S. Afonso Maria de Ligório, bispo e doutor da Igreja
Memória

Nota histórica

Afonso Maria de Ligório nasceu em Nápoles, no ano 1696. Doutor em Direito Civil e Eclesiástico, recebeu a ordenação sacerdotal e fundou a Congregação do Santíssimo Redentor para a evangelização das populações rurais. Para fomentar entre o povo a vida cristã, dedicou-se à pregação e escreveu vários livros, sobretudo de Teologia Moral, matéria em que é considerado mestre insigne. Foi eleito bispo de Sant’Agata dei Goti e empenhou-se intensamente neste ministério até que, quinze anos depois e por causa de graves enfermidades, teve de o deixar, vindo a morrer entre os seus, em Nócera dei Pagáni, na Campânia, no ano 1787.

Leitura I Jr 26, 11-16.24

Naqueles dias, os sacerdotes e os profetas disseram aos chefes e a todo o povo: «Este homem merece a morte, por ter profetizado contra esta cidade, como acabais de ouvir com os vossos ouvidos». Então Jeremias disse aos chefes e a todo o povo: «Foi o Senhor que me enviou a profetizar, contra este templo e contra esta cidade, tudo o que ouvistes. Portanto, emendai os vossos caminhos e as vossas ações, ouvi a voz do Senhor, vosso Deus, e o Senhor afastará de vós os males com que vos ameaçou. Quanto a mim, estou nas vossas mãos: tratai-me como vos parecer melhor e mais justo. Mas ficai sabendo que, se me condenardes à morte, sereis responsáveis pelo sangue de um inocente, vós, esta cidade e os seus habitantes. Na verdade, foi o Senhor que me enviou a vós, para anunciar aos vossos ouvidos todas estas palavras». Então os chefes e todo o povo disseram aos sacerdotes e aos profetas: «Este homem não merece a morte, porque nos falou em nome do Senhor, nosso Deus». Jeremias ficou sob a proteção de Aican, filho de Safan, e assim não caiu nas mãos do povo para ser morto.

compreender a palavra
A reação inicial dos chefes do povo acaba por transformar-se em proteção por parte de Aican. De facto, perante o anúncio da destruição do templo e da cidade, a raiva subiu às cabeças do poder que se creem mais do que todos, mas perante a atitude de abandono de Jeremias “quanto a mim, estou nas vossas mãos” os argumentos enfraqueceram e puderam escutar o profeta dizer “foi o Senhor que me enviou a vós, para anunciar aos vossos ouvidos todas estas palavras”. Se foi o Senhor, então, não podemos matar o mensageiro. É a palavra de Deus a agir, transformando pela conversão os corações e as mentes.

meditar a palavra
Deus fala de muitas maneiras ao seu povo e a nós membros deste povo. Se, muitas vezes nos irritamos e nos colocamos à defesa diante daquele que nos traz a mensagem do Senhor, ou nos revoltamos diante dos acontecimentos da vida que contrariam a nossa vontade, precisamos dar-nos conta de que, Deus fala através de quem não gostamos ou simpatizamos menos e através dos acontecimentos contrários aos nossos projetos. Escutar o Senhor é estar atento para não cometer a loucura de querer matar o mensageiro antes de ouvir a mensagem.

rezar a palavra
Dá-me ouvidos, Senhor que acolham a tua palavra, para que a minha mente, sempre tão cheia de preconceitos e juízos precipitados, não me leve a tomar atitudes impensadas que impedem a minha conversão. Dá-me a ponderação de quem escuta para acolher o teu convite de amor.

compromisso
Controlo os impulsos para acolher Deus nas coisas da vida.

Evangelho Mt 14, 1-12

Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos de Herodes, o tetrarca, e ele disse aos seus cortesãos: «Esse homem é João Batista! Ressuscitou dos mortos e, por isso, se manifestam nele tais poderes miraculosos.» De facto, Herodes tinha prendido João, algemara-o e metera-o na prisão, por causa de Herodíade, mulher de seu irmão Filipe. Porque João dizia-lhe: «Não te é lícito possuí-la.» Quisera mesmo dar-lhe a morte, mas teve medo do povo, que o considerava um profeta. Ora, quando Herodes festejou o seu aniversário, a filha de Herodíade dançou perante os convidados e agradou a Herodes, pelo que ele se comprometeu, sob juramento, a dar-lhe o que ela lhe pedisse. Induzida pela mãe, respondeu: «Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Batista.» O rei ficou triste, mas, devido ao juramento e aos convidados, ordenou que lha trouxessem e mandou decapitar João Batista na prisão. Trouxeram, num prato, a cabeça de João e deram-na à jovem, que a levou à sua mãe. Os discípulos de João vieram buscar o corpo e sepultaram-no; depois, foram dar a notícia a Jesus.

compreender a palavra
Mateus insere o relato da morte de João Batista no contexto do aparecimento de Jesus, que crescia em fama diante das multidões por causa da sua palavra e dos milagres que a acompanhavam. Cheio de remorsos, Herodes entende que, a voz que se houve nas praças e que chega até aos corredores e salas do seu palácio é a mesma voz que ele ouvia quando João falava e lhe revelava o seu pecado, chamando-o à conversão. De facto, João dizia-se a voz anunciada por Isaías, a voz daquele que grita no deserto. E Jesus diz que ele é o mensageiro que veio à frente, é a voz que veio anunciar a sua chegada. João morreu porque a sua voz incomodava a mulher de Herodes. Jesus vai morrer porque a sua voz incomoda os que habitam instalados nos palácios das suas próprias razões.

rezar a palavra
Senhor Jesus, a tua voz ecoa aos meus ouvidos e incomoda-me tantas vezes. As minhas razões, os motivos da minha vida, as convicções e os princípios dos quais não quero abdicar, nem sempre estão de acordo com a tua voz. Também eu tento não ouvir, faço o que posso para apagar a voz. Mas hoje, te peço, insiste, rompe a minha surdez, vence o meu coração endurecido e faz-te ouvir para que me converta e viva.

compromisso
Repito insistentemente com Santo Agostinho: “chama por mim, clama por mim e rompe a minha surdez”.