma compaixão para com os irmãos a quem a tragédia bateu à porta.
rezar a palavra
A minha vida é um dom tão precioso que não posso usá-lo de qualquer maneira. Sei que cuidas de mim com todo o carinho e me rodeias de afeto e amor, mas posso viver à custa de tantas atenções sem me preocupar com os outros a quem amas e me envias a cuidar. Não permitas, Senhor, que me torne insensível a dor dos outros que experimentam o sofrimento e a morte na própria pele.
compromisso
Quero estar atento aos que sofrem sem julgamentos apenas com amor.