São Tomás de Aquino, presbítero e doutor da Igreja
Memória
Tomás nasceu por volta do ano 1225, na família dos Condes de Aquino. Estudou, primeiramente no mosteiro do Monte Cassino e, depois, em Nápoles. Entrou na Ordem dos Pregadores e completou os seus estudos em Paris e em Colónia, tendo tido como professor santo Alberto Magno. Escreveu muitas obras de grande erudição, com destaque para a Summa de Teologia, e exerceu o professorado, contribuindo notavelmente para o progresso da Filosofia e da Teologia. Chamado pelo beato papa Gregório X para participar no Concílio Ecuménico de Lyon II, morreu durante a viagem, no mosteiro de Fossanova, perto de Terracina, no Lácio, no dia 7 de março de 1274. A sua memória celebra-se a 28 de janeiro, dia em que o seu corpo foi trasladado para o convento dominicano de Tolosa, em França, no ano 1369.
Leitura I Heb 11, 1-2.8-19
Irmãos: A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se veem. Ela valeu aos antigos um bom testemunho. Pela fé, Abraão obedeceu ao chamamento e partiu para uma terra que viria a receber como herança; e partiu sem saber para onde ia. Pela fé, morou como estrangeiro na terra prometida, habitando em tendas, com Isaac e Jacob, herdeiros, como ele, da mesma promessa, porque esperava a cidade de sólidos fundamentos, cujo arquiteto e construtor é Deus. Pela fé, também Sara recebeu o poder de ser mãe já depois de passada a idade, porque acreditou na fidelidade d’Aquele que lho prometeu. É por isso também que de um só homem – um homem que a morte já espreitava – nasceram descendentes tão numerosos como as estrelas do céu e como a areia que há na praia do mar. Todos eles morreram na fé, sem terem obtido a realização das promessas. Mas vendo-as e saudando-as de longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos sobre a terra. Aqueles que assim falam mostram claramente que procuram uma pátria. Se pensassem na pátria de onde tinham saído, teriam tempo de voltar para lá. Mas eles aspiravam a uma pátria melhor, que era a pátria celeste. E como Deus lhes tinha preparado uma cidade, não Se envergonha de Se chamar seu Deus. Pela fé, Abraão, submetido à prova, ofereceu o seu filho único Isaac, que era o depositário das promessas, como lhe tinha sido dito: «Por Isaac será assegurada a tua descendência». Ele considerava que Deus pode ressuscitar os mortos; por isso, numa espécie de prefiguração, ele recuperou o seu filho.
compreender a palavra
A carta aos Hebreus propõe a experiência e o testemunho da fé de homens que estão no princípio da história da salvação. De facto, Deus acompanha a história do povo de Israel, como seu povo, e fez deles o testemunho da verdadeira fé. Por isso o texto é um encadear de afirmações sobre a fé. Pela fé Abraão obedeceu; pela fé Abraão morou; pela fé Abraão foi submetido à prova; pela fé esperava a cidade de sólidos fundamentos; pela fé Abraão acreditou que Deus pode ressuscitar os mortos; pela fé Sara recebeu; Todos morreram na fé. A fé colocou Abraão e os seus descendentes no caminho da pátria celeste que não é feita pelas mãos dos homens, mas pelas mãos de Deus. Tudo isto porque “a fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se veem”.
meditar a palavra
A vida de cada um de nós pode estar preenchida pela certeza de que “a fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se veem”, ou vazia de esperança para lá das portas desta existência frágil e passageira nesta terra. Pela fé acedemos a certezas do coração e somos movidos e animados por elas. Sem a fé a existência torna-se uma espera sem sentido que gera angústia e desalento sobretudo diante do sofrimento ou da incerteza da vida. Abraão aparece na história da salvação como o modelo do homem que crê e espera na promessa de Deus e não se cansa de caminhar ao encontro daquele que pode dar a vida depois da morte.
rezar a palavra
Senhor, a fé é um dom que tu concedes a cada homem que se dispõe a recebê-lo. Sabes como é fácil para nós dizermos que acreditamos mas muito difícil acreditar contra toda a esperança, quando os sinais visíveis nos querem dizer o contrário daquilo em que acreditamos. Sabes também como é difícil para nós acreditarmos que nos podes ressuscitar após a morte que põe fim a esta vida. Abre o nosso coração como fizeste com Abraão, para que não se acabe a fé que é esperança em ti e nas tuas promessas.
compromisso
Vou refletir sobre a força a força que a fé tem na minha vida.
EVANGELHO Mc 4, 35-41
Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse aos seus discípulos: «Passemos à outra margem do lago». Eles deixaram a multidão e levaram Jesus consigo na barca em que estava sentado. Iam com Ele outras embarcações. Levantou-se então uma grande tormenta e as ondas eram tão altas que enchiam a barca de água. Jesus, à popa, dormia com a cabeça numa almofada. Eles acordaram-n’O e disseram: «Mestre, não Te importas que pereçamos?». Jesus levantou-Se, falou ao vento imperiosamente e disse ao mar: «Cala-te e está quieto». O vento cessou e fez-se grande bonança. Depois disse aos discípulos: «Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». Eles ficaram cheios de temor e diziam uns para os outros: «Quem é este homem, que até o vento e o mar Lhe obedecem?».
compreender a palavra
Jesus desafia os discípulos a deixar o local e seguir para a outra margem. A travessia do lago revelou-se mais difícil do que eles estavam à espera porque uma tempestade se levantou e ameaçava afundar a barca. Jesus, parece indiferente ao que se passa com os discípulos amedrontados com a tormenta. Decidem acordar Jesus, mas fazem-no em jeito de reclamação: “Mestre, não Te importas que pereçamos?”. Jesus, então, manda calar o vento e sossegar o mar e repreende os discípulos: “Porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?». O poder de Jesus interroga os discípulos sobre quem ele é de verdade.
meditar a palavra
O acontecimento narrado por Marcos é muito conhecido. Exige de nós muita atenção para não desvalorizarmos o que já conhecemos. Os discípulos vivem a hora feliz por ver Jesus rodeado pelas multidões que a ele acorrem. Jesus, porém, não se deixa cativar pelas multidões e segue para outro lado. Faz isto muitas vezes. Há outros à sua espera que necessitam de libertação. Dirigem-se de barco para o outro lado do lago. Deixar a multidão não é fácil e fazer o caminho da mudança também não. Daí a tempestade que às vezes acontece apenas dentro de nós quando nos é exigido mudar. Por vezes o medo é mais forte do que nós e resistimos à mudança. Perante as dificuldades reclamamos por nos sentirmos sós. Porque não vem alguém ajudar? Por que não vem Jesus dar uma mão? No fundo é a falta de fé que nos assiste nos momentos cruciais da vida. O desapego ao bem-estar e ao já conhecido, o desconhecimento do que nos espera do outro lado do lago e a tormenta põem em causa todas as estruturas também as da fé. Como é que ainda não temos fé?
rezar a palavra
Senhor, como é pequena a minha fé. Tudo está em jogo quando me decido seguir-te como teu discípulo, mas não me convenço de que a tormenta faz parte desse desafio. Mudar de lugar faz parte desse desafio. Experimentar a solidão nos momentos decisivos faz parte desse desafio. Reconhecer-te não apenas como aquele que tem poder sobre o mar e o vento faz parte desse desafio. Dá-me a coragem de ir contigo no barco mesmo que vás a dormir.
compromisso
Intensifico a minha confiança em Jesus.