Beatos Inácio de Azevedo, presbítero, e companheiros, mártires

Memória
Inácio de Azevedo nasceu no Porto, de família ilustre, em 1526 ou 1527. Entrou na Companhia de Jesus, em 1548, e foi ordenado presbítero, em 1553. Mais tarde, partiu para o Brasil, a fim de se consagrar ao apostolado missionário. Tendo voltado à pátria, conseguiu recrutar numerosos colaboradores para a sua obra evangelizadora e empreendeu a viagem de regresso. Ao largo das ilhas Canárias, no dia 15 de julho de 1570, a nau foi intercetada pelos corsários e, por ódio à religião católica, Inácio foi martirizado com os trinta e nove companheiros que iam na mesma nau.

Leitura I (anos ímpares) Ex 12, 37-42
Naqueles dias, os filhos de Israel partiram de Ramsés para Sucot: eram cerca de seiscentas mil pessoas que iam a pé, sem contar as crianças. Seguia-os uma imensa multidão e uma enorme quantidade de gado em rebanhos e manadas. Da massa que tinham trazido do Egito cozeram pães ázimos, pois a massa não tinha fermentado. Expulsos do Egito sem qualquer demora, nem sequer tinham podido preparar provisões. A permanência dos filhos de Israel no Egito durou quatrocentos e trinta anos. E ao fim desses quatrocentos e trinta anos, naquele mesmo dia, as hostes do Senhor saíram da terra do Egito. Foi uma noite de vigília para o Senhor, quando Ele os fez sair da terra do Egito. Será uma noite de vigília consagrada ao Senhor, para todos os filhos de Israel, de geração em geração.

compreender a palavra
Este relato breve da saída do povo do Egito guarda alguns elementos interessantes. Para além da descrição breve, revela a precariedade da saída. Ninguém teve tempo para preparar nada, saíram à pressa e vieram todos os que puderam, seiscentas mil pessoas que seguiam a pé. Depois de quatrocentos e trinta anos vêm de mãos a abanar, frágeis e desprotegidos. Foi o Senhor que os tirou numa longa vigília que recordarão para sempre.

meditar a palavra
Do Egito não se traz nada. Quem tem a desdita de cair na escravidão não pode esperar trazer as mãos cheias. As ilusões de uma terra abundante em trigo na qual o José fora governador, que exportava cereais para toda a parte, desfizeram-se em nada. Vêm descalços e sem provisões. Do pecado sai-se sem nada. As ilusões de ter, de alcançar, de subir, de obter, perdem-se rapidamente ao chegar à realidade. O êxodo para casa do Pai também não é lugar de privilégios é deserto, tempo de silêncio, para voltar ao coração e limpar os pés da lama do Egito. O caminho para o Pai é espaço de desprendimento, renúncia e encontro consigo mesmo. O caminho do êxodo é tempo para desejar o abraço do Pai e ser chamado de filho.

rezar a palavra
Abraça-me, Senhor, que regresso do meu Egito. Trago as mãos vazias e lama nos pés. O olhar vazio e o coração desiludido. Já não sonho nem vivo ilusões. Trago apenas a saudade do abraço e do pão.

compromisso
Olho em silêncio os meus pés e vejo-me peregrino da casa do Pai.

Evangelho Mt 12, 14-21
Naquele tempo, os fariseus reuniram conselho contra Jesus, a fim de O fazerem desaparecer. Mas Jesus, ao saber disso, retirou-Se dali. Muitos O seguiram e Ele curou-os a todos, mas intimou-os que não descobrissem quem Ele era, para se cumprir o que o profeta Isaías anunciara, ao dizer: «Eis o meu servo, a quem Eu escolhi, o meu predileto, em quem se compraz a minha alma. Sobre ele farei repousar o meu Espírito, para que anuncie a justiça às nações. Não discutirá nem clamará, nem se fará ouvir a sua voz nas praças. Não quebrará a cana já fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega, enquanto não levar a justiça à vitória; e as nações colocarão a esperança no seu nome».

compreender a palavra
Jesus começa a sentir a perseguição dos fariseus. Na sua missão, mais importante do que todas as deliberações daqueles que o querem eliminar, a prioridade é para a justiça. Levar a justiça às nações é o seu programa de vida. Entenda-se “justiça” como misericórdia de um Deus que vem salvar o homem oprimido, esmagado, pela vida, pela sociedade, pela lei cega e indiferente, pelo sofrimento nas suas múltiplas expressões. Jesus cura a todos na simplicidade e no silêncio porque o reino de Deus acontece no silêncio do encontro de cada homem com Ele. E assim se cumprem as Escrituras.

meditar a palavra
Libertar o coração de todos os preconceitos em relação aos outros. Muitas vezes sinto o outro como uma ameaça. Porque é melhor, porque faz de outra forma, porque consegue mais resultados, porque atrai mais adeptos ou simplesmente porque revela no seu agir, as minhas fragilidades. Em vez de assumir, acolher o outro e gerar comunhão construindo juntos, prefiro criar obstáculos, gerar conflito, afastar e eliminar. Jesus torna-se presente e cura todos os que o seguem de coração livre. Cura deste preconceito, desta agressividade, deste mau sentimento que vê o outro como adversário e inimigo. O segredo que Jesus nos diz ao ouvido é o da abertura de coração. Abre-te à novidade do Reino que está a gerar-se no silêncio dos corações que se deixam seduzir no encontro com Ele.

rezar a palavra
É tão difícil, Senhor, com algumas pessoas, pela sua maneira de ser, pela forma como se apresentam, pelas suas atitudes, acolhê-las e assimilá-las no coração reconhecendo-as como irmãos, como dom, como dádiva que vem para enriquecer a nossa vida. Prefiro tantas vezes criar animosidade, indiferença ou mesmo travar uma guerra inútil. Dá-me um coração novo que saiba acolher a novidade.

compromisso
Vou vencer os maus sentimentos que há em mim e evitar que outros se instalem e criem raízes.